Proibição de corantes artificiais nos EUA pode impactar o Brasil?

A decisão dos Estados Unidos de proibir a utilização de corantes artificiais até o fim de 2026 acendeu um alerta no mercado brasileiro. A medida envolve oito corantes sintéticos à base de petróleo utilizados em doces, cereais, bebidas e molhos. Segundo a FDA (Food and Drug Administration), esses aditivos estariam relacionados a problemas como obesidade, diabetes e câncer.
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A ação faz parte de um movimento iniciado em 2024, quando o Red 3 (Vermelho 3) foi retirado do mercado norte-americano. Agora, a FDA incentiva o uso de alternativas naturais, como sucos de beterraba, melancia e cenoura, enquanto a indústria alimentícia argumenta que os corantes sintéticos são mais estáveis e economicamente viáveis.
No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite atualmente 14 corantes artificiais, incluindo o Eritrosina (Vermelho 3), o Tartrazina e o Azul Brilhante. Em nota, a agência destacou que acompanha as discussões internacionais e está preparada para reavaliar os aditivos caso novas evidências científicas sejam apresentadas.
A professora Bethania Brochier, especialista em Engenharia de Alimentos da Unisinos, acredita que a tendência norte-americana pode ganhar força no Brasil:
“Muitas indústrias já estão em busca de alternativas naturais. O desafio é que os corantes sintéticos oferecem maior estabilidade, mas os naturais trazem benefícios à saúde, como as antocianinas da uva, que possuem ação antioxidante”, afirma.
Para a nutricionista Fernanda Huckembeck Nahas, a proibição dos corantes nos EUA representa um avanço na proteção da saúde, sobretudo das crianças. Segundo ela, os corantes artificiais, quando consumidos em excesso, podem estar relacionados a distúrbios como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
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“A indústria precisa repensar o uso de aditivos derivados do petróleo. O caminho natural é buscar alternativas menos prejudiciais e mais saudáveis”, ressalta a nutricionista.
Enquanto o debate avança, o setor alimentício brasileiro aguarda possíveis atualizações nas regulamentações da Anvisa, que reafirma seu compromisso com a segurança dos alimentos e o monitoramento de aditivos permitidos no país.




