Festival BHB 2024 promove debates sobre saúde integrativa
Entre as inúmeras reflexões impulsionadas pelo BHB Festival 2024, o evento trouxe um tema polêmico: saúde e práticas integrativas. Enquanto uma parcela dos profissionais que atuam na área é favorável aos benefícios de tais práticas, outra é totalmente contrária e as colocam em xeque.
SEBRAE apoia BHB Festival para impulsionar mercado de alimentos saudáveis
Talvez tentar olhar as tendências na área da saúde seja uma boa maneira de pensar no desenvolvimento de novos produtos para o futuro. Mas o que é o futuro? Para Peter Kronstrøm, Fundador do Future Lounge e Head do Copenhagen Institute for Futures Studies Latin America, o futuro não existe, e cabe a cada pessoa criá-lo.
Kronstrøm destacou que o futuro da saúde está sendo redesenhado com o avanço da ciência e a transformação do comportamento dos consumidores. “Quando pensamos no futuro da nutrição, devemos entender como ferramentas tecnológicas, como a inteligência artificial, poderão nos guiar por novos caminhos.” No entanto, ainda é cedo para entender como as inovações vão impactar o setor em alguns anos.
Sobre a saúde integrativa, o futurista comentou sobre o seu papel de conectar medicina convencional, terapias complementares, mindfulness e alimentos funcionais para alcançar o equilíbrio entre corpo e mente.
Nesse sentido, ele destacou o valor emocional e nutricional da alimentação que não deve ser descartado, e trouxe um dado, de uma pesquisa realizada pela Stanford Medical School, de 2023, para exemplificar sua fala. O estudo mostrou o impacto da alimentação vegetariana e da alimentação animal na saúde. “A surpresa foi que nenhuma delas se mostrou superior. Descobriu-se que o impacto na saúde está mais relacionado ao que a pessoa pensa sobre o tipo de alimentação do que sobre o alimento em si.”
Foodservice: laboratório de inovação e crescimento
A descoberta dos sabores do Brasil é um tema sempre presente em feiras e congressos voltados à alimentação. Em um dos painéis do BHB Festival, os sabores da Amazônia foram destaque na fala de Jorge Mojica Aguirre, Fundador da DaSelva Foods, que tem como proposta democratizar o que a floresta amazônica oferece em termos de riqueza gastronômica. Em seu restaurante, localizado em São Paulo, Aguirre resgata a culinária amazonense na capital paulista com sabores inusitados para muitos.
Para Marisa Furtado, Consultora, Jornalista e Curadora do Madame Albergine Food Lab, a riqueza da Amazônia é ainda subaproveitada. “Temos na região uma cultura culinária que trabalha ingredientes locais e ancestrais, com sabores genuínos e expressivos pouco conhecidos.”
Sobre o papel do foodservice nessa jornada, Aguirre destacou que ele deve ser um centro de educação alimentar, e não apenas um restaurante. “É um laboratório de conhecimento que fornece ao consumidor a possibilidade de conhecer e resgatar a culinária de várias regiões.”
Inteligência artificial aplicada na saúde das pessoas e do planeta
A inteligência artificial vem mudando a forma como as pessoas estão se relacionando com a sua saúde, onde é possível notar um maior empoderamento do paciente.
Em sua apresentação, Regiane Relva, Professora da Fundação Dom Cabral, destacou que, mesmo com os altos investimentos previstos para o setor saúde, falta inovação que ajude os profissionais a terem uma visão integrada dos pacientes. Em sua palestra, a Internet das Coisas Médicas (IoMT) foi o destaque.
A importância dos dados foi um dos focos principais de sua fala. “Hoje, temos uma série de dispositivos capazes de gerar uma infinidade de dados que podem ser transformados em informações que nos ajudarão na melhor tomada de decisão.”
Regiane também trouxe algumas novidades que mostram como a tecnologia tem andado a passos largos na saúde, como a impressão de órgãos em 3D que poderão substituir órgãos doentes, ou a impressão de pele para testes de produtos.
Porém, a transformação digital que está sendo vivenciada passa por uma transformação cultural na qual é preciso colocar o paciente no centro do cuidado.
“A inteligência artificial vai nos ajudar a ter uma saúde melhor, mas ainda precisamos aprender a usar os dados e transformá-los em informações para que eles sejam, então, transformados em conhecimento.”
Longevidade: tendências em saúde e nutrição
Tatiana Gracia, Analista Comportamental e Gerontóloga, destacou para a plateia presente em sua apresentação a teoria dos 4 Ps: pessoas, planeta, propósito e prosperidade, criada por Gerd Leonhard, futurista e humanista. Esta abordagem antecipa as tendências futuras e propõe um questionamento profundo sobre o papel das empresas na sociedade moderna.
Foi essa reflexão que Tatiana buscou trazer. Ela comentou que, pela primeira vez na história do Brasil, quatro gerações estão convivendo ao mesmo tempo, cada qual com uma necessidade diferente, o que gera oportunidades para quem trabalha na área de saúde e nutrição.
