Indústria de laticínios aposta em inovação sustentável

A crescente demanda por alimentos mais saudáveis, acessíveis e sustentáveis está acelerando a transformação da indústria de laticínios. Leite, queijos e iogurtes seguem como pilares de uma dieta equilibrada, graças ao seu alto valor nutricional. No entanto, fatores como intolerâncias alimentares, restrições ao consumo de produtos de origem animal e preocupações ambientais estão exigindo novas abordagens.
Conheça a ascensão do soro de leite na indústria alimentícia
Entre as principais estratégias de inovação estão o reaproveitamento de coprodutos e a combinação de ingredientes lácteos com vegetais, ampliando o portfólio da indústria e reduzindo o impacto ambiental.
Coprodutos lácteos ganham protagonismo
Coprodutos como o soro de leite e o leitelho, historicamente subutilizados, vêm ganhando espaço como alternativas nutritivas e sustentáveis. Ricos em proteínas e com baixo teor de gordura, esses ingredientes podem ser incorporados em diferentes alimentos — desde bebidas lácteas até produtos panificados e doces.
O soro de leite já é amplamente utilizado na formulação de alimentos como sorvetes, doces de leite, chocolates e pães. De acordo com a Portaria nº 1.174, de 3 de setembro de 2024, outros coprodutos, como o leitelho, também são permitidos na composição de bebidas lácteas.
Estudos recentes indicam que a substituição parcial do leite por leitelho não compromete a qualidade de produtos como o iogurte tipo grego. A adoção desses ingredientes contribui para reduzir o consumo de leite fluido, com impacto direto nos custos ambientais da produção e transporte.
Integração de ingredientes vegetais e bioativos
Outra frente promissora está na combinação entre ingredientes lácteos e subprodutos vegetais. Pesquisas demonstram bons resultados com o uso de cascas de frutas e sementes na formulação de bebidas fermentadas, enriquecendo os produtos com fibras, antioxidantes e compostos bioativos.
Exemplos incluem o uso de casca de manga como substrato de fermentação (Vicenssuto e Castro, 2019) e o aproveitamento de cascas e sementes de maracujá no enriquecimento de iogurtes (De Toledo et al., 2018). Essas soluções dialogam com a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que agregam valor nutricional aos produtos.
A regulamentação brasileira, atualizada pela Portaria nº 1.174/2024, permite o uso de ingredientes não lácteos, desde que as características essenciais dos produtos sejam mantidas, incentivando a inovação alinhada às normas sanitárias.
Desafios e caminhos para o futuro
Apesar das oportunidades, a indústria de laticínios enfrenta desafios técnicos, regulatórios e de percepção do consumidor. A padronização de formulações, a estabilidade dos compostos bioativos e a aceitação sensorial ainda são barreiras relevantes.
Soro de leite impulsiona tecnologia e sustentabilidade
Além disso, a associação de coprodutos a ingredientes de menor valor pode impactar negativamente sua adoção. Superar esse estigma exige investimento em pesquisa, educação do consumidor e desenvolvimento de formulações que preservem sabor, textura e aparência.
Com o avanço da ciência e da tecnologia de alimentos, novas soluções devem emergir, transformando resíduos em recursos funcionais. A inovação nesse setor vai além do lançamento de novos produtos — envolve repensar processos e ampliar a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.
Fonte: Milkpoint
Imagem: Freepik