Probióticos ganham espaço no cuidado da menopausa

O uso de probióticos na menopausa vem ganhando destaque como uma alternativa natural para aliviar sintomas e promover o bem-estar feminino. Com o avanço da ciência e o aumento da conscientização sobre saúde hormonal, microrganismos vivos — já conhecidos pelos benefícios ao intestino — começam a ser estudados também por seus efeitos no equilíbrio metabólico e emocional das mulheres nessa fase.
Galunion Insights: tendências transformam o foodservice
Ondas de calor, alterações de humor, insônia, ganho de peso e secura vaginal são sintomas que afetam milhões de mulheres em todo o mundo durante a transição da menopausa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2030 o planeta terá cerca de 1,2 bilhão de mulheres menopáusicas ou pós-menopáusicas, mas 91% delas afirmam nunca ter visto campanhas ou produtos voltados a essa etapa da vida. Esse cenário está mudando à medida que novas pesquisas e hábitos de autocuidado ganham força.
O papel dos probióticos na menopausa
A queda dos níveis de estrogênio durante a menopausa afeta diretamente a flora intestinal e vaginal, aumentando processos inflamatórios e agravando sintomas como ondas de calor, distúrbios do sono e desconfortos urogenitais. É nesse ponto que os probióticos na menopausa entram como aliados estratégicos.
“A ciência tem mostrado que a menopausa não afeta apenas o equilíbrio hormonal, mas também a microbiota intestinal e vaginal. Cuidar da saúde digestiva pode refletir diretamente no bem-estar físico e emocional”, explica Barbara Peters, PhD em nutrição e cientista de inovação da IFF, empresa de biotecnologia.
De acordo com Peters, o declínio do estrogênio está associado à disbiose — o desequilíbrio da microbiota —, o que pode afetar a absorção de nutrientes, o controle do humor e a imunidade. “Probióticos específicos podem modular a inflamação, favorecer a produção de neurotransmissores e melhorar a saúde vaginal, óssea e metabólica”, destaca a especialista.
Mercado em ascensão
O mercado latino-americano de produtos voltados à menopausa movimentou US$ 737,2 milhões em 2024, segundo a Grand View Research, e deve crescer 6,9% ao ano até 2030, alcançando US$ 1,1 bilhão. O Brasil é o principal destaque da região, com receita de US$ 384,4 milhões em 2024 e previsão de atingir US$ 527,1 milhões até o fim da década.
Dentro desse contexto, os suplementos alimentares — especialmente os probióticos — despontam como um dos segmentos mais promissores. Um estudo com 130 mulheres pós-menopáusicas mostrou que a combinação de isoflavonas de soja e Lactobacillus sporogenes por um ano reduziu significativamente sintomas como ondas de calor e secura vaginal.
“Os probióticos atuam equilibrando o ecossistema microbiano e interagindo com o sistema imunológico. Esse duplo efeito é essencial para regular funções hormonais e metabólicas que impactam o cotidiano da mulher na menopausa”, explica Peters.
Menopausa sem tabu
Por muito tempo, o tema foi tratado com silêncio e desinformação. Uma pesquisa da IFF com 639 mulheres latino-americanas mostrou que mais da metade sofre com sintomas como fogachos, distúrbios do sono e ganho de peso, mas ainda encontra barreiras para falar sobre o assunto. A abertura desse diálogo é considerada essencial para o avanço das políticas públicas e do desenvolvimento de soluções em saúde feminina.
Creatina e melatonina impulsionam mercado de suplementos
“A menopausa não deve ser vista como o fim de um ciclo, e sim como o início de uma nova etapa. Informação e acesso a alternativas seguras aumentam a autonomia das mulheres para viverem essa fase com qualidade”, reforça Peters.
Com o envelhecimento populacional e o fortalecimento de uma geração de mulheres mais conscientes sobre o próprio corpo, os probióticos na menopausa simbolizam mais que uma tendência de mercado — representam uma mudança de paradigma na forma de cuidar da saúde feminina, conectando ciência, nutrição e bem-estar integral.