Fazenda Futuro investe na expansão americana
A Fazenda Futuro, foodtech brasileira especializada em alimentos à base de plantas, completou dois anos em maio de 2021. Em 24 meses de operação, o negócio já está presente em 24 países. Os números iguais são mais uma coincidência do que uma meta. Mas demonstram o que Marcos Leta, fundador da startup, descreve como a consequência de um trabalho bem-feito e o aproveitamento de uma categoria de produto com muito potencial de crescimento.
“O segmento plant-based ainda é muito novo, está em construção”, diz Leta, em entrevista a PEGN. Dados da agência Euromonitor mostram que o Brasil registrou nos últimos cinco anos um crescimento anual de 11,1% nas vendas de produtos que substituem a carne animal. No ano passado, foram US$ 82,8 milhões (R$ 418,7 milhões) de receita, uma alta de 69,6% em relação a 2019. Para 2025, a projeção é chegar a US$ 131,8 milhões (R$ 666,5 milhões).
O empreendedor destaca que a startup primou por estrear no mercado já em patamar de igualdade com concorrentes estrangeiros. “Iniciamos a categoria no Brasil da forma mais correta possível, trazendo alimentos plant-based de qualidade e com complexidade tecnológica de mercados como Estados Unidos e Europa, bem mais experientes no setor”, diz.
Agora, a prioridade é conquistar o mercado norte-americano, recém-desbravado pela Fazenda Futuro. A foodtech chegou aos Estados Unidos em março, e Leta se prepara para melhorar a operação no país. “Os resultados positivos destes dois anos nos permitiram antecipar o plano de ocupar o maior mercado plant-based do mundo”, afirma. Para fazer frente aos líderes do segmento, players consolidados como Beyond Meat e Impossible Foods, a startup está reforçando o time.
Entre os novos talentos está Alexandre Ruberti, que assume como CEO e sócio da foodtech nos Estados Unidos. Ex-presidente da Red Bull no país, o executivo será responsável por estruturar a operação local, que ganhará corpo nos meses de junho e julho deste ano. Baseado em Los Angeles, Ruberti cuidará da operação administrativa, da logística e de armazenagem dos produtos, além da busca por parcerias com varejistas locais.
A ideia é que a sede na Califórnia se torne um hub regional, atendendo toda a região dos Estados Unidos e do Canadá. Operações similares foram montadas em Londres, na Inglaterra, que opera como um hub europeu, e no Brasil, que atende toda a América do Sul. A produção, contudo, continuará ocorrendo somente em Volta Redonda (RJ). “E seguirá assim. Não pensamos em levar as fábricas para fora do país. A ideia é incentivar e intensificar a tecnologia local, com vegetais brasileiros”, afirma.
O plano de expansão para os Estados Unidos foi antecipado por dois motivos: um aporte recente de R$ 115 milhões, liderado pelo BTG Pactual e realizado em setembro do ano passado, e os bons resultados do último ano. Um reposicionamento da Fazenda Futuro durante a pandemia garantiu a manutenção das vendas. “Sabíamos que restaurantes passariam por restrições por um período incerto, então focamos nossos esforços no varejo”, diz Leta.
A aceleração no mercado europeu também rendeu. “Conseguimos antecipar a nossa entrada nessa região em um ano. Chegamos em outubro de 2020 e traçamos a expansão de 2021.” Hoje, a Fazenda Futuro já está nos principais varejistas da Inglaterra, da Itália e da Holanda. “A rodada Série B foi usada para estruturar a equipe de vendas e aumentar o número de colaboradores na Europa. Os investimentos ajudam a acelerar movimentos dentro da companhia.”
Para este ano, o público pode esperar mais dois novos produtos da foodtech. Sobre enfrentar novos – e maiores – concorrentes nesta nova fase, o empreendedor é assertivo: “As empresas de plant-based não são nossas concorrentes. Os frigoríficos, sim. Quanto mais plant-based, melhor”.
Fonte: Revista PEGN.