Mais de um terço dos alimentos produzidos globalmente é desperdiçado, segundo dados da ONU. No Brasil, são 46 milhões de toneladas de comida jogadas fora anualmente; nos EUA, o número chega a 54 milhões. As razões variam: frutas e vegetais descartados por não atenderem a padrões estéticos, produtos industrializados próximos à validade ou embalagens com defeitos. Esse desperdício alimenta um mercado em crescimento: empresas que transformam “restos” em negócios rentáveis e sustentáveis.

IA reduz desperdício e salva 1,2 mil toneladas de alimentos

Nos EUA, a Misfits Market, fundada em 2018, vende frutas, legumes e produtos rejeitados por supermercados com descontos de até 30%. A operação funciona por assinatura: consumidores recebem semanalmente uma caixa com itens escolhidos no site. Em 2022, a empresa adquiriu a concorrente Imperfect Foods por US$ 1 bilhão, fortalecendo sua logística e operações. “Temos a oportunidade de reimaginar o sistema alimentar dos EUA, que está quebrado”, afirma o CEO Abhi Ramesh.

Na Europa, o app “Too Good to Go”, criado em 2015 na Dinamarca, conecta consumidores a estabelecimentos como padarias e restaurantes que vendem alimentos que seriam descartados. As “embalagens surpresa” têm preços reduzidos, beneficiando tanto consumidores quanto comerciantes. Presente em 17 países, incluindo EUA e Canadá, o app já conta com mais de 100 milhões de usuários e 170 mil parceiros.

No Brasil, a Food to Save segue um modelo semelhante. Fundada em 2021, a startup firmou parceria com o GPA em 2024 para vender “sacolas surpresa” de produtos próximos à validade em redes como Pão de Açúcar e Extra, com descontos de até 70%. A iniciativa busca evitar o desperdício e atender consumidores em busca de economia.

GPA e Food To Save unem forças contra desperdício de alimentos

Outro exemplo é a The Ugly Company, na Califórnia, que transforma frutas “feias” em snacks de frutas secas. Fundada por Ben Moore, agricultor de quarta geração, a empresa já salvou mais de 5 mil toneladas de frutas do desperdício. Em 2023, recebeu um aporte de US$ 9 milhões, com participação do músico Justin Timberlake, para expansão de vendas e melhorias na infraestrutura.

Essas empresas mostram que é possível aliar sustentabilidade e lucro, promovendo o consumo consciente e reduzindo o impacto ambiental do desperdício de alimentos.

Fonte: Investnews
Foto de Megan Thomas na Unsplash