Extrativistas do Amapá exportam açaí em pó para os EUA
Os extrativistas do arquipélago de Bailique, no Amapá, realizarão este ano sua primeira exportação direta de açaí liofilizado para os Estados Unidos. A primeira remessa inclui dez toneladas do produto em pó, superando as 3,9 toneladas exportadas pelo Estado em 2023, conforme dados do Ministério da Agricultura.
Em 2023, o Brasil exportou 68,8 toneladas de açaí, sendo 71% desse volume oriundo do Pará. Os EUA são o principal mercado, recebendo mais de 90% das exportações, predominantemente realizadas por grandes empresas. Estas compram a produção de comunidades extrativistas ou de grandes produtores.
No caso de Bailique, a exportação será conduzida diretamente pelos produtores através da cooperativa AmazonBai, fundada em 2017 e composta por 144 cooperados. Segundo Amiraldo Picanço, presidente da cooperativa, o negócio deve gerar R$ 2,4 milhões para a comunidade e elevar a produção local de 75 para 350 toneladas anuais.
“Diferente de uma empresa, em que o lucro é dividido entre os donos, no nosso caso o resultado será repartido de forma justa e equitativa entre todos”, afirma Amiraldo. A cooperativa precisará beneficiar nove toneladas de fruto in natura para cada tonelada de açaí em pó, aumentando o volume adquirido dos associados.
Atualmente, a AmazonBai absorve cerca de 20% do açaí produzido pelos cooperados, e a expectativa é aumentar esse percentual para até 50% com as exportações. A meta é atingir 65% da produção dos cooperados, terceirizando o beneficiamento e destinando entre 15% e 25% para o consumo local.
Graças a uma política de preço fixo, a cooperativa paga até 30% a mais pelo açaí dos cooperados, evitando oscilações de mercado. A liofilização do açaí, segundo Andrea Azevedo, diretora executiva do Fundo JBS Amazônia, foi crucial para alcançar o mercado internacional, dispensando a logística fria e aumentando a durabilidade do produto.
Além dos EUA, a AmazonBai negocia exportações para outros quatro países. A cooperativa tem o potencial de se tornar um polo de beneficiamento e exportação na Amazônia, com outras cinco cooperativas interessadas em comercializar seus produtos através deste canal, conforme destaca Andrea Azevedo.
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Há séculos, povos ameríndios descobriram que queimando folhagens, caroços de frutas e outros resíduos, o solo tornava-se mais fértil, assemelhando-se à rica terra preta de índio, abundante na Amazônia. Uma rede de pesquisadores e agrônomos do Norte do país tem testado diferentes adubos para reproduzir essa fertilidade, visando garantir a oferta de nutrientes às plantas e reduzir os gastos dos produtores.
O caroço do açaí surgiu como uma solução nesse contexto. Antes considerado resíduo, o material atraiu a atenção por sua capacidade de reduzir significativamente o uso de fertilizantes químicos em lavouras de hortaliças e cereais, ao transformar-se em um carvão orgânico conhecido como “biochar”.
Produto nativo, o biochar de açaí tem atraído produtores rurais por seu potencial de condicionar o solo, sequestrar gases de efeito estufa e melhorar a absorção de nutrientes, especialmente na Amazônia, onde o solo degrada-se rapidamente.
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Fonte: globorural.globo.com
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