Um estudo publicado na revista Matter trouxe uma nova perspectiva na produção de alimentos, apresentando o conceito inovador de “carne-arroz”. O processo envolve o uso de arroz como suporte para o crescimento de células musculares e de gordura da carne bovina, resultando em uma combinação comestível que oferece uma fonte alternativa de proteína.

Conduzido por uma equipe de pesquisadores sul-coreanos, o estudo emprega métodos de fabricação semelhantes aos usados em outros produtos cárneos cultivados, onde as células animais são cultivadas em laboratório. A principal vantagem dessa abordagem é a adição de nutrição ao arroz, visto que o arroz bovino resultante possui um teor ligeiramente superior de gordura e proteína em comparação com o arroz convencional.

Os pesquisadores estão otimistas quanto ao potencial do arroz bovino como um suplemento alimentar para comunidades com insegurança alimentar e até mesmo para alimentar tropas, além de vislumbrarem uma possível redução do impacto ambiental associado à criação convencional de gado para carne.

O estudo reflete uma tendência crescente na busca por fontes alternativas de proteína e por métodos mais eficientes na produção de alimentos. Projetos semelhantes de carne cultivada têm surgido nos últimos anos, abrangendo desde filés de salmão até produtos semelhantes à carne moída. No entanto, até o momento, apenas os Estados Unidos e Singapura aprovaram a venda de carne cultivada em laboratório.

Os pesquisadores enfrentaram desafios técnicos durante o processo de desenvolvimento do arroz híbrido. Inicialmente, tentativas de cultivar células bovinas diretamente nos grãos de arroz mostraram-se pouco eficazes. No entanto, ao revestir o arroz com gelatina de peixe e um aditivo alimentar conhecido como transglutaminase microbiana, eles conseguiram melhorar significativamente a fixação e o crescimento das células.

Após o período de cultivo, o arroz com infusão de carne bovina foi submetido a testes nutricionais. Embora tenha sido observado um aumento marginal no teor de gordura e proteína em comparação com o arroz convencional, os pesquisadores acreditam que é possível melhorar esses valores aumentando a densidade de células bovinas nos grãos de arroz.

Um aspecto crucial do projeto é manter o preço acessível, especialmente para comunidades com insegurança alimentar. Estima-se que o custo do arroz híbrido seja comparável ao do arroz normal, enquanto proporciona uma alternativa mais econômica à carne bovina.

Jon Oatley, biotecnólogo animal da Universidade Estadual de Washington, enfatiza o potencial do arroz híbrido como uma fonte de nutrição acessível e eficiente. Yuen, engenheiro de tecidos e biólogo molecular da Universidade Tufts, expressa interesse na ideia, destacando a conveniência de uma solução alimentar tão simples como um único grão de arroz.

Em última análise, se a produção em larga escala for viável, o arroz híbrido poderá representar uma mudança significativa no fornecimento de proteínas, oferecendo uma alternativa sustentável e acessível aos métodos convencionais de produção de carne.

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Fonte: Nature