Edição gênica elimina gases no feijão tradicional
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) modificaram geneticamente o feijão para reduzir os fatores antinutricionais responsáveis pela produção de gases, marcando um avanço na bioengenharia aplicada à alimentação. A inovação foi desenvolvida na unidade Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO), com o uso da técnica CRISPR, que desativou dois genes ligados à biossíntese de rafinose, um carboidrato difícil de digerir pelo organismo humano.
Cientistas apostam no feijão como alimento do futuro
A rafinose, presente em feijões e outros alimentos como lentilhas e brócolis, não é digerida pelas enzimas humanas, mas é fermentada por microrganismos intestinais, gerando gases como dióxido de carbono e metano. O estudo analisou a expressão genética em diferentes fases do desenvolvimento da planta e inativou os genes que sintetizam rafinose e estaquiose, outro carboidrato similar.
Segundo Rosana Vianello, uma das coordenadoras do projeto, a técnica CRISPR permite um melhoramento genético preciso, possibilitando o desenvolvimento de variedades mais atrativas tanto para consumidores quanto para produtores. “A edição gênica abre novas perspectivas para o aprimoramento da qualidade nutricional e tecnológica dos grãos”, afirma.
Atualmente, as gerações de plantas editadas estão sendo testadas em ambientes controlados para garantir a estabilidade genética da nova característica. Os testes de fenotipagem, que analisam as interações entre genética e ambiente, determinarão a eficácia na redução da rafinose. A previsão é que a variedade de feijão geneticamente editada seja lançada em até oito anos.
Pesquisadores criam concentrado proteico de feijão fermentado
Essa pesquisa promete melhorar a digestibilidade do feijão, mas também pode representar um marco no uso da biotecnologia para atender demandas nutricionais e de mercado.