A foodtech anunciou o desenvolvimento da primeira tecnologia de fermentação proprietária da América Latina, uma novidade no mercado de proteínas alternativas

Prepare-se para ouvir falar sobre uma nova categoria de produtos na indústria de alimentos: a mush-based, um novo capítulo para a trajetória das proteínas alternativas. Gerar uma experiência de consumo ainda desconhecida no mercado é o tipo de impacto que a Typcal quer provocar ao criar um nicho onde as peças ainda são movimentadas com timidez.

A foodtech anunciou o desenvolvimento da primeira tecnologia de fermentação proprietária da América Latina. É daí que nasce a nova categoria de produtos. Isso porque a ação faz a empresa entrar no segmento de cortes inteiros com o primeiro peito de frango à base de micélio do Brasil.

A composição do produto está baseada em apenas três ingredientes: aromatizante natural, micélio e amido. O teor de gordura é baixíssimo, além de ser fonte de proteínas e fibras, segundo a empresa. São características que, até o momento, não existiam nos produtos plant-based e fazem do novo produto uma opção mais clean-label e saudável.

O que é micélio e quais as possibilidades que ele oferece?

“Micélio é a raiz dos fungos. A gente consegue crescer esse micélio dentro de biorreatores de forma que ele imite naturalmente dentro dele as fibras de uma proteína animal”, explica o CEO da Typcal, Paulo Ibri, em entrevista ao BHB Food. “Com essa tecnologia totalmente limpa, a gente consegue entrar no segmento de cortes inteiros, podendo replicar, por exemplo, um filé de frango e um bife de carne e não só produtos que são processados, como hambúrguer”.

Isso é possível graças à fermentação em ambiente controlado de alimentação, temperatura e umidade. Segundo a empresa, o produto assume a textura que se assemelha em 99% ao de um filé de frango de origem animal.

Outro aspecto ressaltado pelo executivo é a questão nutricional e o resultado viabilizado pelo desenvolvimento da nova tecnologia. “Quando a gente compara a tabela nutricional de proteínas alternativas provindas de micélio e provindas de outras fontes, e até com a proteína animal, a gente vê que o micélio é muito mais saudável nos quesitos de caloria, proteína, fonte de fibra, zero gordura”, afirma.

Desenvolvida com capital próprio, a nova tecnologia é fruto de mais de dois anos de pesquisa. A condução do trabalho conta com uma equipe multidisciplinar formada por biotecnólogos, biólogos e engenheiros de alimentos.

Projeção de crescimento para o mush-based

A Typcal projeta que, em cinco anos, os produtos à base de micélio (mush-based) custem o equivalente ou até 15% a menos do que um produto de origem animal. Dessa forma, espera consolidar a carne à base de proteínas alternativas como a opção mais barata, nutritiva e saudável para o consumidor.  

Com a nova frente de produto, a foodtech também espera quintuplicar seu faturamento até 2025 e avançar na disputa pela preferência do consumidor. “Para imitar a carne à base de vegetal, é necessário adicionar muitos ingredientes. À base de fungo, não, porque um fungo filamentoso já tem uma fibra que fica próxima da carne e ele tem um sabor extremamente peculiar, que a gente chama de umami, que só existe no reino dos fungos e no reino animal. Isso nenhuma planta tem”, explica Paulo

“Queremos fazer parte da alimentação do dia a dia do brasileiro e, para isso, precisamos oferecer um produto que garanta sabor, nutrição, saudabilidade, custo acessível e que deixe de ser processado, assim como as alternativas plant-based no mercado. Estamos muito confiantes nesse projeto e certos de que os produtos mush-based serão o começo de uma nova fase da alimentação à base de proteínas alternativas no Brasil”, completa o CEO.

Futuro da alimentação reforça demanda por proteínas alternativas

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), em 2030, haverá dois bilhões de pessoas a mais no planeta, resultando em uma demanda 60% maior por alimentos e na consequente dificuldade de acesso à proteína para todos, ao menos no atual modelo predominante.

Segundo pesquisa do GFI Brasil, quase um terço da população brasileira também já se define como flexitariana, ou seja, pessoas que escolheram reduzir o consumo de proteína animal ao longo da sua rotina. Tendo como principal motivador a saúde, esse grupo é hoje o principal público-alvo da indústria de alimentos à base de vegetais, cujo crescimento foi de 11% nos últimos cinco anos.

Onde a novidade será encontrada?

A expectativa é que o peito de frango à base de micélio esteja disponível para venda a partir de agosto. Neste primeiro momento, o item será encontrado apenas em restaurantes parceiros da marca em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

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Eduardo Sydney, CTO e Paulo Ibri, CEO da Typcal