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Venda de medicamentos em supermercados gera polêmica

A proposta de liberar a venda de medicamentos isentos de prescrição (MIPs) em supermercados tem gerado debate no setor. Um relatório do Itaú BBA avalia que a medida não deve contribuir para o controle da inflação dos alimentos e pode impactar negativamente as farmácias, que atualmente detêm a exclusividade na comercialização desses produtos.

Produtos nutricionais inovadores invadem supermercados

Os analistas do banco destacam que os MIPs representam cerca de 15% das receitas das principais redes de farmácias. Além disso, as margens brutas desses produtos variam entre 30% e 35%, superiores às de itens alimentícios, que giram em torno de 16% a 20%. Para os supermercados, a proposta pode ser vantajosa, mas não há garantia de que a rentabilidade obtida será repassada aos consumidores em forma de redução de preços dos alimentos.

Outro ponto destacado é a dificuldade operacional que os supermercados enfrentariam para atender aos requisitos sanitários, incluindo custos com armazenamento e contratação de profissionais farmacêuticos.

Segundo o relatório, experiências anteriores indicam que a inclusão de farmácias em supermercados não resultou em sucesso financeiro. “Supermercados já podem ter farmácias, tanto que várias redes têm operações bem sucedidas em vários estados do país. A inovação é querer colocar medicamentos na gôndola comum, sem farmácia nem farmacêutico, em uma regra totalmente descabida em um país que já tem problemas demais de adesão ao tratamento”, afirma Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias).

Para Barreto, essa não é a melhor maneira de ampliar o acesso para a população. “Do contrário, vamos incorrer em mais agravos de saúde em médio prazo”, destaca.

A preocupação com a automedicação também é um obstáculo para a aprovação da proposta. Especialistas alertam para os riscos de intoxicações e uso inadequado dos medicamentos, uma das principais causas de internações hospitalares relacionadas a fármacos no Brasil.

Quantos anos levamos para colocar ordem nesse mercado? As farmácias hoje são obrigadas a ter um farmacêutico de plantão, que está ali para orientar as pessoas, tirar dúvidas, colocar uma ordem nas receitas. Agora, imagine sair vendendo isso em qualquer prateleira de supermercado?”, ressalta o médico Drauzio Varella. Mesmo que sejam medicamentos que não exijam receita médica, Varella destaca que esses remédios também apresentam efeitos colaterais. Em um vídeo divulgado nas redes, Varella chegou a considerar como “absurda” a discussão sobre a venda de remédios em supermercados.

Medicamentos GLP-1 impactam gastos alimentares nos EUA

Apesar da baixa probabilidade de aprovação, o Itaú BBA aponta que, caso ocorra, a medida pode beneficiar indústrias farmacêuticas, impulsionando as vendas de MIPs. Empresas como a Hypera, que possui forte presença no varejo, seriam algumas das principais beneficiadas. O setor segue acompanhando as discussões, com expectativa de que a proposta avance na Câmara, onde está em tramitação desde 2019.

Fonte: Neofeed
Imagem: Freepik e Reprodução

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