Aparentemente modesta samambaia azolla, que flutua serenamente nas águas, pode surpreender à primeira vista. Apesar de seu tamanho reduzido em comparação com outras plantas semelhantes, e sua aparência lembrando mais um musgo, esta pequena planta possui um potencial multifacetado que merece atenção.

Capaz de fixar nitrogênio e aproveitar fósforo e luz solar para um crescimento acelerado, a azolla pode dobrar sua biomassa em apenas dois dias. Mais notavelmente, ela pode se tornar uma fonte de alimento para humanos e animais, fertilizante para cultivos e até mesmo biocombustível.

Conheça a Azolla

As plantas do gênero azolla são samambaias flutuantes de tonalidade verde-claro, lembrando pequenas moedas na água. Quando submetidas a estresse, sua coloração pode até mesmo adquirir tons de rosa.

De acordo com o pesquisador Daniel Winstead, da Penn State University, essas espécoes estão presentes em quase todas as áreas tropicais do mundo. Daniel destaca a relação simbiótica crucial da azolla com algas verde-azuladas, que possibilita a fixação de nitrogênio. Este processo, mediado por bactérias, transforma o nitrogênio atmosférico em amônia, vital para o crescimento vegetal.

A cianobactéria Anabaena azollae desempenha um papel fundamental nessa simbiose, fixando o nitrogênio e fornecendo nutrientes à planta. Essa relação simbiótica é uma verdadeira parceria ganha-ganha para ambos os organismos.

Alimento promissor

Além de sua capacidade de fixação de nitrogênio, a azolla apresenta uma composição nutricional rica em zinco, manganês, ferro, cálcio e potássio. Este perfil nutricional oferece um potencial alimentício significativo, atualmente objeto de pesquisa.

Daniel Winstead destaca o interesse em garantir a segurança alimentar da azolla. Embora promissora, ainda é necessário verificar a ausência de materiais tóxicos na planta. Historicamente, ela tem sido utilizada como suplemento alimentar para aves, graças à sua alta concentração de proteínas.

No entanto, a presença de polifenóis, embora possua propriedades antioxidantes, pode representar um obstáculo para o consumo humano direto. Daniel sugere que processos simples, como cozimento ou fermentação, podem reduzir significativamente o teor de polifenóis na planta, tornando-a segura para consumo.

Aplicações agrícolas

Além de seu potencial como alimento, a azolla pode desempenhar um papel importante na agricultura e na produção de energia. Sua capacidade de fixar nitrogênio a torna um valioso fertilizante verde, utilizado há séculos em cultivos como o arroz na Ásia.

Na China, a introdução da azolla resultou em aumentos significativos na produção de arroz, graças ao seu fornecimento de nitrogênio às plantações. Além disso, a cobertura vegetal ajuda a suprimir ervas daninhas e reduzir a emissão de metano, um potente gás de efeito estufa.

Os estudos sobre seu potencial como fonte de biocombustível estão em andamento, com a possibilidade de sequestro de carbono durante o cultivo e a produção, o que poderia contribuir para a redução das emissões líquidas de carbono.

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Fonte: revistacasaejardim.globo.com
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