Executiva da Cargill está em busca do alimento do futuro
Sandra Biben, 50 anos, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Cargill, tem uma história marcante de infância: suas visitas ao Ceagesp, em São Paulo, ao lado dos pais, onde testemunhou o desperdício de alimentos. Essa imagem nunca a abandonou.
“Eu sabia que tinha que fazer algo a respeito.”
Atualmente, sua missão é garantir que nenhum alimento seja desperdiçado. Biben é a única mulher a ocupar este cargo na Cargill na América do Sul.
Localizado em Campinas, interior de São Paulo, o centro de inovações da empresa ocupa uma área de aproximadamente 10 mil metros quadrados, em uma região apelidada de Vale do Silício brasileiro, próxima ao acelerador de partículas Sirius.
Biben enxerga seu trabalho como montar um quebra-cabeça para definir o futuro dos alimentos. Em seus 27 anos de experiência na indústria alimentícia, ela passou por diversas áreas, desde controle de qualidade até engenharia de produtos, antes de assumir seu papel atual na Cargill.
“Na minha casa, assim como na Cargill, não toleramos o desperdício de alimentos. Na indústria, é crucial transformar cada recurso. Por exemplo, como podemos extrair proteína da ervilha de forma eficiente? Queremos maximizar o valor de toda a cadeia de produção”, afirma Biben.
O desenvolvimento e pesquisa de soluções alimentares são fundamentais para a Cargill, uma gigante com faturamento de US$ 165 bilhões em 2022. Além de suas marcas próprias, como o óleo Liza e o extrato de tomate Elefante, a empresa é procurada por gigantes do setor alimentício, como Nestlé, Burger King, McDonald’s, Unilever e Pepsico, para serviços de pesquisa e desenvolvimento.
O centro de pesquisa da Cargill trabalha constantemente para prever tendências da indústria alimentícia, indicar ingredientes e proporções ideais. Segundo Biben, é essencial compreender tanto o produto quanto o cliente, mesmo para as marcas próprias da empresa, que também passam por contínuo desenvolvimento e pesquisa para redução de custos sem comprometer a qualidade.
Um dos focos da pesquisa da Cargill é a ciência do consumidor, explorando tecnologias como o uso de aminoácidos extraídos de microorganismos em substituição às proteínas animais.
“A corrida é para entender as preferências do consumidor no futuro. As pessoas buscarão alimentos saudáveis, práticos e que respeitem as características regionais”, diz Biben.
Atualmente, a empresa está desenvolvendo produtos veganos voltados para a classe C, buscando aprimorar a cadeia de alimentos de forma mais sustentável.
Apesar da complexidade do desafio, Biben está determinada a montar o quebra-cabeça do Alimento do Futuro, mantendo o prazer na experiência de comer como um ponto central de sua pesquisa.
Fonte: Folha de São Paulo
Imagem: Reprodução / FolhaPress