Com alta nos preços, indústria busca alternativas ao cacau
A alta recorde nos preços do cacau e a pressão por sustentabilidade estão levando empresas de chocolate e confeitaria a investir em alternativas ao ingrediente. O movimento já atrai startups como a Celleste Bio, que recebeu US$ 4,5 milhões (R$ 27,8 milhões) em uma rodada de financiamento liderada pela Mondelez International, fabricante do Oreo.
Cacau em alta histórica: como otimizar na produção de chocolates e snacks?
Os preços do cacau, negociados em Nova York, ultrapassaram US$ 10 mil (mais de R$ 60 mil) por tonelada, três vezes o valor de janeiro. A escassez global é agravada por condições climáticas adversas na África Ocidental, principal região produtora, impactada por mudanças climáticas e doenças.
Michal Beressi Golomb, CEO da Celleste Bio, defende o cacau cultivado em laboratório como solução para a crise. “Sem mudanças, o chocolate pode desaparecer em duas décadas. Nossa tecnologia elimina a dependência da natureza”, afirma.
Além da Celleste Bio, outras iniciativas buscam alternativas. A finlandesa Fazer lançou um doce à base de centeio e coco, enquanto startups como a Voyage Foods produzem chocolates sem cacau usando sementes de uva e proteína de girassol.
Sustentabilidade e regulamentação
As inovações também ajudam a indústria a lidar com novas regulamentações, como a exigência da União Europeia de comprovar que o cacau não é cultivado em áreas desmatadas. Apesar do potencial, desafios como custos de produção e aprovação regulatória persistem.
Empresas como a Tate & Lyle apostam em adoçantes sintéticos derivados de plantas para atender à demanda por produtos mais saudáveis e acessíveis. A startup BioHarvest Sciences, parceira da Tate & Lyle, investiu US$ 100 milhões (R$ 600 milhões) em tecnologia para extrair compostos vegetais e ampliar a doçura sem amargor.
Confira soluções criativas para enfrentar a crise na cadeia de cacau
Enquanto o setor busca soluções, a meta de democratizar essas inovações permanece. “Os consumidores esperam indulgências sustentáveis e acessíveis”, diz Abigail Storms, vice-presidente sênior da Tate & Lyle. A viabilidade econômica, no entanto, ainda é um obstáculo a ser superado.
Fonte: Folha
Foto de Rodrigo Flores na Unsplash