Você sabe o que é densidade nutricional?
Foi-se a época em que as calorias eram o mais importante em um alimento.
Hoje, outras questões são muito mais relevantes e valorizadas, como sua origem, naturalidade, lista de ingredientes e densidade nutricional. Embora não seja muito comentado, densidade nutricional é a proporção entre calorias, nutrientes e volume/peso dos alimentos. Quanto maior a quantidade de vitaminas e minerais em relação ao total de calorias, maior a densidade nutricional do alimento.
A Densidade nutricional já vem sendo estudada há pelo menos 15 anos. Os pesquisadores Adam Drewnowski e Victor L. Fulgoni publicaram um artigo pela The American Journal of Clinical Nutrition que trata do tema. Para eles, os alimentos que têm mais nutrientes do que calorias são definidos como ricos em nutrientes. E explicam que essa a densidade nutricional pode se tornar a base das recomendações e diretrizes dietéticas.
Calorias x Nutrientes
Para podermos conversar sobre densidade nutricional, precisamos fazer uma breve explicação do conceito de calorias e nutrientes.
Caloria
É uma medida que representa a energia em forma de calor. Em alimentos, é utilizada para mostrar ao consumidor a quantidade de energia que será fornecida após a ingestão do alimento. Quem provê energia para nosso corpo são os macronutrientes: Carboidratos, Proteínas e Lipídios e o álcool. A cada um grama de carboidrato ou proteína, são fornecidas 4 kcal. E a cada um grama de lipídio são fornecidas 9 kcal e a cada grama de álcool são fornecidas 7 kcal. Ou seja, se você ingerir 10 gramas de carboidrato, estará ingerindo 40 kcal.
As calorias são importantes, pois é a partir delas que temos energia para realizar todas as atividades do organismo, como pensar, andar, sentar, praticar atividade física. Elas também desempenham funções moleculares, como bombear sangue, fazer respiração celular… para quase TUDO é preciso energia.
Nutrientes
São todas as substâncias encontradas nos alimentos que vão desempenhar um papel útil ao corpo, auxiliando no metabolismo, crescimento, desenvolvimento e manutenção das funções vitais do organismo.
Os nutrientes são divididos em macronutrientes, que são aqueles que precisamos consumir em maior quantidade: carboidratos, proteínas e lipídios. E também temos os micronutrientes, aqueles que precisamos consumir em pequenas quantidades, como minerais e vitaminas.
Densidade nutricional na prática
Explicar o conceito é essencial, mas o importante é saber a diferença na prática. Um exemplo simples e didático, que você já teve ter visto em revistas, é a comparação calórica entre alimentos. Uma unidade de maçã tem, em média, 72 calorias, enquanto uma colher de brigadeiro possui 79.
São números semelhantes, entretanto, há um abismo nutricional entre eles.
Na composição da maçã, além de carboidratos, há vitaminas, fibras e minerais, substâncias que auxiliam no bom funcionamento do organismo. Já o brigadeiro possui calorias que não geram nenhum benefício para o corpo, além da energia. Mas sabemos que hoje em dia que não é tão simples comparar alimentos apenas pelo seu valor energético e nutricional, pois existe uma infinidade de fatores que influenciam o indivíduo a fazer sua escolha alimentar: o apetite, os sentimentos e sensações, o momento de consumo, o contexto que a comida está inserida, entre outros…
E na Inovação? Enriquecimento nutricional é bem-vindo?
Levando em consideração toda a discussão que apresentamos até agora, será então que a densidade nutricional deveria ser o ponto de partida para o desenvolvimento dos produtos da sua marca? Em um cenário ideal, os nutrientes deveriam ser mantidos no produto, mas sabemos que nem sempre é possível conservar todos os nutrientes durante o processamento do alimento.
O conceito de whole food innovation traz justamente a ideia de aumentar a densidade nutricional do produto, maximizando os ingredientes naturais presentes nos alimentos, como vitaminas e minerais, e minimizando a adição daqueles calóricos, como açúcares e gorduras.
Também há espaço para inovação por meio da adição de nutrientes positivos, como vitaminas, fitoquímicos, probióticos ou até mesmo de nutrientes que dão um aporte calórico maior, como fibras, gorduras insaturadas e proteínas, mas que podem trazer um maior equilíbrio ao conteúdo nutricional do produto.
Essa prática é de grande valia, principalmente na alimentação de pessoas de baixa renda, com prováveis deficiências de alguns nutrientes. Para outros públicos, os mixes de vitaminas e minerais empregados em um alimento precisam ser muito bem estudados para que, de fato, representem um benefício.
Mesma categoria e densidade nutricional diferente
Para demonstrar a importância da densidade nutricional, separamos alguns alimentos com um posicionamento saudável para discorremos sobre diferenças de produtos dentro de uma mesma categoria. Veja a seguir alguns exemplos:
Mercado de barras
Uma barrinha pode conter mais de 10 ingredientes como açúcar, gordura vegetal, xarope de milho, óleo vegetal, estabilizantes… Todos esses itens fazem com que o produto tenha uma densidade nutricional muito baixa. Em contrapartida, existem barrinhas que possuem um pequeno número de ingredientes e utilizam cereais integrais, além de fazerem uso de frutas e castanhas em quantidades significativas na porção.
Tudo isso agrega um valor nutricional muito maior ao produto.
Biscoitos salgados
Um biscoito salgado pode ser frito, possuir apenas farinhas refinadas, amidos e gorduras vegetais… Enquanto algumas marcas buscam utilizar farinhas integrais, vegetais em pó, azeite extravirgem, enriquecendo a receita naturalmente com vitaminas e fibras. Mudanças que tornam o produto muito mais nutritivo.
Iogurtes
Enquanto alguns vão pelo caminho da comfort food ou indulgência, apostando em uma lista de ingredientes rica em açúcares, creme de leite e amido modificado, outros preferem ir pela trilha da saudabilidade, com a adição de probióticos, proteínas concentradas, uso do xilitol, ou até produzir iogurtes à base de plantas, e desta forma gerar uma densidade nutricional muito maior.
Shakes
Existem produtos muito baratos no mercado, com uma base pobre feita de maltodextrina e que mesmo com a adição de vitaminas não se tornam uma opção com densidade nutricional interessante. Já outras marcas, de fato, entregam um produto com perfil nutricional diferenciado. Além das vitaminas, adicionar aminoácidos essenciais, fibras e ômega 3 pode ser uma estratégia para o equilíbrio nutricional do produto.
Não há nada mais inovador para a área de alimentos do que a nutrição sustentável.
O desafio é tornar o preço acessível, equilibrando custos de matéria-prima, margem, sabor e um produto de melhor densidade nutricional.