Bebidas alcoólicas buscam retomada no fim do ano
As bebidas alcoólicas atravessam o fim de 2025 sob sinais de retomada após o impacto inicial causado pela crise de confiança ligada à intoxicação por metanol. Nas semanas seguintes à repercussão do caso, dados da Varejo 360 mostraram quedas expressivas nas vendas no estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que o setor se mobilizou para reforçar segurança, origem e transparência junto ao consumidor.
Queda imediata e início da recuperação
No dia 25 de setembro, as vendas de bebidas alcoólicas recuaram mais de 35% em comparação com a mesma semana do ano anterior. No dia seguinte, a queda ainda era de 25%. O levantamento considerou 33,7 mil notas fiscais emitidas em adegas, lojas de conveniência, supermercados e varejistas de autoatendimento.
Crise do metanol mobiliza governo e indústria de bebidas
Segundo Fernando Faro, diretor de operação e cofundador da Varejo 360, as categorias mais afetadas no primeiro momento foram gin, vodca e uísque. A recomposição, porém, começou cedo, impulsionada pela busca por varejistas mais estruturados e capazes de assegurar a procedência dos produtos.
Migração para canais de maior confiança
A percepção de risco levou consumidores a reforçar critérios de escolha, priorizando estabelecimentos com controles mais rigorosos de origem.
“Hoje elas estão menos receosas — desde que observem o local do qual compraram. É um movimento natural”, avalia Faro.
Movimento conjunto para reforçar segurança
O setor lançou, em 17 de setembro, a plataforma Bebida Legal, criada para ampliar a segurança das bebidas alcoólicas e combater falsificação. A iniciativa reúne governo paulista, associações como ABBD e Abrabe e empresas do segmento.
Entre as ações, a Diageo apresentou o movimento “Da nossa fábrica para o seu drink”, reforçando sua política de controle em produção e distribuição. A campanha, criada pela AlmapBBDO, também indica varejistas homologados no e-commerce The Bar.
A CRS Brands, dona de Roskoff, Cereser e Old Cesar 88, ampliou esforços em marketplace e em vendas diretas. A companhia vem estimulando consumidores a priorizar grandes redes e fornecedores reconhecidos, além de fortalecer sua loja própria em Jundiaí.
Black Friday e festas reacendem a demanda
O segundo semestre é decisivo para as bebidas alcoólicas, com a Black Friday, as festas de fim de ano e a chegada do verão. Pesquisa da MindMiners mostrou que alimentos e bebidas estiveram entre as categorias mais procuradas na Black Friday de 2024, com metade dos entrevistados antecipando compras de Natal.
Marketplace reforça rastreabilidade
Mercado Livre, Magalu e outros varejistas digitais intensificaram políticas de controle de origem.
– O Mercado Livre mantém validação direta com fabricantes.
– O Magalu comercializa destilados apenas de estoque próprio e sellers com comprovação de compra junto às indústrias. Nos últimos três meses, 95% das vendas de destilados vieram dessa base.
– O Zé Delivery lançou a campanha “Black Friday chama Zé Delivery”, aproveitando o aumento da busca por conveniência.
A CRS Brands também fortaleceu parcerias com distribuidores idôneos para garantir que os produtos cheguem ao pequeno varejo com segurança — ponto considerado crítico para manter a oferta de espumantes e cidras, categorias tradicionalmente sazonais no fim do ano.
Bebidas funcionais e sem álcool ganham força em 2025
Expectativa de promoções mais intensas
Para Faro, o cenário atual pode levar a uma Black Friday mais agressiva nas promoções de bebidas alcoólicas, estratégia que ajudaria a mitigar a queda inicial. “São categorias importantes no final do ano, então todos estão comprometidos com esse resgate”, afirma.
Treinamentos e novas certificações em estudo
A ABBD coordena outras ações em andamento, como:
- capacitação de bares e restaurantes para identificar bebidas autênticas (mais de 13 mil estabelecimentos certificados);
- protocolos com o Governo de São Paulo para criação de selos de origem;
- Sala de Informação digital para orientar consumidores;
- parcerias para verificação de dados;
- campanhas educativas sobre riscos e compra segura.
No Congresso, a entidade apoia o projeto que tipifica adulteração intencional de bebidas como crime hediondo. Empresas também avaliam tecnologias de autenticação em embalagens e até testes rápidos para uso em bares ou pelo próprio consumidor.
Fonte: Meio e Mensagem
Foto de Louis Hansel na Unsplash
