Especial BHBFestival: Insights sobre Nutrição, Consumidores e Mercado de Suplementos”
O BHB Festival reuniu cerca de 1.500 profissionais das áreas de marketing, P&D, compradores e empresários para dois dias de discussões sobre o mercado e o futuro de alimentos, bebidas e suplementos. O evento aconteceu dias 24 e 25 de outubro em São Paulo.
Dentre os temas em destaques no primeiro dia, o evento abordou a relação dos consumidores e dos profissionais de saúde com a indústria alimentícia e o uso e prescrição de suplementos.
Nutrição e bem-estar
Ariana Bottura, diretora de Marketing da Ingredion para a América do Sul, abriu o segundo bloco de palestras desse primeiro dia destacando que, no mundo, estimativas apontam que 85% dos consumidores têm o hábito de ler o rótulo dos produtos que consomem, e que, no Brasil, esse número chega a 94. Destes, 87% estão dispostos a pagar mais por alimentos que eles acreditem que melhorem sua saúde, principalmente a saúde gastrointestinal e confiram um aumento da imunidade.
“O que percebemos, ao longo do tempo, é que, para atender a esse anseio por melhoria na saúde, é preciso, muitas vezes, reformular o produto”, disse ela. E para endereçar esse desafio o segredo está na adoção de uma estratégia B2B2C ou Business-To-Business-To-Consumer (em português: Empresa para Empresa para Consumidor), ou seja, empresas que vendem seus produtos ou serviços em parceria com outras empresas, que então os revendem aos consumidores finais, como os marketplaces, por exemplo.
Ariana apresentou também alguns dados do estudo Atlas, realizado pela Ingredion, que identifica as tendências de preferência alimentar dos consumidores.
“Desde 2020, os dados nos mostram que é crescente o número de pessoas que estão dispostas a pagar mais por produtos que contenham ingredientes funcionais e que tragam benefícios à sua saúde física e também mental, independentemente do nível de renda.”
Ariana destacou suas percepções sobre o que podemos esperar do futuro. “As empresas devem estar atentas a questões como textura, sabor, produtos que façam bem à saúde e que sejam o mais naturais possível. Além disso, é importante que o consumidor conheça os ingredientes, pois muitas vezes uma compra pode não ser efetivada pela falta de conhecimento. O desafio para o futuro, sem dúvida, esta em buscar maneiras de conectar sabor e saúde.”
TOP of Mind: categorias e marcas saudáveis para os consumidores
Conhecer a percepção dos consumidores finais sobre o que eles desejam dos produtos e marcas que consomem é valioso para a indústria, mas a visão dos profissionais que estão na ponta, os nutricionistas, é tão importante quanto.
Foi isso o que a plataforma Academia da Nutrição, braço da Equilibrium Latam voltado aos nutricionistas, fez para trazer insights a quem trabalha no setor. Uma pesquisa realizada em parceria com a revista Veja Saúde com cerca de mil respondentes de todo o Brasil procurou saber a percepção desse público em relação à indústria de suplementos.
Kely Gouveia, gerente de Inovação e Negócios da Academia da Nutrição, destacou alguns pontos:
– 60% dos respondentes disseram simpatizar com algumas marcas, enquanto 0,8% disseram ser totalmente contrárias a algumas delas;
– 76,3% recomendam produtos industrializados quando o paciente tem alguma questão específica relacionada à redução alimentar;
– Em uma escala de 1 a 10, a confiança nas marcas ganhou uma pontuação 8;
– A lista de ingredientes ainda é o que profissional observa no momento da prescrição.
A Revista Veja Saúde replicou essa pesquisa para os consumidores finais e alguns dados foram apresentados por Diogo Sponchiato, redator-chefe de Veja Saúde e editor de Veja.
Em relação ao principal fator que leva à escolha de um produto, 41,2% dos 104 respondentes disseram ser a busca pelo equilíbrio entre prazer e saúde, o que faz com que no topo da lista de alimentos mais consumidos estejam frutas e hortaliças, seguidas de leites e derivados, pães e massas. Na outra ponta, quando questionados sobre os ingredientes que mais os preocupam, figura o consumo de açúcar (para 35,6% dos entrevistados).
Segundo ele, novas pautas estão sendo trazidas para a discussão, como a questão da sustentabilidade, da promoção do bem-estar coletivo, do ativismo e da inovação.
Sponchiato também pontuou que o futuro deverá estar baseado na reinvenção da indústria, no resgate da tradição, nos produtos com apelo sustentável, na personalização (atendendo a desejos diferentes de gerações diferentes), entre outros temas.
Suplementos: oportunidades
Os suplementos têm estado no topo das discussões por oferecerem ao consumidor a possibilidade de um cuidado maior com a saúde. Segundo Cynthia Antonaccio, co-fundadora da Equilibrium Latam, pesquisas apontam que o mercado latino-americano de suplementos ainda cresce lentamente. No entanto, segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), 59% dos lares brasileiros consomem algum tipo de suplemento.
Mas como crescer? Cynthia apontou, em sua palestra, a necessidade de identificar perfis. “Podemos dividir o público-alvo em quatro perfis: o da pessoa que precisa suplementar, e por isso faz uma escolha baseada em recomendação profissional; aquela que faz baseada em seu estilo de vida; a que avalia custo-benefício, mas é influenciada pelas redes sociais, e aquela que tem no preço e na promoção seu principal fator de decisão.”
Ela finalizou sua apresentação lembrando que a inovação surge da demanda, do estilo de vida, da ciência e do conhecimento do consumidor.
Na sequência, Rodrigo Padilla, vice-presidente da P&G Health, comentou sobre alguns suplementos e seu potencial de crescimento no mercado, como aqueles voltados à insônia ou outras alterações do sono (com potencial de crescimento acima de sete vezes o mercado atual) e para neuropatia periférica (com potencial de crescer dez vezes). “Esses dados nos mostram que esse é um mercado em expansão que tem muito a ser explorado.”
Para Shelida Vicentini, diretora de Marketing e Inovação na Hypera Farma, para atingir o consumidor é preciso saber o que ele entende como saúde. “A saúde está baseada em dois pilares: prevenção e alívio de sintomas, e os principais gatilhos que levam o indivíduo a ser mais saudável são os exames com taxas fora do normal, o excesso de peso, o envelhecimento, o estresse, a maternidade/paternidade e um estilo de vida monótono. Esses gatilhos nos mostram o imenso potencial de crescimento do mercado de suplementos vitamínicos.”
Ela ainda destacou o papel da farmácia como veículo promotor da saúde, mas para que ela tenha seu potencial plenamente explorado, deve mudar a maneira como se apresenta e se relacionado com o consumidor, pois seu ambiente ainda remete à doença. “A farmácia pode entregar saúde integral ao consumidor, mas para isso ela precisa se transformar em um hub de saúde, avançando na experiência do cliente.”
Fechando o segundo bloco da manhã do primeiro dia de BHB Food, Nara Naccache, gerente de Marketing Consumer Health da Nestlé Health Science, comentou sobre as marcas da companhia, como a linha Nutren Senior, focada na prevenção e na melhor saúde de um público mais velho. “Hoje, as pessoas estão se preocupando cada vez mais cedo em como ter um envelhecimento saudável, o que significa, além de outros fatores, cuidar da saúde óssea e muscular. Estamos atuando na prevenção, na conscientização de que envelhecer não é ruim, mas para isso a pessoa precisa ser educada sobre como é possível ter qualidade de vida nessa fase.”
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