O que aconteceu no Brasil no último ano e o que acontecerá daqui para frente, quando falamos de plant-based?
No dia 26 de maio de 2020, às 19h, iniciamos mais um evento voltado ao mercado da alimentação plant-based no Brasil.
Três importantes empresas que atuam neste segmento participaram com seus representantes: Super bom, Seara e Fazenda Futuro.
Infelizmente, por um contra tempo, o representante da Marfrig não pôde comparecer.
O encontro aconteceu um ano após o primeiro evento, também realizado pela AGN Consultoria e Negócios. Neste segundo evento intitulado “Corrida dos Hambúrgueres Plant-Based II”, pudemos acompanhar o crescimento desse mercado no Brasil e no mundo, e as perspectivas.
Abaixo listamos alguns pontos que surgiram ao longo da conversa e que entendemos ser importantes para o conhecimento dos envolvidos neste mercado:
Consumidor:
O consumidor desse mercado busca saudabilidade, o perfil está centrado no flextariano: pessoa carnívora, mas que tem reduzido o consumo da proteína animal e está substituindo a carneou, até mesmo, só experimentando o hambúrguer de “planta”.
Este consumidor ainda precisa ser informado sobre quais as principais caraterísticas e ganhos do mercado de substitutos, como, por exemplo, saudabilidade e grande redução do impacto no meio ambiente.
40% da geração millennial já se define como flexitarianos ou vegetarianos; as compras das famílias já consideram opções de proteínas vegetais nos carrinhos de compras.
Marketing:
As marcas têm buscado alcançar os clientes desse segmento através de investimento em mídias sociais e expansão dos produtos nos pontos de venda, fazendo com que a capilaridade possa trazer a conveniência ao público final. A conveniência, por outro lado, é um dos pontos listados nas pesquisas do GFI – The Good Food Institute, como um dos fatores que fariam o consumidor experimentar os produtos plant-based.
Os influenciadores com “credenciais” e que estão conectados com as marcas plant-based tem um papel importante na disseminação do segmento, pois direcionam a mensagem de um conteúdo de uma forma mais sutil e discreta.
Durante a pandemia, esse tipo de comunicação foi importante para o negócio.
Trade:
As ações nos pontos de venda também são fatores importantes para que esse público, principalmente os mais jovens, possam conhecer e experimentar esses substitutos. O peso da marca também é um ponto importante na conquista dos novos clientes. O posicionamento dos produtos substitutos de carne nos refrigerados estão ao lado dos “concorrentes” de proteína animal; não só no varejo, mas em “lojas” virtuais dos aplicativos de delivery.
Mercado:
O mercado, com seus vários produtos substitutos – abrangendo opções para além da alternativa à carne, – direciona para vários tipos de clientes, como os veganos, vegetarianos, flextarianos e reducitarianos. Alguns players, além do varejo, também estão iniciando um ataque ao mercado de food service com produtos substitutos específicos.
Durante o período de pandemia que estamos atravessando, o consumo no Brasil não foi afetado mas, nos Estados Unidos, pela falta de proteína animal, o crescimento foi significativo, principalmente no mês de março.
A busca de dados no mercado local ainda é carente e é mensurado através do crescimento das vendas dos hambúrgueres plant-based, com medição mês a mês.
O mercado de hambúrguer vegetal representa 4,1% do total de hambúrgueres vendidos no Brasil. Há além disso, a expectativa de dobrarmos de tamanho, chegando de 7 a 8% até final de 2020.
Para a marca Seara, existem 30 milhões de brasileiros dispostos a provar os substitutos de proteína animal – tanto é que eles já estão presentes com os produtos da linha plant-based em mil pontos de venda e querem chegar a 25 mil até final desse ano. O trabalho vem sido feito em consonância com a equipe de proteína animal.
Com a chegada de novos players, o varejo já se torna mais receptivo. A democratização da oferta de produtos plant-based trouxe força para categoria.
Concorrentes:
Em apenas um ano o Brasil ganhou players importantes neste segmento, como BRF Sadia com sua linha Veg & Tal e Marfrig com a linha Revolution. Fora daqui, empresas brasileiras avançaram como a JBS, lançando uma linha plant-based nos EUA, Cargill também entrando nesse mercado mundial e Marfrig com a Joint venture com a ADM para atender o mercado fora do Brasil. A chegada desses novos entrantes faz com que o mercado se movimente ainda mais e tenha uma expansão significativa.
Produtos:
O portfólio de produtos que tinha apenas o hambúrguer como ator principal cresceu e, atualmente, oferece ao seu público consumidor os substitutos de carne moída, salsicha, almôndegas, carne de frango, nuggets, queijos e refeições prontas para consumo. Ainda no primeiro semestre está previsto o lançamento de peixes e pernil desfiado (suínos).
Outro fator importante é que os alimentos Clean Label tem forte apelo. É um ponto muito observado pelo público vegetariano e vegano. O consumidor também tem solicitado produtos GMO free e Gluténfree.
Food Techs:
Grandes empresas de alimentos estão aprimorando seus laboratórios de inovação para o segmento plant-based e algumas até já firmaram parcerias com startups para fornecer seus produtos como insumos. Segundo avaliação no Webinar, a união das grandes empresas com as startups é um caminho sem volta.
Brasil no Exterior:
O impacto que os produtos brasileiros causam nas feiras internacionais onde tem sido apresentados é impressionante: stands nacionais lotados e todos curiosos para entender as característica e qualidade dos produtos plant-based nacionais.
Previsão para os próximos meses e anos:
Ao final do evento, todos puderam expor suas opiniões quanto ao crescimento deste mercado nos próximos meses e para 2020, aqui no Brasil.
Alberto Gonçalves Neto é consultor de empresas, sócio fundador da AGN Consultoria e Negócios, focada em empresas do segmento Plant-Based e saudáveis. Mentor da Aceleradora Merkaz, Disseminador do Inovativa Brasil, em 2019 foi co-curador para Vertical Foodtech do maior evento de inovação descentralizado do mundo, o SPTW – São Paulo Tech Week.