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Embalagens inteligentes reduzem perdas nas padarias

As embalagens inteligentes ganham força na panificação brasileira ao ampliar a vida útil dos produtos e reduzir perdas em uma cadeia marcada pela alta perecibilidade. Para um setor que produz milhões de toneladas de pães, bolos e confeitos por dia, a eficiência na conservação e no giro de estoque tornou-se parte central da estratégia de competitividade.

Segundo Paulo Menegueli, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), a adoção de embalagens inteligentes tem avançado de forma consistente.

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Ele destaca que tecnologias capazes de controlar umidade, oxigênio e temperatura já ajudam a diminuir desperdícios em diferentes etapas da cadeia. A digitalização também começa a ganhar escala, com QR Codes e etiquetas inteligentes que orientam armazenamento, prazos e composição — ferramentas que ampliam transparência e reforçam segurança alimentar.

Sustentabilidade e eficiência como prioridades

Além do desempenho técnico, cresce a demanda por materiais recicláveis e biodegradáveis, redução de gramatura e uso racional de plásticos. Menegueli afirma que a Abip tem orientado empresas a adotarem práticas alinhadas ao ESG, com cartilhas e programas de capacitação que apoiam essa transição.

O desafio maior, segundo ele, está na chegada das embalagens inteligentes às pequenas e médias padarias, que representam mais de 80% do setor. Barreiras de custo e acesso tecnológico ainda limitam a adoção. Para reduzir esse gap, a Abip promove compras coletivas, facilitando a entrada de soluções inovadoras nessas empresas.

Tecnologia amplia conservação e rastreabilidade

Active packaging e atmosfera modificada

Entre as tecnologias em destaque estão as combinações de active packaging (AP) e modified atmosphere packaging (MAP). Eduardo Freire, estrategista de inovação e CEO da FWK Innovation Design, explica que absorvedores de oxigênio e emissores de etanol ajudam a frear bolores e leveduras, prolongando a qualidade de pães e buns.

A vida útil pode ultrapassar 16 dias com absorvedores de oxigênio e chegar a cerca de 24 dias com emissores de etanol, dependendo da formulação e das condições de armazenamento.

Sensores e indicadores para tomada de decisão

Freire destaca ainda o papel dos indicadores inteligentes, como TTI (time-temperature indicator) e sensores de oxigênio aplicados em etiquetas. Esses dispositivos sinalizam quebras da cadeia fria ou falhas no vácuo, permitindo ação imediata para evitar deterioração e organizar o markdown. A consequência direta é a redução de perdas e o aumento da previsibilidade no giro de estoque.

Design, marca e retorno financeiro

A inovação nas embalagens inteligentes também influencia percepção de valor. Pesquisas mostram que reciclabilidade e atributos de sustentabilidade impactam a decisão de compra, fortalecendo a marca sem comprometer performance técnica.

No campo econômico, Freire afirma que o retorno do investimento deve ser calculado pela redução de perdas. Soluções como previsão de demanda via inteligência artificial e preços dinâmicos por validade já se mostram eficazes: o markdown orientado pode reduzir desperdício em até 21% e elevar margens em cerca de 3%.

A recomendação é testar materiais e processos em ciclos A/B, garantindo que a economia gerada compense a troca do material e antecipe o ganho operacional.

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O próximo passo: prateleiras conectadas e visão computacional

Para Freire, o futuro da panificação combina embalagens inteligentes, visão computacional e automação. Na produção, sistemas de imagem ajudam a padronizar assamento e reduzir lotes fora de especificação. No varejo, etiquetas digitais e prateleiras inteligentes tendem a assumir parte das decisões de reposição e markdown, reduzindo resíduos e aumentando eficiência.

Digitalização e sustentabilidade guiam o setor

Na avaliação da Abip, o avanço das embalagens inteligentes é parte de um movimento mais amplo de modernização da panificação. Sustentabilidade, rastreabilidade, padronização e processos digitalizados devem orientar a próxima década.

Para Menegueli, o consumidor brasileiro tem papel ativo nessa transformação. A preocupação crescente com práticas sustentáveis pressiona o setor a acelerar mudanças — especialmente nas padarias, estabelecimentos que fazem parte da rotina de milhões de pessoas.

“As padarias têm um papel estratégico nessa evolução”, afirma o executivo.

Fonte: Super Varejo
Foto de Bilal Sheikh na Unsplash

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