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O futuro da alimentação personalizada

O futuro da alimentação personalizada
Samantha Macedo
abr. 14 - 7 min de leitura
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Já pensou em fazer uma dieta de acordo com as exigências da sua genética? É o que os avanços da ciência e tecnologia estão trazendo para a área da saúde: O futuro da alimentação personalizada.

Ouça a matéria na íntegra!

Desde o Projeto Genoma Humano, em 2003, uma pesquisa científica publicada pela Nature que contou com a participação de cientistas de 18 países, os conhecimentos a respeito da genética humana avançaram fortemente, inclusive aqueles aplicados à nutrição.  Descobriu-se que a genética pode tanto influenciar como ser influenciada pela alimentação. 

 

E, a partir da relação entre genética e alimentação, surge o conceito de alimentação personalizada, que consiste no emprego de alimentos ou na prescrição de dietas que estejam de acordo com as especificidades do código genético individual, ou seja, a partir da genética, sabe-se quais alimentos ou comportamentos são favoráveis àquele organismo.

 

Dados sobre alimentação personalizada

 

A alimentação personalizada é uma das tendências para o ramo alimentício em 2021, é o que indica o relatório da Innova Market Insights. A diretora de inovação da empresa, Lu Ann Williams, acredita que com os avanços tecnológicos e o desejo dos consumidores por produtos que se adequem aos seus estilos de vida, cresça o interesse por opções mais individualizadas em relação à alimentação. 

 

Além destes dados, os relatórios da CB Insights e da Gartner sobre tendências tecnológicas para o futuro também estão neste caminho! Foi visto que o biohacking, ou seja, o uso da tecnologia e biologia para melhorar a performance individual, estará entre os movimentos mais importantes para os próximos anos.

 

O tratamento de nutrição individualizado 

 

O tratamento individualizado nutricional já é trabalhado pelos nutricionistas desde o início da profissão, há mais de 80 anos. A Resolução do CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018, atribui ao nutricionista, como atividade obrigatória, elaborar planos alimentares com base no diagnóstico nutricional do indivíduo. 

 

O diagnóstico nutricional nada mais é que a avaliação do estado de saúde do paciente.  Ele é feito com base nos dados clínicos, bioquímicos, de avaliação corporal e estilo de vida relatados pelo indivíduo e/ou observados pelo profissional. 

 

Com os avanços da ciência e tecnologia, essa necessidade individualizada se aprimorou ainda mais. Hoje já temos testes, exames e dietas voltadas às necessidades metrificadas e com mais precisão.

 

Conceitos da alimentação personalizada

 

Dentro do conceito de alimentação personalizada, temos alguns termos genéticos cuja a aparente semelhança pode causar confusão, são eles: 

  • Nutrigenética: estuda como a genética de cada indivíduo influencia na capacidade de absorção e metabolização dos nutrientes, ou seja, como aquele alimento que ingerimos será respondido pelo organismo.

  • Nutrigenômica: partindo de uma perspectiva inversa e complementar à nutrigenética, estuda a capacidade dos nutrientes em modular a expressão dos genes, ou seja, como certos alimentos podem afetar positivamente (ou não) a nossa rota metabólica.

  • Epigenética: estuda as mudanças na atividade de um gene que não envolvem alteração no DNA, ou seja, como fatores ambientais, por exemplo a poluição, têm a capacidade de modular um gene, e afetar a nossa saúde.

 

Testes genéticos na nutrição personalizada

 

Os testes genéticos são exames que identificam, por meio das informações do DNA, como o corpo reage a determinados nutrientes. A coleta para realizar os testes genéticos pode ser feita com amostras de sangue ou de saliva.

 

Existem testes que avaliam o perfil nutrigenético do paciente, mostrando os genes relacionados ao risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como, dentre outras, problemas cardiovasculares, câncer e diabetes. Também avaliam a sensibilidade a determinados alimentos que possam causar intolerâncias e alergias.

 

Com o avanço desse mercado, hoje já existem várias empresas que realizam testes nutrigenéticos, como é o caso da americana  23 and me, e de brasileiras como a Dglab, a Genera e a Richet Medicina & Diagnóstico.

 

Mas além destes, há também testes do microbioma, que conseguem avaliar os microorganismos presentes no intestino, e, assim, traçar estratégias para prevenir problemas na microbiota.

 

A empresa brasileira Bioma4me faz o exame da microbiota por meio das fezes, trazendo informações de saúde e prescrevendo o probiótico ideal para aquela microbiota intestinal.

 

Suplementos personalizados: já são uma realidade?

 

Desde que a pandemia começou, a procura por vitaminas e suplementos cresceu, principalmente por aqueles produtos ligados à imunidade. Dados da Mintel em 2020 mostraram que 32% dos brasileiros passaram a consumir mais vitaminas e suplementos para esse fim. 

 

Neste sentido, a IQVIA, empresa de tecnologia da informação em saúde, também indicou um crescimento na demanda por suplementos. Em um relatório feito em 2020, a procura por vitaminas nos pontos de venda cresceu 58% em comparação a 2019. 

 

A respeito dos suplementos personalizados, eles já estão mais próximos do que a gente imagina. Segundo a Innova Market Insights, essa categoria tem estado mais à frente ,quando comparada à dos alimentos e bebidas embalados.

 

Cases de marcas de alimentos e suplementos personalizados

 

A empresa norte-americana Multiply Labs, composta por engenheiros de software e robótica, usa uma robusta inteligência artificial para produzir medicamentos personalizados.

Outra americana, a Nutrigene, também oferece suplementos personalizados a partir de uma avaliação metabólica feita online. Promete ser dez vezes mais efetiva.

E essa novidade chegou neste ano ao Brasil também. A startup Vitamine-se  é a pioneira na América Latina em suplementação personalizada. Por meio de um formulário online e com o uso de inteligência artificial, ela indica as vitaminas mais adequadas às suas necessidades. 

Interessante, não? A inteligência artificial certamente está avançando e é nossa aliada para auxiliar na saúde dos consumidores, mas é válido ressaltar que não substitui o trabalho de médicos e nutricionistas.

 

E o que será do Futuro?

 

Quem sabe qual será o futuro da alimentação? Se por um lado existe toda essa tecnologia envolvida com a alimentação, por outro há um movimento significativo que busca valorizar o  comer de forma intuitiva, sem contar calorias e de maneira natural, focando no consumo de alimentos e não no de nutrientes, voltando às origens… Sempre os paradoxos na alimentação, não?

 

De fato, nos próximos anos, talvez não tenhamos apenas uma visão a prevalecer isoladamente, mas sim uma convivência, harmônica, entre as abordagens 

E qual é a sua aposta para o futuro? Deixe-a nos comentários.


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Samantha Macedo

Sócia diretora da Equilibrium, empresa especializada em Inovação em alimentos e marketing., Equilibrium Latam

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