Setor de alimentos passa por nova fase de reestruturação

Empresas como Kraft Heinz, Kellogg, Dean Foods e Conagra têm apostado em spinoffs e desmembramentos estratégicos para concentrar esforços em segmentos de maior rentabilidade, valorizar ativos e gerar retorno aos acionistas. A prática, que marcou grandes reestruturações nas últimas décadas, volta com força diante das novas dinâmicas do setor de alimentos.
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A Kraft Heinz, por exemplo, anunciou que avalia “transações estratégicas” para reorganizar sua operação global. A empresa considera separar sua unidade de mercearia, mantendo os negócios de molhos e condimentos, que apresentam maior crescimento. Esse movimento ocorre quase dez anos após a fusão entre Kraft e Heinz, que prometia sinergias entre marcas icônicas.
Em 2023, a Kellogg já havia adotado abordagem semelhante, dividindo-se em duas empresas: uma focada em cereais e outra — a Kellanova — em snacks e inovação. A Kellanova foi posteriormente adquirida pela Mars, enquanto a unidade de cereais passou para a Ferrero. Agora, analistas do setor especulam que a Kraft Heinz pode seguir o mesmo caminho.
Racional por trás das cisões
A estratégia visa simplificar estruturas corporativas, atrair investidores e dar maior autonomia a unidades com perfis diferentes de crescimento. Spinoffs como o da Conagra, que criou a Lamb Weston em 2016, ou da Ralcorp, que originou a Post Holdings em 2012, mostraram como a separação pode ampliar valor de mercado.
A Kraft Heinz também vem enxugando seu portfólio desde 2021, com a venda de negócios de queijos e nozes. Em 2025, anunciou a venda de suas marcas de alimentos infantis na Itália, incluindo Plasmon e Nipiol, além de uma fábrica com produção anual de 1,8 bilhão de biscoitos.
Segundo a própria empresa, o objetivo é acelerar o crescimento orgânico com foco em categorias como ketchup, maionese e molhos culinários — pilares da chamada plataforma Accelerate.
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Tendência de longo prazo
Para analistas de mercado, como os do Food Institute e MarketWatch, a tendência reflete um novo ciclo em que o crescimento não virá apenas da diversificação, mas da especialização. Empresas menores, mais focadas e ágeis tendem a capturar melhor as mudanças no comportamento do consumidor e na demanda por saudabilidade, conveniência e inovação.
Embora ainda sem prazos definidos, o processo na Kraft Heinz pode influenciar novos movimentos no setor, especialmente entre multinacionais com portfólios amplos e desafios de crescimento orgânico.
Fonte: Forbes
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