Inovação e sustentabilidade dominam conversas e ditam rumo do mercado de ingredientes
Primeiro dia da Food ingredients South America (FiSA), em São Paulo (SP), tem mesas pautadas pelos temas; players priorizam o entendimento sobre como inovar
Inovação foi a palavra-chave do primeiro dia da Food ingredients South
America (FiSA), evento em São Paulo (SP) que reúne o mercado de ingredientes para a indústria de alimentos e bebidas. A programação de palestras demonstrou na prática a proposta da organização da feira, a maior do setor na América do Sul, de ser uma jornada para inovação e conexões no setor.
Ainda que a busca pela inovação soe como uma premissa para todos os players do mercado, defini-la pode não ser uma tarefa óbvia. Para o CEO da NutriConnection, Ary Bucione, “inovação é renovar”. Ela abordou como a ação disruptiva vai além de ter uma ideia ousada e lembrou a importância de considerar o custo-benefício neste processo. “Há várias formas de inovar: de forma sustentável, disruptiva ou disruptiva e transformadora”, disse a executiva.
Sustentabilidade como premissa para inovação
A conexão com a sustentabilidade feita por ela ecoou por diferentes cantos da São Paulo Expo, espaço onde ocorre a feira. A CEO da RG Nutri, Heloisa Guarita, teve o desafio de responder por que a sustentabilidade é premissa nas inovações mais relevantes e urgentes para a indústria de alimentos e bebidas no Brasil.
Ela apontou para a utilização de grãos, sementes e ingredientes dos próprios biomas brasileiros como um caminho potente no contexto nacional, assim como o reaproveitamento de subprodutos. Para ela, a inovação sustentável não acontece sem pensar na cadeia, na oferta de informação para o consumidor, principalmente o mais jovem, e sem novas formas de pensar em [como evitar] desperdício.
Regulamentação: flexibilidade sem deixar segurança de lado
O ritmo intenso da inovação, porém, pode encontrar na regulamentação um desafio a ser vencido. “A inovação tecnológica foca no aumento da produtividade do campo à mesa, porém, a regulamentação nem sempre acompanha a velocidade da inovação”, observou Ana Lúcia de Paula, diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa).
Ela ponderou que a regulamentação tem que ser flexível para acompanhar as mudanças e os novos ingredientes, mas sem deixar de lado a segurança alimentar, a inocuidade e a sustentabilidade. Nesse sentido, a gerente geral de Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Patrícia Castilho, disse que o órgão tem trabalhado para concluir, progredir, ampliar e planejar normas regulatórias para regularizar novos ingredientes e aditivos, de maneira a acompanhar as inovações.
Alimentos funcionais e o suporte da indústria
O primeiro dia da FiSA também abriu espaço para a bioinovação. A bióloga Glaucia Pastore, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chamou a atenção para a relação com os alimentos funcionais e para como a indústria de alimentos brasileira pode perder espaço para grupos internacionais que investem na nova ciência. “Conhecer os alimentos funcionais é essencial para chegarmos na bioinovação”, afirmou.
Ela sugeriu como caminho a ser seguido o trabalho de “redescoberta” de alimentos como ervilha e grão de bico. E também criticou a “vilanização” de alimentos industrializados, o que pode atrasar a caminhada da indústria na construção de alimentos saudáveis e inovadores.
Os visitantes também tiveram a oportunidade de acompanhar mesas sobre financiamento externo da inovação, apoio do terceiro setor e rotulagem, além de visitar mais de 100 expositores. A FiSA segue nesta quarta (9) e quinta-feira (10), das 13h às 20h, no São Paulo Expo.