Cervejas sem álcool impulsionam inovação em ingredientes

As cervejas sem álcool deixaram de ser um nicho e se consolidaram como uma das principais tendências do setor de bebidas no Brasil. A mudança no comportamento do consumidor, somada ao avanço tecnológico e à evolução dos ingredientes, impulsiona um novo ciclo de inovação em um mercado que valoriza sabor, naturalidade e funcionalidade.
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Mercado de cervejas sem álcool cresce no Brasil e no mundo
O segmento de cervejas sem álcool apresenta expansão acelerada em todo o mundo. Segundo a Euromonitor International (2024), as vendas globais devem ultrapassar US$ 43 bilhões até 2027, crescimento de cerca de 25% em relação a 2022.
No Brasil, o desempenho é ainda mais expressivo. Dados da CervBrasil (2024) mostram que a produção nacional aumentou mais de 30% nos últimos dois anos, tornando o país o segundo maior mercado da América Latina para essa categoria.
A mudança reflete o novo perfil do consumidor. Segundo a NielsenIQ (2024), 64% dos brasileiros buscam bebidas com teor alcoólico reduzido ou nulo, e 48% associam as cervejas sem álcool a um estilo de vida mais equilibrado e saudável. O público é diverso — de jovens adultos preocupados com o bem-estar a motoristas e consumidores que valorizam o sabor da cerveja sem os efeitos do álcool.
Inovação em ingredientes e tecnologias de formulação
A consolidação das cervejas sem álcool está diretamente ligada à evolução dos ingredientes e processos produtivos. Um dos grandes desafios da indústria é preservar o perfil sensorial da cerveja tradicional mesmo após a retirada do álcool, que contribui para o corpo, aroma e sabor da bebida.
Para alcançar esse equilíbrio, fabricantes têm adotado fermentação controlada, leveduras não convencionais e processos de dealcoolização em baixa temperatura, que ajudam a minimizar perdas aromáticas. Segundo o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL, 2023), o uso de cepas como Saccharomyces ludwigii e outras não-Saccharomyces reduz naturalmente o etanol sem comprometer compostos voláteis essenciais.
A indústria também investe em maltes especiais, fibras solúveis, betaglucanas e extratos de cereais, que aprimoram corpo e textura. Já os aromatizantes naturais e moduladores de sabor equilibram o perfil sensorial, simulando o balanço característico das versões alcoólicas.
Naturalidade e clean label ganham força no setor
O movimento em direção à naturalidade e rótulos limpos reforça a busca por transparência e saudabilidade. De acordo com o relatório Mintel “Alcohol Alternatives Trends 2024”, 72% dos consumidores brasileiros consideram essencial que as cervejas sem álcool sejam formuladas com ingredientes naturais e livres de aditivos artificiais.
Essa tendência impulsiona o uso de enzimas naturais, extratos vegetais antioxidantes e estabilizantes de espuma naturais, substituindo compostos sintéticos. O aproveitamento de maltes regionais e adjuntos locais, como mandioca e sorgo, também ganha relevância, tanto pela sustentabilidade quanto pela criação de perfis sensoriais únicos.
Novas oportunidades para ingredientes e formulações
O crescimento das cervejas sem álcool abre espaço para fornecedores de ingredientes, startups de biotecnologia e centros de pesquisa. A busca por soluções que garantam textura, estabilidade e autenticidade sensorial tem estimulado parcerias e acelerado o desenvolvimento de novas formulações.
Ferramentas de inteligência artificial e modelagem molecular já são utilizadas para prever interações entre ingredientes e antecipar resultados sensoriais, reduzindo custos e tempo de desenvolvimento.
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O relatório “No & Low Alcohol Strategic Review 2024”, da IWSR, coloca o Brasil entre os dez países com maior potencial de crescimento para as cervejas sem álcool até 2026, com destaque para marcas premium e formulações mais funcionais.
Fonte: Aditivos Ingredientes
Foto de Bohdan Stocek na Unsplash




