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TENDÊNCIAS

O mercado de pré e probióticos

A aposta na saúde do intestino pode fazer com que as marcas impulsionem o ganho e a consciência do consumidor.

O mercado de saúde digestiva mostra grande possibilidade de crescimento, porém, no Brasil, a consciência dos consumidores sobre a importância dos alimentos e suplementos com bioativos funcionais ainda tem muito a se desenvolver, o que abre caminho para o investimento das marcas neste segmento. Em estudo recente realizado pelo INC (International Nut & Dried Fruit), os alimentos que auxiliam na saúde digestiva encabeçam um mercado que tem a estimativa de crescer 32% até 2024. Além disso, também aparece a tendência de crescimento ligado ao suporte imunológico, diretamente ligado ao advento da COVID-19. Por outro lado, em alguns países, estes produtos já ocupam posições mais avançadas. Estima-se que na América do Norte mais de um terço dos produtos à base de vitaminas e minerais se voltarão para o cuidado com a imunidade. Já na Ásia-Pacífico cerca de metade dos produtos lançados no ano passado promoveram uma reivindicação ao suporte do sistema imune, segundo a pesquisa realizada pelo INC.

SAUDE INTESTINAL AGORA EM OUTRO PATAMAR

Neste cenário relatado anteriormente, o microbioma intestinal ganha uma importância ainda maior e surge como um apelo ao alcance do bem-estar e, de acordo com pesquisa feita pela ADM, líder global em nutrição e parceira das principais marcas de consumo do mundo, cerca de 25% dos consumidores globais apresentam algum problema relacionado à saúde do intestino. Com isso, a pesquisa coloca a microbiota intestinal como uma das tendências do mercado de saúde no ano de 2021. Segundo o estudo, a pandemia fez com que o consumidor se interessasse mais por uma abordagem holística da saúde, da qual o cuidado com a saúde do intestino faz parte. O estudo apontou que os produtos voltados para a restauração da microbiota apresentaram:

– Impacto sobre o controle de peso;

– Suporte à imunidade;

–  Melhora do estado emocional.

Estes resultados se mostram como uma possibilidade para a inovação em alimentos e bebidas funcionais, como os probióticos, prebióticos e simbióticos que atuam diretamente na recuperação da saúde intestinal.

O MERCADO DE ALIMENTOS PRÉ E PROBIÓTICOS

Desde 2016, vemos um crescimento de mais de 30% nas vendas de bebidas probióticas refrigeradas e sucos, incluindo os iogurtes, sucos HPP, leite de amêndoas, chá de ervas e até cafés ao redor do mundo. De acordo com o American Dairy Products Institute, em 2014, a demanda por iogurtes à base de probióticos foi de US $ 2,404 bilhões; em 2019, o valor para os iogurtes probióticos na América do Norte atingiu o patamar de US $ 4,600 bilhões. Tais números reforçam a conscientização dos consumidores sobre a importância dos probióticos na manutenção de um sistema imunológico forte e no cuidado com a saúde do intestino, o que leva ao crescimento sustentado dos produtos à base de probióticos no mercado.

Para atrair consumidores em potencial, o mercado de prebióticos e probióticos considera a conscientização do consumidor como um ponto chave. Tal consciência, que impulsiona a demanda geral deste mercado nas economias desenvolvidas, ainda tem muito espaço para crescer no Brasil, o que se torna uma chance de inovação para o investimento das marcas neste nicho. O mercado de probióticos e prebióticos tem uma estimativa de crescimento a uma taxa anual composta (CAGR) de 6,5 % entre 2018 e 2023, aponta a 360 Research Reports, reiterando que o crescimento sólido deste mercado tem como base o aumento da conscientização dos consumidores em relação aos benefícios promovidos à saúde. A América Latina é a região com maior consumo de produtos com probióticos no mundo e o Brasil representa 52% do mercado latino-americano segundo pesquisa feita pela Ganeden, empresa que desenvolve produtos probióticos.

DEFINIÇÃO DE PRÉ E PROBIÓTICOS

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO – Food and Agriculture Organization), os prebióticos são ingredientes ou compostos bioativos encontrados dentro dos alimentos capazes de servirem como substratos para as bactérias benéficas que habitam a microbiota intestinal. Já os probióticos são as bactérias benéficas encontradas em alimentos que, quando administradas em quantidades recomendadas e fazendo parte de uma dieta saudável e balanceada, são capazes de proporcionar benefícios oriundos da manutenção do equilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas que colonizam o intestino. Por fim, os simbióticos unem os prebióticos e os probióticos no mesmo produto.

