Indústria de proteínas cresce com onda dos emagrecedores

A indústria de proteínas vive um ciclo de expansão no Brasil, impulsionada pela busca crescente por alimentos ricos em proteína e pelo avanço dos medicamentos análogos de GLP-1, que alteram o comportamento alimentar ao reduzir o apetite e prolongar a saciedade. O movimento já orienta portfólios de grandes fabricantes e reposiciona categorias tradicionais.
GLP-1 redefine o consumo e abre caminho para novos ingredientes
Projeções da Global Burden of Disease e da Associação Médica Brasileira apontam que até 6% da população pode usar esses medicamentos nos próximos anos. Caso entrem no SUS, o percentual pode subir. Hoje, a indústria farmacêutica estima um mercado anual de R$ 5 bilhões. Diante desse cenário, empresas de alimentos monitoram como o consumo muda — com maior foco em densidade nutricional e porções menores.
Marcas ampliam oferta de pratos prontos proteicos
O Brasil, historicamente entre os maiores consumidores de proteínas animais, agora incorpora com mais força refeições prontas e produtos funcionais enriquecidos com proteína — tendência que reforça o avanço da indústria de proteínas.
A Seara, da JBS, lançou a linha Protein, com refeições congeladas que chegam a 30 g de proteína por porção. A iniciativa nasceu após a empresa identificar a migração do consumo de volume para o consumo de valor. Em testes com 200 consumidores, houve preferência por porções menores e mais densas. A marca pretende ampliar a presença nacional em 2026.
Na BRF, dona de Sadia e Perdigão, a linha Meu Menu foi desenvolvida com foco em equilíbrio nutricional, oferecendo até 24 g de proteína por refeição. A companhia observa que conveniência, saudabilidade e praticidade sustentam o crescimento das refeições congeladas no país, reforçando a relevância da indústria de proteínas.
Suplementação cresce e impulsiona novas categorias
Para a Danone, o interesse pela proteína está inserido em um contexto amplo de gestão de peso. Com 61% dos adultos com excesso de peso ou obesidade, segundo o IBGE, a companhia vem ajustando portfólio e posicionamento. O foco está em produtos que combinam proteínas, fibras, probióticos e baixo teor de açúcar, como Yopro, Activia 000 e Danone 5 Zeros.
Executivos avaliam que os medicamentos de GLP-1 aceleram, mas não originam, essa transformação. A leitura interna é que hábitos alimentares mais atentos à densidade nutricional tendem a se consolidar, mesmo sem os fármacos — ponto que reforça a força estrutural da indústria de proteínas.
Tendências internacionais mostram impacto nas compras
Nos Estados Unidos, onde cerca de 12% dos adultos já usaram medicamentos à base de GLP-1, estudos indicam queda de 6% a 11% nos gastos com alimentação. Há redução de ultraprocessados e aumento da busca por alimentos ricos em proteínas, fibras e baixo teor de açúcar.
A resposta das marcas confirma o movimento. A Nestlé lançou a linha Vital Pursuit, voltada a consumidores que usam os remédios. A Danone registrou crescimento expressivo nos iogurtes proteicos Oikos. Para o mercado global, a indústria de proteínas se consolida como um eixo estratégico.
GLP-1 altera dieta dos brasileiros e desafia indústria
Orientação profissional é essencial na fase de adaptação
Especialistas em nutrição e metabolismo explicam que a redução do apetite leva muitos usuários dos análogos de GLP-1 a comer menos vezes ao dia, o que exige maior atenção à qualidade das refeições.
A perda de peso rápida pode incluir redução de massa magra quando não há ingestão adequada de proteína. Em geral, a recomendação profissional varia entre 1,2 g e 1,6 g de proteína por quilo de peso corporal.
Nutricionistas também destacam que a mudança alimentar é metabólica e comportamental: consumidores passam a priorizar alimentos mais densos em nutrientes e a reduzir porções. O excesso de proteína, porém, pode trazer efeitos adversos em casos específicos, como sobrecarga renal.
Fonte: SA+ Varejo
Foto de Kelly Sikkema na Unsplash




