Yamo, a foodtech que faz sorvetes à base de inhame
Inspirado na NotCo, Fábio e Paula fundaram, no ano passado, a Yamo. O nome vem do inglês (Yam) – e, por coincidência, é igual ao de uma foodtech alemã especializada em comidas para crianças.
O casal de empreendedores decidiu começar a produção plant-based pelo sorvete porque um comitê de nutricionistas ouvidos pela foodtech elegeu a combinação de leite, gordura e açúcar do sorvete como o grande “vilão” da saudabilidade.
Fábio e Paula procuraram então um especialista em sorvetes. Cairo Carvalho, que é dono da rede de sorveteria BonaFruta, entrou como sócio. O sorvete de inhame foi testado por um grupo de 250 famílias antes de chegar ao varejo. As vendas da Yamo começaram em maio deste ano, em alguns pontos de Belo Horizonte e São Paulo e também por meio de aplicativos de delivery como o iFood e o Rappi.
Hoje, a Yamo produz sorvetes à base de inhame nos sabores chocolate, paçoca, frutas vermelhas, açaí com banana, maracujá, coco e abacate. Todos os ingredientes vêm da própria fazenda da Yamo em Uberlândia, cidade de 800 mil habitantes no interior de Minas Gerais.
Para começar as operações, a Yamo recebeu um aporte Série A de R$ 4,5 milhões de investidores-anjo e family offices, liderado por Ricardo Rocha, CEO da Softbox | LuizaLabs, laboratório de tecnologia e inovação do Magazine Luiza.
Como surgiu a ideia da Yamo?
Fábio Neto foi executivo de varejo por 20 anos e passou a última década como diretor de marketing da brMalls, maior empresa de shopping centers da América Latina. Em busca de inovação para o setor, um dos mais afetados nos últimos pelos novos hábitos de consumo, agora acelerados pela pandemia, ele e a esposa Paula Máximo, executiva do mercado financeiro que liderou a área comercial de bancos como Banespa, Bank of Boston, Santander, Itaú e Safra, foram à região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, em 2019. Na Singularity University, empresa da Califórnia que oferece programas de educação executiva, aceleração de empresas e serviço de consultoria em inovação, o casal aprendeu sobre o futuro de diversos setores, entre eles o da alimentação. Como mentor da Endeavor e sócio da startup de fazendas urbanas BeGreen, Fábio já tinha tido contato com a área.
“A imersão no Vale nos mostrou que não haveria comida para todo mundo até 2050. Não há capacidade produtiva no mundo para isso. Existem duas grandes alternativas: produzir comida em laboratório ou comidas à base de plantas, ou seja, tirar o animal dessa cadeia”, conta ele em entrevista ao LABS. Paula Máximo, cofundadora da Yamo. De fato, enquanto a população global mais do que dobrou nos últimos 50 anos, a quantidade de carne produzida mais do que quadruplicou, para 335 milhões de toneladas, segundo dados de 2018 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO. A organização prevê que a demanda por carne alcance 455 milhões de toneladas até 2050.
Essa gigantesca criação de animais para consumo envolve recursos como água, terra e emissão de gases que intensificam o efeito estufa. Buscando resolver esses problemas, empresas como a Beyond Meats, Impossible Foods e Fazenda Futuro têm se destacado no mercado de carne à base de plantas. Já a chilena NotCo trabalha com laticínios, produzindo leite, sorvete e maionese, entre outros produtos, à base de plantas por meio do Giuseppe, um algoritmo capaz de replicar o padrão molecular dos alimentos de origem animal e recriá-los com base vegetal. Yamo quer patentear algoritmo capaz de criar alimentos à base de inhame.
“Eu sempre tive o viés de marketing. O Ricardo trouxe o viés de tecnologia e começou a nos provocar a criar uma inteligência artificial, que ainda está em desenvolvimento”, diz Fábio. Segundo ele, dois engenheiros de alimentos estão trabalhando no algoritmo, que deve ser batizado de Yana. “O grande diferencial nosso é que queremos transformar o inhame em uma matéria-prima patenteada”, diz.
Hoje, os produtos da Yamo são feitos com maquinários que descascam o inhame e extraem o leite vegetal da raíz do tubérculo. Mas o plano é que a inteligência artificial consiga fazer com que o inhame seja a matéria bruta para leite em pó e bebidas prontas também. “Inhame is the new tapioca. Quinze anos atrás, ninguém comia tapioca. Hoje é um dos produtos mais exportados do Brasil. O inhame é um superalimento que o brasileiro ainda não descobriu em massa e a gente quer explorar os benefícios nutricionais do inhame”.
Até o final do ano, a startup tem a meta de atingir R$ 2,5 milhões em vendas. Mas Fábio acredita que é possível chegar aos R$ 4 milhões. “Nosso time cresce exponencialmente em Belo Horizonte e São Paulo e no verão [deste ano] vamos para o Rio de Janeiro. Queremos conquistar as três grandes capitais do Sudeste até o fim do ano.”
Fonte: Labs News.