Pesquisadores criam concentrado proteico de feijão fermentado
Pesquisadores da startup ProVerde, com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP, desenvolveram um concentrado de proteínas de feijão utilizando uma técnica sustentável que não utiliza água. Este novo produto visa atender ao crescente mercado de consumidores que preferem alimentos vegetais, como veganos e flexitarianos.
Carnes vegetais estão no prato de 26% dos brasileiros
A ideia foi concebida pela engenheira de alimentos Paula Speranza, fundadora da ProVerde. Ela desenvolveu o concentrado proteico e aplicou um processo de fermentação a cinco variedades de feijão, selecionando a que apresentou as melhores propriedades.
“A fermentação foi utilizada para melhorar o sabor, o aroma e as propriedades funcionais do concentrado, sem alterar suas características fundamentais”, explica Speranza. Este processo, já conhecido e utilizado para otimizar proteínas vegetais, foi fundamental para aprimorar as qualidades do produto.
Além de tornar o sabor mais agradável, a fermentação ajuda a resolver problemas como dificuldades para dissolver e formar espuma, características comuns em concentrados proteicos vegetais. No Brasil, já existe concentrado de feijão carioca, mas não fermentado. “Nosso diferencial é justamente a fermentação, que garante propriedades superiores”, afirma Speranza.
O produto desenvolvido pela ProVerde tem potencial para competir com proteínas de origem animal, como o whey protein, oferecendo uma alternativa vegetal de alta funcionalidade. Este novo ingrediente pode ser utilizado em uma ampla variedade de produtos, como macarrão, lanches esportivos e iogurtes, não se limitando apenas ao mercado de alimentos à base de plantas.
A escolha do feijão como matéria-prima se deve à sua grande disponibilidade no Brasil, o que torna a produção mais econômica em comparação com outros concentrados de proteína importados, como os feitos de ervilha e grão-de-bico. “Produzir concentrado de feijão no Brasil é mais vantajoso devido à disponibilidade contínua desse grão em diferentes regiões do país ao longo do ano”, destaca Speranza.
O mercado de proteínas vegetais está em crescimento, especialmente entre flexitarianos, que buscam produtos de origem vegetal com características semelhantes às da proteína animal. “Nosso objetivo é atender a essa demanda crescente por alimentos mais saudáveis e sustentáveis”, conclui Speranza, que também se identifica como flexitariana e defensora do consumo consciente e do impacto socioambiental positivo.
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Motivados por questões de meio ambiente e sustentabilidade, saúde e bem-estar, de ética e respeito aos animais, indivíduos de diversas regiões do mundo vêm mudando a forma que se relacionam com os alimentos, reduzindo progressivamente o consumo de carnes e de outros produtos de origem animal.
Hoje, é comum termos, ao menos, um conhecido, amigo ou familiar que se reconhece como vegetariano ou vegano, e essa procura por uma alimentação à base de plantas só cresce: nos últimos 10 anos, a busca pelo termo “vegano” aumentou mais de 400% (Google Trends, 2022).
Entre os países que manifestam maior interesse pelo tema estão Chile, em primeiro lugar, seguido por Brasil, República Dominica, Argentina e Espanha (Google Trends, 2022). Os número estão de acordo com a consulta do IBOPE (2018), que verificou 75% de crescimento da população vegetariana nas regiões metropolitanas do Brasil, entre 2012 e 2018. À época, a pesquisa demonstrou ainda que a 14% dos brasileiros se declaravam vegetarianos. Mas a revolução dos produtos alternativos a proteina animal visam atinguir toda a população, sendo ela vegetariana, vegana ou não.
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Fonte: https://pesquisaparainovacao.fapesp.br/
Foto de Milada Vigerova na Unsplash