Startup aposta em IA para produzir alimentos no deserto

A produção de alimentos em regiões desérticas, como os países do Golfo Pérsico, enfrenta limitações severas: calor extremo, escassez hídrica e solo inóspito dificultam o cultivo local. Como consequência, nações como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Qatar dependem fortemente de importações, muitas vezes caras e com impacto na qualidade dos produtos.
Indústria de alimentos prevê expansão e modernização em 2025
A startup Pure Harvest, com sede nos Emirados Árabes Unidos, vem desafiando esse cenário ao implementar estufas climatizadas e sistemas inteligentes de cultivo. A empresa desenvolveu um modelo agrícola baseado em ambiente controlado, que permite o fornecimento local de frutas vermelhas, tomates, folhas verdes e pimentões durante todo o ano.
Com US$ 287 milhões (R$ 1,6 bilhão) captados em investimentos, a Pure Harvest utiliza irrigação por gotejamento, redes de proteção e inteligência artificial para otimizar o uso de recursos naturais. Segundo o CEO Sky Kurtz, o sistema consome apenas um sétimo da água usada por estufas convencionais da região.
A empresa já atua nos Emirados Árabes e na Arábia Saudita, e prepara sua expansão para o Kuwait, Singapura e Marrocos. A escolha desses mercados é estratégica: Singapura importa quase todos os alimentos que consome e o Marrocos oferece proximidade com a Europa.
Além de reduzir a dependência de importações, o modelo da Pure Harvest também diminui as emissões de carbono associadas ao transporte aéreo de alimentos. A operação prioriza práticas sustentáveis, como o uso mínimo de fertilizantes e o controle biológico de pragas.
Tendências para 2025 destacam ingredientes regionais
Um dos principais desafios da empresa é o consumo energético das estufas. Para contornar essa questão, a Pure Harvest vem investindo em energia solar: na Arábia Saudita, 80% da eletricidade usada é de origem renovável.
“Desvinculamos a produção de alimentos das condições climáticas. Com tecnologia, energia e investimento, é possível cultivar em qualquer lugar”, afirma Kurtz.
Fonte: Um planeta só
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