As marcas apostam na inovação e batem na tecla da oferta de bebidas funcionais com benefícios adicionais à saúde. Um dos principais players há anos neste mercado, a Yakult, fez investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos probióticos inovadores, como o iogurte probiótico disponível nas versões desnatado, sem gordura e grego. As empresas que lideram este mercado tentam atrair potenciais consumidores baseados na preferência do cliente. O avanço da tecnologia permitiu a adição de bactérias benéficas específicas a variados tipos de bebidas e alimentos, como cereais e produtos de confeitaria. A tecnologia avançada permitiu que os probióticos fossem incluídos em suplementos, o que fez com que este mercado também tivesse uma grande oportunidade de inovar neste setor. 

Inovações e Soluções Criativas para o mercado do Intestino Saudável

Fórmulas individualizadas investem em matérias primas naturais e tecnologia para entregar produtos seguros e eficazes Produtos testados em laboratório e com eficácia comprovada na eliminação de desconfortos abdominais, ao agirem no controle de bactérias patogênicas, ganham este filão de mercado. Marcas como o BIOintestil, com ação antimicrobiana seletiva, apostam na tendência de oferta de produtos 100 % naturais e derivados de óleos essenciais. A tecnologia inovadora no processo de produção garante a liberação dos ativos do produto diretamente no intestino.  

Busca por novas experiências e sabores fermentados

Pesquisa feita pela GlobalData mostrou que cerca de 49% da nova geração de consumidores são atraídos por “sabores novos e incomuns”. Nesta lista entraram: alimentos fermentados à base de leite como skyr e kefir, produtos não lácteos como chucrute, kimchi e kombuchá. A pesquisa apontou a crescente onda de consumidores que busca uma dose saudável de inovação alimentar.   

Encapsulados e focados no nicho da saúde da mulher

Marcas apostam em probióticos em cápsulas sem açúcar ou glúten, como é o caso do SimBioFem, que foca na saúde da mulher oferecendo a praticidade do consumo em comprimidos.   

Bebidas engarrafadas probióticas funcionais

A Família Zanlorenzi, indústria da marca Campo Largo, investiu neste mercado expandindo o seu parque fabril, trazendo tecnologia na produção e nas embalagens. Com a iniciativa, ampliou a linha de produtos de sucos integrais e funcionais para a categoria de chás. Em 2018, lançou o primeiro kombuchá de distribuição nacional. A marca tem como diferencial a utilização da cúrcuma, hibisco, cranberry e o matchá com limão e gengibre, que agregam propriedades nutricionais e terapêuticas ao produto.  

Chocolates Probioticos  

Chocolates com blend de lactobacilos já são comercializados na AMAZON. Marca americana: Probiotic Power Foods.

Sorvetes Probióticos

Versões saudáveis e que apelam para a textura do sorvete feitas à base de leite fermentado, ganham as funções benéficas dos microrganismos probióticos. É o caso do sorvete desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O sorvete é isento de gordura e açúcar, pode ser consumido em até ano devido à refrigeração e entrega ao consumidor valor nutritivo e terapêutico no produto.   

OS DESAFIOS DO MERCADO DE PRÉ E PROBIÓTICOS

Segundo artigo publicado na Revista Fortune, em escala global, 57% dos consumidores relataram uma maior preocupação com a imunidade como consequência direta da pandemia do COVID-19. Com o esforço para melhor entender sobre o assunto, este consumidor se torna mais bem informado sobre a atuação da microbiota no apoio ao sistema de defesa humano, assim como sobre o seu bem-estar geral. Levar a essa conscientização do consumidor que pré e probióticos não são só para saúde intestinal local, ou seja fazer ou não coco todos os dias é um dos grandes desafios.

“A fim de atender à demanda que surge com produtos, a utilização de nutracêuticos, probióticos, prebióticos e pós-bióticos, todos ingredientes capazes de trazer benefícios ao microbioma humano, tornam-se um alvo a ser mirado para as áreas de inovação e P&D “Uma vez que os prebióticos e os probióticos desempenham um papel importante na manutenção de um intestino saudável, o desenvolvimento de bebidas simbióticas (ou seja, prebióticas e probióticas) pode ser uma resposta para que a indústria faça lançamentos de ofertas que atendam a essa demanda.”

Caroline Assunção, consultora independente, engenheira de alimentos e doutora em ciência e tecnologia de alimentos.

O caminho a ser trilhar deve ser sempre respaldado na ciência e acrescentando esses benefícios em produtos que já fazem parte do dia a dia dos seus consumidores.

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