O futuro das embalagens dissolvíveis
Por Margot Doi Takeda Fundadora, CEO e diretora criativa da A10 DesignVocê, com certeza, deve ter ouvido falar nas embalagens que se desfazem e se decompõem com o uso. Um exemplo é a premiada embalagem de shampoo idealizada em 2019 por Mi Zhou, estudante de pós-graduação da Central Saint Martins, que abriu precedentes para aplicação do conceito também em outras áreas, como a de alimentos.
O excedente de resíduos e o uso das embalagens seguem sendo massivamente discutidos. Diante disso, questionamentos acerca do futuro da embalagem e como inovações podem ser inseridas nesta área afligem a população e os designers. Eu sou uma delas. Sei da importância e, ao mesmo tempo, da necessidade e urgência em adotarmos soluções sustentáveis no design de embalagem.
Será que as embalagens que se desfazem serão as embalagens do futuro? Será o próprio alimento a resposta para essa inovação? Ou será a natureza, com seus ensinamentos por meio do biomimetismo a responsável por essa mudança? A partir desses questionamentos, que permeiam minha trajetória de designer, fui em busca de inovações que, acredito, serão determinantes para a redução de embalagens não sustentáveis e em soluções para o futuro.
Com a pandemia vimos ainda mais a necessidade de salvar o planeta, usando embalagens apropriadas e evitando o desperdício. O surgimento de empresas que inovam em opções de embalagens sustentáveis, como a Notpla e PaperFoam, entre outras, sinaliza que o setor já está preparado para atender às necessidades do planeta.
No setor de alimentação, aposto que em breve as marcas irão adquirir embalagens comestíveis, que são feitas a partir de gel de alginato de sódio. Um exemplo são os glóbulos biodegradáveis criados pelo Skipping Rocks Lab, que desenvolvem embalagens naturais e biodegradáveis para líquidos feitas à base de extrato de algas marinhas. Aqui vale ressaltar que marcas da alimentação podem ressignificar a experiência de uso e de consumo dos produtos. Duas categorias que, creio, irão se beneficiar muito serão a de molhos e sucos e a de bebidas.
Veja mais sobre essa tendência de embalagens em cápsulas dissolvíveis em: https://youtu.be/fQHC9FrDUuI
É importante dizer que as marcas que liderarem a inserção dessa inovação irão também fortalecer seu equity e força de marca. Isso porque marcas que lideram movimentos importantes como o da sustentabilidade são mais lembradas e valorizadas, conforme indicam as pesquisas de 2021 da McKinsey. Caso o tema lhe interesse, recomendo que você ouça o episódio “O planeta é nosso” do podcast da A10 Design, o Redesign.”.
Um outro exemplo de categoria é a de medicamentos, com o case Effusio. A marca valeu-se da tecnologia de impressão flexográfica para criar discos de dissolução bidimensionais que infundem qualquer bebida com benefícios funcionais.
Os discos ecológicos são feitos com ingredientes de origem natural e sem aditivos e alergênicos, além de eliminarem as embalagens de plástico. É interessante também dizer que, em paralelo, a indústria do plástico está a cada dia se reinventando. Exemplos dessa reinvenção são as empresas: LAM’ON e a JRF, que produzem filme de água solúvel a partir de polímeros solúveis, alternativa para substituir os plásticos filmes tão usados no dia a dia.
Filme de água solúvel:
Outro exemplo é a empresa de embalagem SmartSolve, que se dedica a oferecer soluções de materiais de papel solúvel em água que não agridem o meio ambiente, produzidos em várias espessuras, revestimentos e configurações. A empresa produz desde etiquetas e cartões até filmes hidrográficos e fitas.
Papel solúvel em água SmartSolve: dissolve-se completamente em 30 segundos, ou menos!
Plant based nas embalagens:
O boom do plant based na alimentação está chegando também nas embalagens. A empresa Oceanium ilustra isso. Como alimentos à base de plantas estão sendo muito procurados por razões ambientais e humanitárias, as empresas buscam ingredientes alimentícios totalmente naturais, de alta qualidade e ecologicamente corretos, com procedência rastreável. Para atender à essa demanda, a Oceanium está desenvolvendo uma variedade de ingredientes e suplementos nutricionais solúveis em água, incluindo fibras e proteínas funcionais.
Por isso, arrisco dizer que haverá também o acréscimo de valor nutricional no próprio alimento ou medicamento a partir da embalagem, quando a mesma ganhará uma nova função: a de agregar valor nutricional enquanto se dissolve. O que parecia ser um futuro distante, já está logo ali.
Margot Doi Takeda
Margot Doi Takeda é a sócia fundadora e diretora criativa da A10 Design Agency, e membra da GLBA (Global Local Branding Alliance), uma consultoria de estratégia de marca, design e inovação há mais de 26 anos. Formada em design pela Universidade Mackenzie, especializou-se em design no Japão e em UX Strategy e Brand Design, Strategy & Technology na Miami Ad School – São Paulo. Premiada com projetos criados na DPZ e na A10, foi jurada e presidente de júri de design no LIA Awards (London International Festival), no Cannes Lions Awards e também em vários outros festivais no Brasil e no exterior. Palestrante e professora na pós-graduação de embalagem e inovação do Instituto Mauá, já foi coordenadora/professora do curso de design da Miami Ad School – ESPM. Associada da Abre (Associação Brasileira de Embalagem), Abedesign (Associação Brasileira de Empresas de Design) e do NEB (Nikkey Empreendedores do Brasil). Acredita no poder do design para transformar vidas, marcas, sociedade e mundo.
Referências:
Site da A10 Design: www.a10.com.br
Para ouvir o Redesign, o podcast da A10: https://open.spotify.com/episode/03py9fPon00qDpjYKQaMZY?si=Ihnr5pV2Q4eNHE3nyB8D_Q&dl_branch=1&nd=1LinkedIn https://www.linkedin.com/in/margarete-doi-takeda
Fonte: Ooho
Fonte: Effusio/Cortesia
Fonte: SmartSolve/Site oficial