Cervejarias investem R$ 17,5 bilhões no mercado premium

Com o consumo de cervejas premium em alta e mudanças no comportamento do consumidor, as principais indústrias do setor têm reforçado seus investimentos no Brasil. Desde 2020, Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis destinaram juntas mais de R$ 17,5 bilhões à expansão de fábricas e modernização de plantas, com foco em marcas de maior valor agregado e produtos com baixo ou zero teor alcoólico.
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O movimento ocorre em um cenário desafiador. Segundo a Euromonitor, o mercado brasileiro de cerveja deve registrar crescimento tímido de 1% em 2025, alcançando 14,9 bilhões de litros. No entanto, nichos como as cervejas sem álcool e as premium lager têm ganhado relevância. Apenas em 2024, a categoria zero ou low alcohol cresceu 18%, enquanto as premium tiveram alta de 4% em volume e crescimento expressivo em valor.
A Ambev lidera os aportes, com mais de R$ 10 bilhões investidos nos últimos três anos. Entre os destaques estão a nova linha de produção em Goiás, com capacidade de 60 mil garrafas por hora, e melhorias nas fábricas do Nordeste para ampliar a produção de marcas como Corona, Stella Artois, Spaten e Budweiser Zero. Em Minas Gerais, a companhia já ultrapassou a marca de 15 bilhões de latas produzidas por ano.
A Heineken também avança com força no mercado nacional. A fábrica de Passos (MG), com investimento de R$ 2,5 bilhões, é a maior já realizada pela companhia no Brasil. Outras unidades, como Igarassu (PE) e Alagoinhas (BA), também passaram por expansões. Segundo a empresa, os R$ 6,29 bilhões aplicados visam atender à crescente demanda por cervejas premium e garantir maior flexibilidade produtiva.
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Já o Grupo Petrópolis, dono da Itaipava, aposta na diversificação. Após inaugurar sua maior planta em Uberaba (MG), com investimento de R$ 1,2 bilhão, a companhia opera com alta ociosidade e tem direcionado esforços para categorias como energéticos e bebidas prontas. Em recuperação judicial desde 2023, o grupo firmou um financiamento de R$ 328 milhões para manter operações e garantir o fornecimento de insumos.
A tendência de crescimento do mercado premium é acompanhada de perto pelo Sindicerv, que vê na inovação e na ampliação do portfólio um caminho para estimular um consumo mais consciente e diversificado. As indústrias, por sua vez, buscam equilibrar o avanço das marcas de maior valor com a manutenção de competitividade no segmento econômico — ainda relevante para o mercado nacional.
Fonte: Valor Econômico
Imagem: Freepik