O papel das mulheres na transformação do sistema alimentar global
O Women’s Networking Breakfast, realizado durante a FiSA, destacou a atuação feminina no segmento de alimentos e bebidas
As maneiras pelas quais as mulheres estão transformando o sistema alimentar global estiveram no centro do debate do segundo dia da Food ingredients South America (FiSA), feira em São Paulo (SP) que reúne o mercado de ingredientes para a indústria de alimentos e bebidas. O Women’s Networking Breakfast, um encontro exclusivo para mulheres, fez parte da programação oficial do evento com a presença de lideranças femininas no setor para discutir questões importantes para a indústria.
A inovação e a sustentabilidade não tinham como se ausentar das mesas propostas. Ariana Maia, sócia-fundadora da Inovamate, aliás, aproveitou para desmistificar a ideia de inovação como um produto exclusivo da tecnologia. Ela argumentou que para microempresas, como a dela, localizada no interior do Paraná, pequenos passos em pesquisa podem representar avanços enormes.
O raciocínio se conecta com a ideia de “muros baixos” para a inovação acontecer e estar ao alcance de indústrias de diferentes tamanhos e da academia, comoa destacada por Eloísa Garcia, diretora do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). “É no ecossistema que a inovação acontece”, afirmou.
Além disso, a gerente de Inovação Aberta da Nestlé, Carol Falkoski, chamou a atenção para onde o olhar das empresas está voltado e incentivou uma visão ampla para absorver as melhores práticas do tema: “A inovação da indústria de alimentos deve pensar não apenas do campo à mesa, mas também no pós-consumo”.
Identidade é negociável?
O conceito de uma empresa é negociável mesmo que o consumidor não compreenda a proposta? Para Mariana Spignardi, diretora de Sustentabilidade da Nude, não. Ela defendeu essa postura no mercado ao lembrar que a marca nasceu com valor e identidade sustentável. E que isso não se modifica mesmo que o consumidor não entenda ou valorize o conceito.
Outro item inegociável para o setor é viabilizar o acesso àquilo que a indústria produz, conforme argumento de Guadalupe Franzosi, presidente da Ingredion Brasil, ao defender o pilar de “afordable” da empresa. “Em um país com 214 milhões de pessoas em que mais de metade escolhe alimentos que podem pagar e não por outros benefícios, o primeiro pilar é o mais importante”, afirmou – ela apontou os pilares de “sustentável” e “saudável” em seguida.
Carreiras femininas na indústria
O encontro também teve espaço para abordagem de carreiras e cultura organizacional, especialmente em relação ao cuidado com as pessoas e o planeta. Michele Salles, diretora de Diversidade, Equidade, Inclusão e Saúde Mental na América do Sul da Ambev, lembrou que em um ecossistema com 30 mil funcionários, como é o caso da companhia, qualquer movimento causa impacto.
A diretora de Marketing da Unilever, Carolina Riotto, falou da importância da licença-maternidade de seis meses, como a que ela experenciou, e do retorno ao trabalho em formato part time por mais seis meses. “Um em cada três lares no mundo todo tem um produto da Unilever, com isso precisamos levar um impacto positivo na vida das pessoas”, destacou.
O tema também teve contribuições de Eliana Cassandre, co-fundadora do Movimento Uma Sobe e Puxa a Outra, e Vivian Novaes, diretora de Marketing da Danone. A pauta da liderança feminina ainda esteve presente em uma conversa entre Livia Montemor, especialista em marketing, e Andrea Moura, consultora e conselheira em Estratégia Disruptiva e ESG.