Terry Smith, um dos mais renomados investidores de Londres, está atento aos possíveis efeitos de medicamentos para perda de peso, como o Ozempic, na indústria de bebidas alcoólicas. Conhecido como o “Warren Buffett inglês”, Smith vendeu sua participação na Diageo, dona de marcas como Guinness, Smirnoff e Tanqueray, após mais de uma década, citando sinais iniciais de redução na demanda.

Refeições menores e nutritivas: indústria reage ao efeito Ozempic

“É provável que esses medicamentos sejam usados para tratar alcoolismo, dado o impacto que têm sobre o consumo de bebidas alcoólicas”, escreveu Smith em uma carta divulgada hoje. Sua gestora, a Fundsmith, administra um patrimônio de 39 bilhões de libras esterlinas (cerca de US$ 44 bilhões).

Além do efeito dos medicamentos, Smith criticou a transparência da Diageo em relação ao fraco desempenho de vendas na América Latina. Sob o comando da CEO Debra Crew, a empresa reportou em 2023 um declínio de receitas na região, com estoques elevados e queda na demanda.

Apesar da saída da Diageo, Smith mantém sua posição na Brown-Forman, fabricante do Jack Daniel’s. Segundo ele, a empresa está mais voltada para bebidas premium, o que pode atenuar os impactos das drogas para perda de peso no setor. “A tese é que as pessoas vão beber menos, mas vão beber melhor”, afirmou.

O Ozempic e o Wegovy, fabricados pela Novo Nordisk, são medicamentos amplamente utilizados para tratar diabetes e obesidade. Usuários relatam uma redução no apetite e na vontade de consumir álcool, atribuída ao impacto da substância GLP-1 no cérebro, especialmente em receptores que influenciam os níveis de dopamina. Estudos iniciais indicam que essas drogas podem ajudar a diminuir o consumo de álcool e até de substâncias como cocaína e nicotina em animais, mas faltam pesquisas conclusivas em humanos.

Danone e Nestlé inovam produtos devido ao efeito Ozempic

Nos Estados Unidos e Dinamarca, pesquisadores independentes estão conduzindo estudos sobre o potencial uso do GLP-1 no tratamento do alcoolismo. No entanto, a Novo Nordisk não está diretamente envolvida nessas investigações.

Fonte: Exame
Imagem: Reprodução