Carne vegetal enfrenta queda e mercado desacelera

A carne vegetal perde espaço no mercado global e já não corresponde às projeções bilionárias feitas há alguns anos. O recuo do consumo, especialmente nos Estados Unidos, reflete no desempenho da Beyond — pioneira no segmento — que viu suas ações despencarem 98% desde 2019, quando chegou a ser avaliada em US$ 4 bilhões.
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No segundo trimestre de 2025, a receita líquida da companhia caiu para US$ 75 milhões, contra US$ 93 milhões no mesmo período do ano anterior. As vendas também encolheram 18,9%. Em meio à crise, a empresa anunciou que deixará de usar o termo meat em seu nome, passando a se chamar apenas Beyond, numa tentativa de reposicionar a marca.
O mercado norte-americano de carnes vegetais, que chegou a US$ 1,3 bilhão em 2020, recuou para US$ 1,1 bilhão em 2023, representando apenas 1% das vendas de carne nos EUA, segundo a Circana. A expectativa de alcançar US$ 30 bilhões até 2029, portanto, se mostra cada vez mais distante.
Barreiras de aceitação
Segundo Ethan Brown, CEO da Beyond, o maior desafio não está na formulação dos produtos, mas na percepção do consumidor. Testes em redes de fast food, como o McDonald’s, fracassaram: o sanduíche McPlant vendeu apenas 20 unidades por dia em alguns pontos, inviabilizando a operação.
Além disso, nutricionistas apontam que o produto enfrenta resistência entre veganos e vegetarianos, que preferem opções menos processadas. Para muitos, a proposta de imitar carne animal afasta, em vez de atrair consumidores.
O cenário no Brasil
No Brasil, a Fazenda Futuro reduziu investimentos após perdas de acionistas como o BTG. A presença digital e as ações de marketing foram cortadas, restringindo a atuação da marca a redes de supermercados de alto padrão. Pequenos negócios também sentiram os impactos: franquias como o açougue vegano No Bones, em Niterói (RJ), mudaram de foco para delivery de pratos vegetarianos, enquanto a matriz em São Paulo encerrou atividades.
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Futuro ainda incerto
Apesar do desaquecimento nos EUA e Brasil, a carne vegetal perde espaço de forma desigual pelo mundo. Na Europa, o setor movimentou US$ 2,47 bilhões em 2024 e deve crescer 16,2% ao ano até 2033. O avanço é impulsionado pelos flexitarianos — consumidores que buscam reduzir o consumo de proteína animal em função de preocupações ambientais.
Fonte: Uol
Foto de Stanley Kustamin na Unsplash