Especial BHBFestival : como as comunidades e o comportamento do consumidor atual influenciam nas decisões de compra?
O segundo dia do BHB Food Festival, que ocorreu no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, entre os dias 24 e 25 de outubro, teve início falando sobre o comportamento do consumidor. Valéria Brandini, antropóloga, foi a primeira palestrante da manhã e, durante sua apresentação, destacou o papel da comida como um código de valor que representa o meio em que uma pessoa vive.
Valéria falou sobre as mudanças culturais e alimentares que marcaram diversas gerações e como elas são capazes de se alinhar aos acontecimentos da época, como a introdução da comida industrializada no pós-guerra, até chegar aos dias atuais, com a comida sendo moldada pela era digital.
As mudanças no perfil do consumidor ao longo das décadas também impactam a maneira como as indústrias encaram os processos produtivos com foco na necessidade de inovação. Fernanda Credidio, head of Innovation Process na BRF, falou sobre as estratégias para a criação de um novo produto e a importância de se antecipar às tendências em tecnologias de desenvolvimento, de olhar para a capacidade produtiva e planejar as inovações para os próximos anos.
Ela destacou a implantação do modelo PLM (Product Lifecycle Management) na BRF, ou seja, do processo de gerenciamento de todo o ciclo de vida de um produto, desde a ideação inicial, desenvolvimento, serviço até o descarte. “O acompanhamento da marca é fundamental para sabermos qual o momento de redefinirmos nosso portfólio, sempre embasados em dados para que possamos tomar decisões estratégias de maneira rápida e objetiva.”
Fernanda finalizou sua palestra apresentando o case Hotbowls, um produto lançado em tempo recorde – seis meses -, que tinha como meta ser apresentado ao mercado no festival Lollapalooza. “Nesse período, realizamos pesquisas com os consumidores, testamos o produto em nossa planta piloto, definimos qual seria seu nome e o colocamos no mercado. Quando temos clareza sobre a responsabilidade de cada um no processo, é possível ter agilidade e reduzir ineficiências”, finalizou.
A importância da inovação também foi trazida por Marta Oliveira, diretora de Estratégia e Inovação da Kraft Heinz Brasil, que apresentou no BHB Food o mais novo lançamento da marca, uma linha de pimentas hot sauce, que têm como proposta se diferenciar, em textura e sabor, dos molhos de pimenta encontrados no mercado.
“Para inovar, é preciso olhar para dentro e para fora, em como fazemos e porque queremos inovar. A inovação sem ritual eficiente é só um apanhado de boas ideias, mas que não nos levam a lugar algum”, comentou.
A empresa reviu seus processos com o objetivo de se tornar mais ágil para inovar. Para chegar ao estágio atual, Marta destacou quatro pontos que considera fundamentais: a paralelização das atividades sempre que possível, compartilhando e dividindo responsabilidade; o foco na colaboração entre os times; o acesso à informação e a priorização baseada na geração de valor.
Com essa mudança, ela contou que a empresa já vê resultados, conseguindo inovar quatro vezes mais em 2023 quando comparado com 2022, de maneira 50% mais rápida. “A inovação passou a ser de responsabilidade todos dentro da companhia. Quem quer inovar tem que olhar para o futuro, para o que o consumidor deseja.”
Era das comunidades
“Não importa o que você diz da sua marca, mas sim o que as pessoas estão dizendo dela.” Foi com essa provocação que Dani Junco, CEO da B2Mamy, uma socialtech que conecta mães e mulheres em comunidade, iniciou sua apresentação falando sobre o comportamento de consumo em comunidade.
Dani destacou o papel do primal branding (branding primitivo), um conceito que afirma que as marcas de maior sucesso são aquelas que criam uma identidade forte e emocional com a sua audiência, baseada em alguns elementos que as tornam relevantes e únicas.
“Para uma marca ter sucesso, é preciso criar um sistema de crenças (um dos pilares do primal branding), atraindo pessoas que tenham crenças em comum. O passo seguinte é fazer com que elas conversem e compartilhem suas crenças, atraindo mais pessoas para uma causa.”
Segundo Dani, as comunidades devem ser vistas como uma estratégia de marketing que reforça a reputação da marca, mantém seu propósito e que atua como uma célula de inovação constante.
Continue acompanhando nossa cobertura do BHB Food Festival. São vários conteúdos que poderão trazer vários insights para alavancar seu negócio.