O futuro da alimentação personalizada
Já pensou em fazer uma dieta de acordo com as exigências da sua genética? É o que os avanços da ciência e tecnologia estão trazendo para a área da saúde: O futuro da alimentação personalizada.
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Desde o Projeto Genoma Humano, em 2003, uma pesquisa científica publicada pela Nature que contou com a participação de cientistas de 18 países, os conhecimentos a respeito da genética humana avançaram fortemente, inclusive aqueles aplicados à nutrição.
Descobriu-se que a genética pode tanto influenciar como ser influenciada pela alimentação. E, a partir da relação entre genética e alimentação, surge o conceito de alimentação personalizada, que consiste no emprego de alimentos ou na prescrição de dietas que estejam de acordo com as especificidades do código genético individual, ou seja, a partir da genética, sabe-se quais alimentos ou comportamentos são favoráveis àquele organismo.
Dados sobre alimentação personalizada
A alimentação personalizada é uma das tendências para o ramo alimentício em 2021, é o que indica o relatório da Innova Market Insights. A diretora de inovação da empresa, Lu Ann Williams, acredita que com os avanços tecnológicos e o desejo dos consumidores por produtos que se adequem aos seus estilos de vida, cresça o interesse por opções mais individualizadas em relação à alimentação. Além destes dados, os relatórios da CB Insights e da Gartner sobre tendências tecnológicas para o futuro também estão neste caminho! Foi visto que o biohacking, ou seja, o uso da tecnologia e biologia para melhorar a performance individual, estará entre os movimentos mais importantes para os próximos anos.
O tratamento de nutrição individualizado
O tratamento individualizado nutricional já é trabalhado pelos nutricionistas desde o início da profissão, há mais de 80 anos. A Resolução do CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018, atribui ao nutricionista, como atividade obrigatória, elaborar planos alimentares com base no diagnóstico nutricional do indivíduo.
O diagnóstico nutricional nada mais é que a avaliação do estado de saúde do paciente. Ele é feito com base nos dados clínicos, bioquímicos, de avaliação corporal e estilo de vida relatados pelo indivíduo e/ou observados pelo profissional.
Com os avanços da ciência e tecnologia, essa necessidade individualizada se aprimorou ainda mais. Hoje já temos testes, exames e dietas voltadas às necessidades metrificadas e com mais precisão.
Conceitos da alimentação personalizada
Dentro do conceito de alimentação personalizada, temos alguns termos genéticos cuja a aparente semelhança pode causar confusão, são eles:
– Nutrigenética: estuda como a genética de cada indivíduo influencia na capacidade de absorção e metabolização dos nutrientes, ou seja, como aquele alimento que ingerimos será respondido pelo organismo.
– Nutrigenômica: partindo de uma perspectiva inversa e complementar à nutrigenética, estuda a capacidade dos nutrientes em modular a expressão dos genes, ou seja, como certos alimentos podem afetar positivamente (ou não) a nossa rota metabólica.
– Epigenética: estuda as mudanças na atividade de um gene que não envolvem alteração no DNA, ou seja, como fatores ambientais, por exemplo a poluição, têm a capacidade de modular um gene, e afetar a nossa saúde.
Testes genéticos na nutrição personalizada
Os testes genéticos são exames que identificam, por meio das informações do DNA, como o corpo reage a determinados nutrientes. A coleta para realizar os testes genéticos pode ser feita com amostras de sangue ou de saliva. Existem testes que avaliam o perfil nutrigenético do paciente, mostrando os genes relacionados ao risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como, dentre outras, problemas cardiovasculares, câncer e diabetes. Também avaliam a sensibilidade a determinados alimentos que possam causar intolerâncias e alergias. Com o avanço desse mercado, hoje já existem várias empresas que realizam testes nutrigenéticos, como é o caso da americana 23 and me, e de brasileiras como a Dglab, a Genera e a Richet Medicina & Diagnóstico. Mas, além destes, há também testes do microbioma, que conseguem avaliar os microorganismos presentes no intestino, e, assim, traçar estratégias para prevenir problemas na microbiota. A empresa brasileira Bioma4me faz o exame da microbiota por meio das fezes, trazendo informações de saúde e prescrevendo o probiótico ideal para aquela microbiota intestinal.
Suplementos personalizados: já são uma realidade?
Desde que a pandemia começou, a procura por vitaminas e suplementos cresceu, principalmente por aqueles produtos ligados à imunidade. Dados da Mintel em 2020 mostraram que 32% dos brasileiros passaram a consumir mais vitaminas e suplementos para esse fim. Neste sentido, a IQVIA, empresa de tecnologia da informação em saúde, também indicou um crescimento na demanda por suplementos. Em um relatório feito em 2020, a procura por vitaminas nos pontos de venda cresceu 58% em comparação a 2019.
A respeito dos suplementos personalizados, eles já estão mais próximos do que a gente imagina. Segundo a Innova Market Insights, essa categoria tem estado mais à frente, quando comparada à dos alimentos e bebidas embalados.
Cases de marcas de alimentos e suplementos personalizados
A empresa norte-americana Multiply Labs, composta por engenheiros de software e robótica, usa uma robusta inteligência artificial para produzir medicamentos personalizados.
Outra americana, a Nutrigene, também oferece suplementos personalizados a partir de uma avaliação metabólica feita online. Promete ser dez vezes mais efetiva.
E essa novidade chegou neste ano ao Brasil também. A startup Vitamine-se é a pioneira na América Latina em suplementação personalizada. Por meio de um formulário online e com o uso de inteligência artificial, ela indica as vitaminas mais adequadas às suas necessidades. Interessante, não? A inteligência artificial certamente está avançando e é nossa aliada para auxiliar na saúde dos consumidores, mas é válido ressaltar que não substitui o trabalho de médicos e nutricionistas.
E o que será do Futuro? Quem sabe qual será o futuro da alimentação? Se por um lado existe toda essa tecnologia envolvida com a alimentação, por outro há um movimento significativo que busca valorizar o comer de forma intuitiva, sem contar calorias e de maneira natural, focando no consumo de alimentos e não no de nutrientes, voltando às origens…
Sempre os paradoxos na alimentação, não? De fato, nos próximos anos, talvez não tenhamos apenas uma visão a prevalecer isoladamente, mas sim uma convivência, harmônica, entre as abordagens.
E qual é a sua aposta para o futuro? Deixe-a nos comentários.
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