Carolina Godoy
Head of Growth & New Digital Business – Grupo Equilibrium
Nutricionista, Técnica em alimentos e MBA em marketing
O encanto da categoria que mesmo sofrendo altas de preços, ainda assim não sai da mesa da maior parte dos brasileiros
Foi pensando em responder essa pergunta que comecei a pesquisa o que já estava acontecendo no setor, aqui no Brasil e em outros países.
Mas na minha pergunta já me deparei com outra. Será que o futuro é plant based ou será que o futuro é zero (ou quase) pegada de carbono?! Bom, parece que uma coisa está ligada a outra, e sim, está… o plant based visa uma redução importante na geração de CO2, além de outros objetivos claros, como não o sofrimento animal, melhor saúde, a questão da sustentabilidade é a principal bandeira. Mas nem sempre a resposta pela redução de CO2 e gastos de água, alimentação do gado, transporte, e desperdício da cadeia, é a mesma, o plant based.
De acordo com Eat Lanced Report, que foi um marco para o tema publicado em 2019, se não reduzirmos a metade nosso consumo de alimentos de origem animal e dobrarmos o consumo de vegetais, não teremos alimento para todas as pessoas do planeta terra até 2050! Uau… não sei se já fizeram as contas, mas 2050 tá logo alí…
(E se você perguntar se eu estou fazendo minha parte, terei que ser sincera em dizer, que penso nisso sempre, mas ainda não consegui mudar os hábitos alimentares, nem meus, nem da minha família. Por exemplo, todos os 4 tomamos leite todos os dias, pela manhã e noite. Poderia trocar por produto plant based que já tem uma entrega sensorial muito parecida com leite, poderia #sóquenão pois mesmo com aumentos do leite acima da inflação, por anos consecutivos, mas esses produtos ainda custam em média 4x mais caro…)
Os lácteos ainda reinam, não só na minha família, mas na mesa dos brasileiros.
De acordo com A Kantar, os Iogurtes por exemplo, permanecem em 70% das cestas de compra dos lares e mesmo tendo uma queda importante com a pandemia, voltou a crescer.
Aliás, se você quer entender mais sobre um panorama do mercado de lácteos, eu conversei com Marcelo carvalho, CEO da Milk Point em um podcast no BHBFOOD.
É papel da indústria de que vive da venda de lácteos mudar esse cenário?
SIM! Também! Marcas que olham para inovação não podem deixar isso passar! Aquela máxima de seja você mesmo a “quebrar” o seu negócio se aplica aqui. Mas criar uma marca plant based de forma paralela ao negócio, em 2023, já nos parece um pouco simplista.
Na SXSW, desse ano, maior evento de inovação do mundo que acontece em Austin, USA o Hamdi da CHOBANI, indústria láctea referência no mundo, pela renovação da categoria, por ter criado o iogurte “grego” e hoje pensar muito em sustentabilidade, falou:
“ um pote de iogurte natural não pode mudar o mundo, mas o jeito que o produzimos pode “ Hamdi Ulukaya – Founder e CEO da CHOBANI.
Eles criaram recentemente uma campanha ZERO WASTE:
Fonte: Chobani
E o que mais está rolando?
Uma das principais fontes de gás metano, é a criação de gado, os gazes emitidos pelos animais, impactam de forma muito agressiva a camada de oxônio. A empresa Symbrosia, conduziu o primeiro teste comercial de Asparagopsis do mundo em 2020 e obteve uma redução de mais de 75% no metano entérico
E a indústria de ingredientes, sempre a frente nas pesquisas também desenvolve grandes projetos que visam mais sustentabilidade, como:
E o consumidor?
Não é mais cool tomar leite? É o que dizem 50% dos jovens britânicos, geração Z, que sentem vergonha de beber leite na frente dos amigos. Pesquisa Arla Foods 2022
Por outro lado, 77% das pessoas dizem que ficam felizes em comer mais laticínios, caso contenham menos gordura, açúcar e alérgenos. Pesquisa TATE &LILE 2022
Uma solução pode ser o leite “ hibrido”?
É a aposta da marca Pâquerette & Campagne leite de vaca misturado om outros leites vegetais de sua preferência.
E claro, sabor e naturalidade é o que fideliza o consumidor na categoria, então, pq não inovar em formatos e ampliar o horizonte dos lácteos?
Como sorvetes liofilizados, que evitam a cadeia do FRIO?
Ou invadindo a categoria de Snacks como é o caso de NAERA, que até ganhou prêmios:
E leite de laboratório?
Também temos! Opalia Food, Start up canadense, em early stage, que tem o objetivo de introduzir uma nova era nos lácteos. Eles usam tecnologia para reproduzir leite por células mamárias:
E a Remilk, marca da gigante CBC Group, em Israel, dizem que farão até 2024 o leite sem vaca mais barato que leite de vaca:
Por um lado mais funcional, vemos:
- Bebidas de proteínas lácteas CLEAR, translucidas, que ainda não chegaram no mercado brasileiro, mas geralmente ligadas a um momento de consumo de bebidas mais refrescantes ou hidratantes, em que os lácteos não apareciam.
- Energéticos lácteos com proteínas
Uma coisa é certa, são vários caminhos de inovação possíveis, e todos buscam 2 principais objetivos:
- atender as dores e desejos do consumidor (sabor, saúde, estados, etc)
- cuidar do planeta
Essa é uma equação que, por muitas vezes não ficará tão equilibrada, mas nós, enquanto profissionais da indústria de alimentos, bebidas e suplementos, temos que trabalhar incessantemente para isso. “A Sustentabilidade, é a nova saudabilidade” Pense nisso em qualquer projeto que você for tocar.