Como a BIOINFORMÁTICA pode ser aliada da indústria de alimentos?
Com a necessidade de estar sempre em busca de novos ingredientes, atendendo a demanda dos consumidores, é quase impossível não utilizar a tecnologia a seu favor, e a bioinformática pode ser aliada da indústria de alimentos nesse processo. Se você não conhece a bioinformática, é bom ficar atento, pois, segundo o relatório da Lux Research de 2021, ela é uma das tecnologias trends para os próximos anos.
Bioinformática: o que é?
A bioinformática é uma ciência nova e está em crescente expansão. Ela é um campo interdisciplinar, que utiliza soluções da tecnologia da informação para lidar e armazenar dados biológicos. Assim sendo, ela agrega algoritmos matemáticos e estatísticos e eficiência computacional com dados biológicos, facilitando a análise e procura desses dados pelos cientistas e pessoas que trabalham com P&D.
Por que a bioinformática surgiu?
Nos últimos anos, com maiores descobertas na área da biologia, o volume de dados biológicos ficou muito grande. E estes dados, para que possam se tornar informações, precisam da ajuda de máquinas de análise computacional. Com o crescimento desses dados, também houve uma maior necessidade por ferramentas de gerenciamento deles. Assim sendo, a bioinformática surge para auxiliar no desenvolvimento de ferramentas mais úteis e amigáveis. A aplicação de bioinformática é bem vasta, podendo ir desde medicina molecular, biotecnologia, terapia de genes, aplicações farmacêuticas, até melhoria da qualidade nutricional e segurança de alimentos, que é o enfoque de hoje!
Bioinformática e indústria de alimentos
A indústria de alimentos pode utilizar a bioinformática em dois principais pontos:
1. Controle de qualidade
Sua tecnologia permite ser possível prever e avaliar os efeitos desejáveis e indesejáveis dos microrganismos nos alimentos, auxiliando, assim, na segurança dos produtos. Mas, para além da segurança dos alimentos, a bioinformática pode ajudar principalmente no desenvolvimento de produtos!
2. Descoberta de ingredientes e desenvolvimento de novos produtos
Como vimos, a bioinformática pode oferecer oportunidades para empresas de alimentos e bebidas que buscam acelerar a descoberta de ingredientes. Com a ajuda dessa tecnologia, as empresas conseguem entender melhor as conexões entre os compostos bioativos dos ingredientes e seus impactos na saúde humana. A startup americana de biotecnologia Brightseed, por exemplo, usa a plataforma de inteligência artificial Forager® para analisar milhões de compostos bioativos e mapear suas aplicações potenciais. A realidade é que existem muitas informações sobre os alimentos, e, com a ajuda da inteligência artificial, é possível organizar melhor essas informações, fazer as conexões adequadas, e, assim, descobrir novos ingredientes de forma otimizada.
Aqui no Brasil, recentemente chegou ao país a primeira startup que utiliza a inteligência artificial para recomendação de suplementos personalizados. Através da colaboração de médicos e nutricionistas, a startup Vitamine-se funciona a partir de um formulário de 20 perguntas que questionam as prioridades e necessidades do cliente. Assim sendo, por meio da inteligência artificial e com base nas respostas, o sistema indica qual é a vitamina mais adequada.
Informática de ingredientes
As empresas que buscam acelerar e otimizar o desenvolvimento de novos produtos podem encontrar na informática de ingredientes a solução.
“É a próxima etapa, em que talvez você se preocupe menos com os ingredientes ativos e mais em encontrar ingredientes, sabendo onde eles estão e quais são suas propriedades e, em seguida, vinculá-los ao resultado que deseja”.
Joshua Haslun, PhD, analista sênior da Lux Research.
Um exemplo poderia ser a formulação de produtos plant-based. Para que seja possível fazer um hambúrguer plant-based similar ao convencional, é preciso analisar a textura, sabor, cor e também a qualidade nutricional, e a bioinformática pode auxiliar para que o produto tenha a melhor performance. Permitindo, assim, que as empresas consigam acertar com mais rapidez, tomando melhores decisões e sendo mais ágeis. A NOT CO, startup Chilena já faz um pouco disso, e tem um banco de dados gigante sobre alimentos e suas combinações.
O mercado de proteínas alternativas e a bioinformática
Os produtos plant-based, cada vez mais, vem alcançando um custo reduzido, chegando próximo ao valor de produtos de origem animal, mas ainda existem muitos pontos a serem melhorados, como o sabor, a textura e a cor desses alimentos. Assim sendo, a bioinformática pode ser uma aliada para mostrar quais combinações de ingredientes fornecem textura, cor e sabor desejáveis.
Neste caminho, em palestra para o evento BHB Food em 2020, Tiago Coroa, gerente da empresa ADM, discorreu a respeito do olhar holístico para fabricação de produtos plant based de qualidade, ressaltando a importância de tecnologias de ponta. “Tudo é uma possibilidade para olharmos o produto como um todo, fazer o desenvolvimento olhando não o ingrediente, mas entendendo a combinação entre eles. Mais do que isso, entendendo como ajustar essa combinação de ingredientes ao processo e tecnologias novas que são necessárias ser desenhadas para que se tenha a melhor performance de todo esse sistema.”
O Futuro e a bioinformática Embora seja uma tecnologia nova, ela está em constante expansão. No mundo em que vivemos hoje, as ferramentas digitais são peças importantes para acompanhar as mudanças no modo de produzir e consumir. Parece que a bioinformática pode ser uma grande aliada não só da indústria de alimentos, mas também em muitas pesquisas sobre variados temas envolvendo a biologia.
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