Desafios enormes à vista. Se tem um mercado com barreiras para a transformação digital é, de fato, o de alimentos! Primeiro porque até desenvolvermos o teletransporte, precisaremos de forma insubstituível ter fisicamente a comida ou ingrediente em nossos lares, como necessidade básica; depois porque a relação com os alimentos está tão ligada à experiência, que este foi um dos últimos setores a se estabelecer no e-commerce. É fato que isso só aconteceu de forma mais massiva agora, durante a pandemia.
Desde a escolha do tomate na sessão de hortifruti do supermercado, passando pela fila da padaria onde você faz questão de pedir para "Júlia", a atendente que você já conhece a tantos anos, seis pãezinhos, dos mais moreninhos que ela tem, até o seu café expresso tirado na hora no Fran's da esquina da Avenida Brigadeiro, quero dizer no seu lugar favorito, tudo envolve uma relação pessoal e sensorial que vai muito além de comprar comida e matar a fome!
Que a transformação digital na industria de alimentos e bebidas chegou, é um caminho sem volta. Porém, como essas mudanças afetam o mercado de alimentos e bebidas, e em que áreas elas se aplicam e como você da indústria de alimentos pode lidar com elas, não deixando seu negócio para trás?
Para começar a conhecer esse cenário é importante entender algumas características:
- O setor alimentício é um dos mais importantes economicamente no Brasil. Unindo toda a sua cadeia, movimenta mais de R$ 2 trilhões por ano;
- Além do aspecto monetário, o comportamento do consumidor com relação à alimentação também está em plena transformação. Cada vez mais as pessoas procuram alimentos saudáveis, naturais e empresas que demonstrem toda essa preocupação em seus processos produtivos, ao mesmo tempo e de forma paradoxal até, esse mesmo consumidor quer prazer na comida, conforto, “eu mereço” e busca por uma questão de aceitação corporal para não precisar se privar de certos tipos de alimentos
- Cresce a cada dia também entre nós, os consumidores, a discussão sobre desperdício de alimentos e sustentabilidade produtiva, footprint, enfim, questões que vão além do selo “eu reciclo”.
Como esses pontos acima impactam a transformação digital no setor de alimentos?
Leonardo do Mundo Verde, rede de venda de produtos orgânicos e naturais, disse que "a pandemia fez uma revolução e trouxe uma evolução no digital de cinco anos em três meses"
Mais do que a utilização da internet para compra de produtos, a transformação digital no setor tem a ver com TECNOLOGIA. O objetivo principal do seu uso é tornar os processos produtivos e de controle da cadeia mais eficientes, como trazer resultados para otimizar a produção, reduzir custos, evitar o desperdício de alimentos ou até aumentar a capacidade produtiva.
“A transformação é mais profunda que a mudança, quando você muda, você ainda é capaz de voltar ao estado original, quando você se transforma, não mais”
Disse Martha Gabriel, uma das principais pensadoras digitais no Brasil, em uma palestra para o mercado de alimentos, em janeiro deste ano.
Existem empresas que já nascem com esse DNA, as chamadas Startups foodtech. Elas já são mais de trezentas no Brasil, segundo a Liga Insights, que mapeia startups e organizações inovadoras.
Exemplos como :
Not CO, que usa inteligência artificial para desenvolvimento de produtos à base de plantas. Conversamos com o Luiz, CEO da cia. no Brasil, no BHBFOODCAST e vale a pena conferir na íntegra e entender como eles fazem isso.
IFood, que nasceu em um modelo de negócio 100% dependente da tecnologia
Fineless Food, que desenvolve “carne de peixe” em laboratório
Agora, mesmo se você faz parte de uma empresa digamos, um tanto quanto “tradicional” e está tentando remar mais rápido agora porque não dá para ficar para trás, veja cinco formas de aplicação da transformação digital no segmento de alimentos, bebidas e suplementos.
