O último bloco do primeiro dia do BHB Food Festival 2023 foi dedicado às práticas ESG (sigla em inglês para environmental, social and governance; em português, ambiental, social e governança).  O evento, que reuniu 1500 profissionais dos setores de alimento, bebidas e suplementos, aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro de 2023, no Centro de Convenções Rebouças.  

Abrindo o bloco, Tânia Sassioto, diretora de Projetos & Parcerias da Eureciclo, abordou os desafios do mercado de reciclagem formal e, dentre eles, o da logística, pois uma vez que a embalagem vai para a mão do consumidor, não se tem mais controle sobre ela. Além disso, contou Tânia, pouco valor se dá a matérias-primas como o vidro, que tem baixo valor comercial, diferentemente do alumínio.  

O papel da Eureciclo nesse cenário é buscar parcerias para angariar recursos para a central de triagem de mais de 500 cooperativas de reciclagem. “O futuro está na circularidade e na comunidade. Muitas são as possibilidades e muitos são os bons exemplos que podemos seguir, como o da Finlândia, que incentiva o uso de materiais reciclados em várias aplicações.” 

Quem também contou sua experiência em ESG foi a Meruoca, uma empresa de biotecnologia de multiplicação de insetos para acelerar o processo de compostagem de material orgânico produzido pela indústria alimentícia e transformá-lo em proteína, que é oferecida ao mercado de ração para animais. Segundo Fernando Ehrensperger, fundador da empresa, o uso de insetos reduz o processo de compostagem de 180 para sete dias.  

Outra experiência trazida nesse último bloco foi a da Idesan, um ecossistema de bionegócios da Amazônia que fomenta, incentiva e estrutura novos modelos de negócios para a região. “Hoje, impactamos 15 cadeias produtivas, levando tecnologia para a floresta”, contou Carlos Koury, diretor de Inovação e Bioeconomia. 

A Food To Save também trouxe sua experiência para compartilhar com os visitantes do BHB Food. A empresa viu na inteligência artificial uma oportunidade para mudar a cultura do desperdício alimentar.  

A companhia de Lucas Infante, CEO e fundador da Food To Save, desenvolveu um aplicativo que se conecta a estabelecimentos do ramo alimentício com produção excedente e prepara sacolas surpresas que podem ser adquiridas pela plataforma com até 70% de desconto. “É mais do que uma solução para o desperdício; é um movimento contra o desperdício”, destacou Infante.  

Fechando o último bloco sobre sustentabilidade, foram apresentados três cases de como ESG vem transformando a indústria de alimentos e bebidas. 

A primeira experiência compartilhada foi da Unilever, que desenvolve algumas ações sustentáveis, como a utilização de água de reuso e a criação de um programa de redução de gases de efeito estufa e que pretende, até 2025, reduzir em 50% o desperdício de alimentos.  

Juliana Abreu, gerente de Sustentabilidade, disse que a Unilever acredita que marcas com propósito crescem, companhias com propósito perduram e pessoas com propósito prosperam. 

Já na MDias Branco, Thays Garcia, coordenadora de Sustentabilidade, contou que o ESG permeia toda a estratégia de negócios da companhia, onde todas as iniciativas se conectam à agenda estratégica de ESG.  

“Algumas de nossas metas incluem a redução do desperdício, em todos os negócios da companhia, em 50%, até 2030. Além disso, queremos ter 40% de mulheres ocupando cargos de liderança e atingir 0% de resíduos enviados para aterros sanitários em todas as operações”, destacou. 

“ESG gera valor, crescimento e negócios. Quando a empresa pensa em sustentabilidade de verdade, ela não escolhe em qual área quer atuar; ela age onde sabe que está causando impacto.” 

Por fim, o primeiro dia foi encerrado com a participação de Caio Augusto Ramos, diretor de Sustentabilidade da Ambev, que falou sobre as iniciativas da empresa, que começaram a ganhar fôlego a partir de 2016. 

“Hoje, 99,8% do resíduo que geramos é reciclado. Também trabalhamos na criação de produtos mais funcionais, como uma cerveja com vitamina D e sem álcool, outra sem glúten e uma terceira com menor índice de calorias e carboidratos”, destacou Ramos.  

Além disso, a Ambev, na área ambiental, tem atuado na utilização de materiais reciclados em seus produtos, como a criação de uma garrafa produzida com cacos de vidro e o uso de adesivos para unir as latas em embalagens pack, reduzindo o uso de papelão.