Coca-Cola cresce com diversidade de portfólio e presença global

Mesmo em um cenário marcado pela retração do consumo e pelo avanço de medidas regulatórias, a Coca-Cola se destaca entre as grandes do setor de alimentos e bebidas. A empresa, que divulgará seus resultados trimestrais nesta terça-feira (22), deve apresentar aumento de 1,7% nas vendas, alcançando US$ 12,6 bilhões, segundo estimativas da FactSet.
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O lucro por ação esperado é de US$ 0,83, ligeiramente abaixo do mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o desempenho da companhia é considerado positivo frente a um ambiente desafiador — que inclui inflação elevada, receio de recessão e a popularização de medicamentos para perda de peso à base de GLP-1, que impactam diretamente o apetite por bebidas açucaradas.
Nos Estados Unidos, a indústria de refrigerantes enfrenta ainda o movimento regulatório “Make America Healthy Again”, liderado por Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde na gestão Trump. A campanha já resultou em restrições ao uso de vales-alimentação para a compra de refrigerantes em alguns estados, o que pode afetar parte das vendas da Coca-Cola no país.
A situação é acompanhada pela possível troca do adoçante da fórmula original nos EUA: o presidente Donald Trump anunciou que a empresa substituirá o xarope de milho por açúcar de cana. A Coca-Cola não confirmou a mudança, mas, se implementada, poderá aumentar os custos de produção devido à limitação da oferta doméstica e às tarifas sobre importações.
Apesar dos desafios, a Coca-Cola demonstra maior resiliência em relação a seus concorrentes. Isso se deve, em parte, à sua presença geográfica diversificada — os Estados Unidos respondem por 40% da receita — e ao crescimento consistente em regiões como Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio e África. No primeiro trimestre, a receita comparável cresceu 6%, mesmo com queda de 3% na América do Norte.
O portfólio variado também contribui para a performance. A Coca-Cola lidera o segmento de refrigerantes com baixo ou zero açúcar e opera em categorias como sucos, chás, cafés e leites. A marca Fairlife, voltada para produtos lácteos ricos em proteína, tem se destacado como motor de crescimento.
Analistas destacam ainda o poder de precificação da empresa, associado à execução eficiente em marketing e inovação. Segundo o Morgan Stanley, a companhia tem equilibrado a alta de preços em determinados mercados com expansão de volume em outros.
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Mesmo diante da valorização do dólar e de possíveis impactos nas margens por conta de tarifas globais, a Coca-Cola mantém perspectiva de resultados “administráveis”. As ações da empresa acumulam alta de 12,5% no ano e estão cotadas a US$ 70,07.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Reprodução