Os amantes de óleo de coco que me desculpem, mas o óleo de coco não é tudo isso!
Óleo de coco é rico em ácidos graxos saturados (AGSs), particularmente ácido láurico (48%) e ácido mirístico (19%). Nos últimos anos, a mídia vem comparando o óleo de coco aos TCM (triglicerídeos de cadeia média), afirmando que ele se comporta de forma atípica em comparação com outros alimentos ricos em gordura saturada e é benéfico para a saúde humana. Porém os triglicerídeos predominantes no óleo de coco são diferentes dos TCM em sua estrutura, absorção e metabolismo. Já começa pela estrutura química.
Os TCM são compostos predominantemente de ácidos graxos C8: 0 (caprílico) e C10: 0 (cáprico). O principal ácido graxo do óleo de coco é o ácido láurico (C12: 0) que pode ser classificado como um ácido graxo de cadeia média OU longa. Em termos de digestão e metabolismo, no entanto, ele se comporta mais como um ácido graxo de cadeia longa porque a maior parte (70% -75%) é absorvida COM quilomícrons. Em comparação, 95% dos ácidos graxos de cadeia média são absorvidos diretamente na veia porta.Além disso os TCM têm um número total de carbonos de C24: 0 a C30: 0. Apenas cerca de 4% dos triglicerídeos do óleo de coco têm esse comprimento (1).
O óleo de coco geralmente aumenta o colesterol total (CT) e o LDL-c em maior extensão do que os óleos vegetais insaturados, mas em menor grau do que a manteiga (2).
A nível experimental o óleo de coco associado à dieta rica em gordura induziu disfunções metabólicas, inflamação adiposa e acúmulo de lipídios hepáticos (3).
Uma meta análise de 2016 sugere que o óleo de coco, quando comparado com os óleos vegetais insaturados (não trans), aumenta o colesterol total, HDL-C e LDL-C , embora não tanto quanto a manteiga. Não observou nenhuma evidência convincente de que o consumo de óleo de coco, comparando com o consumo de óleos insaturados, melhorou o perfil lipídico ou reduziu o risco de DCV, Portanto, esta revisão não apóia as alegações populares de que o óleo de coco é um óleo saudável em termos de redução do risco de DCV(2).
Em outra novíssima meta análise, de 2020, observou-se que, comparado com as gorduras de origem animal como a manteiga, o óleo de coco demonstrou uma melhora de perfil lipídico, mas quando em comparação com os óleos vegetais, o óleo de coco aumentou significativamente o o LDL-c além de aumentar o HDL-c, ou seja, zerando o benefício. (1)
Portanto, as recomendações quanto ao consumo de óleo de coco não são apoiadas pelas evidências, principalmente quando combinado com padrão alimentar rico em gorduras saturadas, considerando os riscos associados à essa exposição crônica em relação a doença cardiovascular.
Monica Teng, Ying Jiao Zhao, Ai Leng Khoo, Tiong Cheng Yeo, Quek Wei Yong, Boon Peng Lim, Impact of coconut oil consumption on cardiovascular health: a systematic review and meta-analysis, Nutrition Reviews, Volume 78, Issue 3, March 2020, Pages 249–259.
Eyres L, Eyres MF, Chisholm A, Brown RC. Coconut oil consumption and cardiovascular risk factors in humans. Nutr Rev. 2016;74(4):267-280.
Ströher DJ, de Oliveira MF, Martinez-Oliveira P, et al. Virgin Coconut Oil Associated with High-Fat Diet Induces Metabolic Dysfunctions, Adipose Inflammation, and Hepatic Lipid Accumulation. J Med Food. 2020;23(7):689-698.