Uma delas, foco da palestra, foi a geração prateada, que é aquela composta por pessoas com 50 anos ou mais, para quem a queixa é uma só: faltam produtos e serviços para atender às suas necessidades.
“São pessoas que não se sentem representadas. Dentro desse grupo, temos vários subgrupos com características bem peculiares. Temos desde aqueles que valorizam o conhecimento, chamados de autossuficientes ou sábios; os agregadores, que buscam manter laços com as pessoas; os cuidadores, sempre preocupados a atender seus entes queridos; os exploradores, sedentos por novas experiências, e aqueles que estão “em pausa”, ou seja, a vida está adequada para eles da maneira como está.”
Para atender a cada um desses grupos – e também às outras gerações – é preciso, segundo Tatiana, desenvolver uma visão completa, integral do ser humano. “É o que chamamos de modelo biopsicossocial, que envolve as dimensões biológica, psicológica e social de um indivíduo. Entender essa dinâmica é essencial para trabalhamos com e para o ser humano.”
Nesse contexto, Tatiana destacou a necessidade de as marcas desenvolverem empatia, colocando o ser humano no centro no processo de desenvolvimento de um novo produto, e não o produto em si.
Segundo a especialista, para que as marcas possam sobreviver a esse novo contexto, é necessário que elas sejam empáticas, inclusivas e socialmente relevantes.
Terpenos: importância e uso na saúde
A penúltima palestra que encerrou o primeiro dia de atividades do BHB Festival foi apresentada por Guilherme Marques, da Sylvestre Ingredientes Naturais. Sua apresentação destacou o potencial dos terpenos no setor de alimentos, abordando suas aplicações e benefícios para a saúde.
“Por possuírem propriedades inseticida, bactericida, fungicida, fitoterápica, solvente de gordura, entre outras, os terpenos podem ser utilizados como matéria-prima para a produção de diversos produtos.” Conservação de alimentos, cuidados à saúde, à beleza e aromatizadores são alguns de seus usos
Os terpenos são extraídos de diversas partes dos vegetais, incluindo sementes, flores, folhas, raízes, frutos, entre outras. Eles são encontrados em plantas como lavanda, eucalipto, bálsamo, cravo, sálvia, alecrim, hortelã-pimenta, lírio, limão, orégano e gengibre. Na alimentação, conferem sabores naturais e atuam como conservantes.
Marques destacou alguns exemplos das propriedades dos terpenos. Os de alecrim (óleo essencial), por exemplo, têm alta capacidade antioxidante, propriedades bactericidas e antidepressivas semelhantes às da fluoxetina.
Já o limoneno, um dos terpenoides produzidos pelos vegetais cítricos, também é um potente antibacteriano e antifúngico. O humuleno é um anti-inflamatório natural, assim como o mirceno, que também atua no combate ao estresse oxidativo.
O futuro das proteínas alternativas
O desenvolvimento de produtos que têm como base proteínas alternativas está pautado na necessidade de cuidar e preservar o planeta e na busca pela melhor qualidade de vida.
É sabido que a produção de alimentos é responsável por 1/3 das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o uso de proteínas alternativas pode reverter esse quadro. Em sua palestra, Juliana Glezer, Gerente Sênior de Inovação na Accenture, abordou as novas fontes de proteínas.
“Hoje, temos uma diversidade de opções, como produtos feitos à base de plantas, de insetos, produtos cultivados (como o salmão de laboratório) e as proteínas fermentadas (o processo consiste na ação de fungos e bactérias sobre diferentes fontes de carboidratos). Vemos ainda proteínas desenvolvidas à base de gás carbônico. Ou seja, tem muita coisa sendo pensada em prol da sustentabilidade do planeta e da nossa saúde”, comentou
Segundo ela, grandes empresas do setor alimentício, com sua visão de futuro aguçada, têm investido nesse mercado. Juliana acredita que as proteínas alternativas tornarão acessíveis alimentos escassos, mas ainda há o desafio de unir sabor, saudabilidade, preço e sustentabilidade.
Vitafor é marca mais lembrada pelos nutricionistas em 4 categorias
Batalha das Startups – conheça o vencedor
Com prêmios que somam R$100 mil em produtos e serviços, a Batalha das Startups 2024 teve o objetivo de reconhecer e premiar as empresas mais inovadoras e ousadas do setor de alimentação saudável.
Todos os anos, cinco finalistas disputam o prêmio. Nesta edição, a vencedora foi a Mombora, que produz gel de carboidrato natural para corridas, desenvolvido com frutas 100% nativas e sem aditivos artificiais.
Os demais finalistas foram:
– Generosa: marmita congelada saudável pronta para ser consumida.
– Mushin: suplementos alimentares à base de cogumelo.
– Origem: bebida energética produzida à base da fruta do café.
– Roomys: sorvete vegano sem glúten, leite ou açúcar.