8 tendências que os eventos apontam para a indústria de alimentos e suplementos
Encontros realizados no 1º semestre de 2023, como SXSW, Expo West, Web Summit Rio e Apas Show, dão o tom dos próximos passos que o mercado indica ao segmento
Uma série de eventos realizados no primeiro semestre de 2023 colocou temas como tecnologia, inovação e negócios no centro de mesas de discussão no Brasil e no mundo. Capaz de transitar por todos eles, a indústria de alimentos e suplementos também se aproveitou destas oportunidades, tanto para aprender como para compartilhar conhecimento.
Cada reunião entre players do setor tem demonstrado que os rumos ditados são cada vez mais a curto prazo e se atualizam rapidamente, sem grandes projeções para um futuro que ainda não seja palpável. Veja as 8 principais tendências conectadas ao segmento mencionadas nestes encontros e que já têm experiências em curso.
1. Preocupação com o planeta
“Qual o impacto que a cadeia agroalimentar apresenta nas emissões de gases do efeito estufa?”. Esta foi só uma entre várias perguntas do gênero ouvidas pela executiva de inovação na Accenture, Juliana Glezer, durante a última edição do South by Southwest (SXSW). O evento norte-americano realizado em Austin, no Texas, teve uma trilha dedicada à alimentação com mais de 20 palestras.
Soluções criativas têm sido trabalhadas mundo afora, desde a mudança da alimentação do gado (com o uso de algas, por exemplo) até a produção de carne in vitro. “O que chamou atenção foi a quantidade de empresas que já estão olhando para isso. Só no evento, entre palestrantes e expositores, foram pelo menos sete empresas olhando para a fabricação in vitro de carne. Algumas delas se especializam num nível super sofisticado, como uma empresa da França que faz foie gras in vitro”, lembraJuliana.
A barreira para essa tendência ainda é regulatória. São poucos os lugares onde já é permitido esse tipo de consumo, mas existem grandes startups e investidores construindo fábricas à espera da parte burocrática ser superada. “Para o Brasil há uma grande oportunidade nesse sentido”, completa a executiva.
2. Nova onda do plant-based
Uma tendência que dialoga diretamente com a primeira e foi lembrada em mais de um evento. No Web Summit Rio, o maior evento de tecnologia do mundo, realizado no Rio de Janeiro, o cofundador da Fazenda Futuro, Marcos Leta, apontou para o que chamou de “terceira onda” do plant-based, “que é a de valorizar na prateleira do supermercado a carne mais saudável que você vai encontrar”.
Isso passa por uma mudança de hábito do consumidor e pelas razões que fazem com que ele volte o olhar para essa opção. “Quando a gente olha todos os dados, a cesta de consumo dos supermercados, quem compra nosso produto são as pessoas que, de alguma forma, se alimentam de forma saudável e que estão diminuindo o consumo de carne durante a semana”, compartilha Marcos.
No SXSW, Juliana Glezer viu que a alimentação plant-based teve papel importante de levantar a consciência do consumidor de que é possível ingerir produtos de origem vegetal para substituir produtos de origem animal. A geração em curso vem para “fechar” a conta. “Vão ser produtos saborosos, nutritivos, acessíveis e que não poluem o meio ambiente”, destaca.
3. Cogumelos como fonte de proteína
A corrida para identificação e desenvolvimento de novas fontes de proteína em alternativa aos produtos de origem animal aponta para o cogumelo como principal aposta. “É algo muito interessante para o mercado brasileiro. Já vemos muitos produtos à base de cogumelo, mas não vemos muito o micélio sendo utilizado”, afirma Juliana Glezer, novamente com base na experiência do SXSW. O micélio, mencionado por ela, é como se fosse a raiz do cogumelo. Além dessa finalidade, ele também tem sido explorado para fins medicinais, como o do tipo juba de leão.
4. Snacks “menos é mais”
Também nos Estados Unidos, o fundador da Unité Pharma, Felipe Prodocimo, observou como os snacks têm lugar de destaque neste momento, principalmente em linhas de produtos naturais. Ele esteve na Expo West, em Anaheim, na Califórnia. “Cada vez mais a gente quer trocar o lanche da tarde, a comidinha antes do treino, por alguma coisa saudável”, comenta o executivo.
