EUA vão banir corantes artificiais até o fim de 2026

O governo dos Estados Unidos anunciou que irá proibir o uso de corantes alimentícios artificiais até o final de 2026. A medida foi divulgada nesta terça-feira (22) pelo diretor da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos), Marty Makary, e afeta oito aditivos sintéticos derivados do petróleo, frequentemente associados a riscos à saúde.
Tons naturais: o futuro colorido dos alimentos
A decisão segue recomendações de especialistas e entidades de defesa do consumidor, que apontam possíveis ligações entre o consumo desses corantes e problemas como hiperatividade, diabetes e câncer. “As crianças americanas têm vivido em uma sopa tóxica de substâncias químicas artificiais”, declarou Makary durante coletiva de imprensa.
Entre os aditivos que serão eliminados estão o vermelho Red 40 (E129 na Europa), o Yellow 5 (E102) e o Yellow 6 (E110), amplamente utilizados em alimentos como doces, cereais, molhos e bebidas.
Peter Lurie, presidente do Center for Science in the Public Interest (CSPI), ressaltou que esses aditivos não possuem valor nutricional e são usados apenas para modificar a aparência dos alimentos. “Eles fazem com que os produtos pareçam mais atrativos do que realmente são”, afirmou.
A nova regulamentação amplia ações iniciadas no governo anterior, quando o corante Red 3 (E127 na Europa) — já associado ao câncer em animais — foi banido do mercado norte-americano.
Oportunidades para a indústria de ingredientes
A proibição representa uma virada de chave para a indústria de alimentos e bebidas — e também uma oportunidade estratégica. A demanda por soluções naturais e seguras deve acelerar o desenvolvimento e a adoção de corantes naturais, como os obtidos de beterraba, cúrcuma, spirulina e urucum. Além de mais seguros, esses ingredientes podem agregar valor à marca, reforçar posicionamentos sustentáveis e atender a um consumidor cada vez mais atento à composição dos produtos.
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Brasil e América Latina devem acompanhar?
Embora ainda não exista uma regulamentação semelhante no Brasil, a decisão dos EUA pode influenciar outros mercados, especialmente aqueles com forte presença de multinacionais ou exportadores para os Estados Unidos. Para formuladores, fornecedores de ingredientes e marcas que desejam se antecipar às novas demandas, este é o momento ideal para repensar portfólios e investir em inovação limpa, segura e transparente.
Fonte: O Globo
Foto de Brooke Lark na Unsplash