1) Origem e Rastreabilidade
O acompanhamento de um produto desde sua fase inicial (matéria-prima), passando pela linha fabril, distribuidores, entrega ao revendedor (como o supermercado), tem sido cada vez mais importante para garantia de qualidade, gestão de categorias, segurança, possibilidade de recall, se necessário, e mensuração da sustentabilidade do processo.
Para que isso seja possível, é preciso de muita tecnologia. Pode ser pelo uso de código de barras, por sensores e blockchain, que criam um número único de identificação e controle.
Esse processo garante eficiência e também reduz o desperdício de alimentos, pois falhas podem ser facilmente detectadas e sanadas.
Caso você não tenha implementado nada nesse sentido, saiba que isso leva seu negócio para outro patamar e acredito que muito em breve alguns passos tecnológicos se tornarão obrigatórios.
3) E-commerce
Segundo pesquisa da Qualibest, 15% dos consumidores que nunca haviam comprado alimentos online tiveram sua primeira experiência nesse sentido durante a pandemia, e a compra de itens alimentícios globalmente cresceu 180%.
É algo novo para o consumidor Como podemos fazer dessa compra também uma experiência, trazendo prestação de serviços e conteúdo de valor no digital? A transformação digital na industria de alimentos e bebidas pode começar por aqui.
Baseado nos interesses dessas pessoas, claro que o objetivo final é levá-las para o carrinho, mas se entendermos a jornada dela no site, os interesses, gatilhos de escolhas, poderemos gerar conteúdos, trazer opções, dar dicas de nutrição, de receitas e a compra vira a Disneylândia dos alimentos na tela do computador! Pensem nisso, "nós na Equilibrium já estamos desenvolvendo projetos para plataformas de E-commerce nesse sentido" diz Caroline Martinelle, gerente de novos negócios da agencia
4) Marketing Digital
Sendo on ou offline partimos de um mesmo lugar. Precisamos ter o ser humano no centro da conversa! É sobre ele e não sobre o seu produto. Partindo desse princípio, certamente você terá resultados mais positivos.
Entender sua persona, o contexto que ela vive, ter domínio sobre o produto e sobre a nutrição, no conceito mais amplo da palavra, são os pontos de partida.
Para isso, é essencial conhecer a jornada de compra do consumidor e realizar essas ações de interação na hora certa. A experiência com a marca e o posicionamento empresarial tem cada vez um peso maior na decisão de compra.
Depois disso, compra de mídia de uma forma eficaz e parcerias com influenciadores são fundamentais em um universo altamente nichado, Você precisa ser cirúrgico!!
5) Dados são o novo petróleo
Mais importante que os dados são a sua análise e interpretação. Se sua empresa não é estritamente guiada por eles, você muito provavelmente está na direção errada.
“Pare de achismo, tenha humildade de olhar para os dados” é o conselho de Alexandre Canatella, CEO do Cyber Cook,
plataforma de receitas comprada em 2018 pelo Carrefour. Se você quer saber como BIG DATA pode ajudar seu negócio, estude o case deles.
Hoje eles ligaram até o E-commerce ao Cyber cook. Por meio dele trabalham também questões relacionadas à saudabilidade e ao incentivo ao ato de cozinhar, sustentabilidade que vai desde o não desperdício de alimentos, até os custos de cada prato.
Interpretar as necessidades dos consumidores por meio dos dados não deixa você frio, calculista e sem a emoção do seu “feeling”; pelo contrário, seu negócio será cada vez mais eficiente. Profissionais que trabalham com BIG DATA e dados estão sendo cada vez mais valorizados no mercado.
Bom, agora é analisar o cenário, conhecer as diferentes tecnologias disponíveis e considerar o que vale a pena implementar no seu negócio.
importante é saber olhar tudo, filtrar o que é bom, escolher suas batalhas e saber que não vamos dominar tudo no digital. Seu core bussiness continua sendo a produção e venda de produtos alimentícios, então, una-se a quem sabe, crie uma rede de parceiros e fornecedores que podem apoiá-lo nessa transformação