A tendência sugere snacks com a máxima de que “menos é mais” na elaboração: com poucos ingredientes, que possam ser identificados também na cozinha do consumidor. “Os snacks vão procurar ser mais ‘puros’, com uma pegada cada vez menos industrializada”.
5. O que o produto não tem importa mais do que o que ele tem
“Para as marcas, tão interessante quanto dizer o que o produto tem é mostrar o que ele não tem, para que ele possa ser considerado saudável”, destaca Felipe Prodocimo com base no Expo West. Isso fala diretamente à indústria de alimentos, mas não somente sobre o alimento como também a respeito da embalagem.
“O consumidor quer saber de onde está vindo o que ele consome e as marcas hoje fazem questão de estampar isso, como também o que não tem no produto, como ‘livre de açúcar, glúten, carboidrato, sódio’, por exemplo”, complementa. Nesse sentido, até mesmo a tipologia e os materiais aproveitados nas embalagens, preferencialmente sustentáveis, entram em jogo.
6. Investimento em sustentabilidade
Mais do que manter uma alimentação saudável e balanceada, o consumidor final está mais atento às marcas e dando preferência para aquelas que investem em sustentabilidade. Isso é o que mostra uma pesquisa encomendada pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) e divulgada durante a 37ª edição da Apas Show, em São Paulo.
Segundo o levantamento, 95% dos brasileiros dão prioridade para produtos e serviços de empresas que investem em práticas sustentáveis e 64% já deixaram de consumir uma marca ou frequentar um estabelecimento ao saber que a empresa ou seus funcionários não tiveram um comportamento ético.
A mudança no comportamento do público tem impulsionado inúmeras marcas, que buscam se posicionar para serem reconhecidas com o diferencial de atuarem por meio de boas práticas.
7. Suplementos nos supermercados
A Apas Show também foi o palco escolhido para apresentação de estudo que mostra que a qualidade nutricional dos pratos é uma das preocupações cada vez mais presentes na mesa dos brasileiros. A pesquisa revela que 53% da população procura manter uma alimentação saudável em boa parte das refeições e 15% optam por alimentos naturais, orgânicos e pouco industrializados. A estimativa representa um crescimento de 6% em relação ao registrado em 2022.
Com o mercado aquecido, Marcos Oliva, que participou da feira e atua como diretor comercial do grupo Supley, diz que a tendência nos próximos anos é aumentar ainda mais a demanda por produtos saudáveis e suplementos.
“Hoje os suplementos são como era a linha de naturais 15 anos atrás nos supermercados, quando tinha uma prateleira, no máximo, com esses produtos. Mas hoje a gente vê corredores enormes da categoria para o consumidor final. Acredito que é isso que vai acontecer com os suplementos. Em 10 anos, ou até em tempo menor, suplemento vai ser tornar o que naturais é hoje”, argumenta.
8. Abertura para bebidas saudáveis
O consumo de água deixou de ter apenas como principais objetivos manter a hidratação e regular a temperatura corporal. Com o avanço da tecnologia e com a expertise da indústria, já é possível encontrar no mercado itens potencializam os benefícios de quem busca manter uma alimentação mais saudável, como uma água alcalina, isotônica e rica em minerais.
O case da OH A ÁGUA foi apresentado na Apas Show. A empresa desenvolveu e patenteou um sistema que purifica, alcaliniza, saliniza e ozoniza água alcalina isotônica em uma embalagem ecologicamente correta. A marca Leão também esteve no evento, onde aproveitou para fazer o lançamento da Linha Fases, que traz infusões de ervas, frutas e especiarias, adicionadas de vitaminas e minerais. Os produtos buscam auxiliar a rotina de autocuidado feminino em diferentes fases da vida.
No ano passado, o segmento dos chás e bebidas por infusão no Brasil alcançou seu primeiro bilhão de reais em vendas, de acordo com a Nielsen, líder mundial em medição, dados e análises de audiência.