Melatonina – a mais nova substância liberada em suplementos pela ANVISA
Uma pesquisa realizada em abril deste ano apontou que 65% dos brasileiros tem problemas no sono. E de acordo com a Organização Mundial da Saúde a temática afeta 40% da população mundial. Um sono reparador contribui para manutenção da saúde física e mental, sendo assim cada vez mais almejado.
Existem diversas estratégias para melhorar a qualidade do sono como diminuir o uso de telas antes de dormir, implementar uma alimentação saudável ao longo do dia, suplementos, entre outras. Dentre a categoria de suplementos temos a melatonina.
A melatonina é um hormônio conhecido como ”indutor do sono’’. Em sua forma natural, é advinda dos alimentos fontes de triptofano. Em forma sintética é advinda da suplementação.
A substância favorece a manutenção do sono, tem efeito antioxidante e atua no sistema imunológico. Sendo indicada para pessoas que estão com alterações no sono por conta do jet lag, trabalhadores noturnos, idosos, entre outros.
A situação regulatória da melatonina ao redor do mundo é diversa.
Em países como a Argentina, Austrália, Canadá e Chile, a melatonina se enquadra como medicamento, enquanto em outros como a Alemanha, Bélgica, Chipre, Croácia e Espanha, a melatonina pode ser considerada tanto suplemento alimentar quanto medicamento, dependendo da dose diária.
Nos Estados Unidos, a melatonina é comercializada exclusivamente como um suplemento alimentar.
No Brasil, a substância acaba de ser liberada pela ANVISA após proposta de Consulta Pública! A partir da publicação da nova instrução normativa no Diário Oficial da União as empresas já podem comercializar suplemento alimentar à base de melatonina.
A aprovação da Diretoria Colegiada ocorreu por meio da alteração da Instrução Normativa (IN) 28/2018, que aprova a lista de constituintes autorizados para uso em suplementos alimentares.
Visto que grande parte da população possui alterações no sono, a procura por este suplemento tem crescimento exponencial mundialmente.
DOSAGEM
No Brasil, o uso da substância foi liberado com as seguintes condições: deve ser fonte de substância bioativa, não tem limite mínimo, mas tem limite máximo de 0,21 mg/dia, indicado para o grupo populacional de adultos (maiores de 18 anos), sem alegação de propriedade funcional.
Em países como os Estados Unidos a dosagem liberada varia entre 0,0125 a 20 mg/dia, com um valor médio de 3,5 mg/dia. Por sua vez no México as doses variam de 1,5, a 5mg/dia.
A discrepância entre as doses liberadas no Brasil e em outros países é significativa, e dessa forma, é inevitável que surjam questionamentos quanto à eficácia da dosagem.
O QUE A CIÊNCIA DIZ
A literatura científica é vasta quanto os efeitos fisiológicos e metabólicos do uso da melatonina e eminentes benefícios advindos de sua suplementação. Visto isso, foram realizadas diversas revisões sistemáticas e metanálises ao longo dos anos com o objetivo de avaliar a sua eficácia e biossegurança do hormônio.
Na tabela abaixo temos alguns estudos sobre o uso de melatonina para avaliar o efeito no jet lag, a eficácia e segurança no tratamento de transtornos primários e secundários do sono. Confira em detalhes a seguir:
Estes são apenas alguns dos estudos ao longo dos anos e conclui-se que a melatonina pode ser utilizada para diferentes objetivos, mas que o uso mais comum se trata da melhoria dos distúrbios do sono.
INDICAÇÕES:
Entre as indicações para o uso da melatonina estão trabalhadores noturnos que precisam regular o sono durante o dia, quem precisa se recuperar do fuso horário, deficientes visuais que possuem alterações no relógio biológico devido à ausência da percepção da luminosidade, idosos.
O uso da melatonina é muito eficaz em indivíduos que possuem dificuldade em iniciar o sono, tem o sono muito fragmentando e acordam cansados – diferente de quando o sono é reparador -, e tendem a ter dificuldades de voltar a dormir durante à noite.
O hormônio é um indutor do sono para alívio da insônia ocasional, ajusta o ritmo circadiano e alivia quadros temporários de insônia.C
ONTRAINDICAÇÕES
É importante frisar que mesmo que o indivíduo se encaixe nas indicações deve buscar um profissional de saúde habilitado para recomendar o uso, e o mesmo não deve ser administrado por conta própria.
A lista de benefícios deste suplemento é extensa, mas como a maioria das suplementações é necessário avaliar as contraindicações, pois apesar do viés de um sono de qualidade ser atrativo para a maioria da população adulta, a maioria dos suplementos pode ter contraindicações.
O uso é contraindicado para gestantes e lactantes, hipertensos, diabéticos, portadores de doenças cardiovasculares e indivíduos que precisam dirigir veículos e/ou operar máquinas.
Em países como o Chile o uso é contraindicado para crianças, por sua vez nos EUA são produzidas a sleep candy voltadas para o público infantil. Portanto, nota-se que existem controvérsias quanto a recomendação do público para consumo do suplemento. Nos EUA a venda é autorizada, dessa forma, existem diferentes formas e apresentações do suplemento.
No Brasil, grande parte dos consumidores ainda desconhecem a substância, mas com a liberação pela ANVISA esse número tende a crescer.
Em entrevista para o Eu Atleta da Globo, a Dra. Valéria Goulart, médica do esporte, ressaltou: ‘’A melatonina é produzida pelo nosso corpo. Não é tóxica. Existe a sintética, mas temos que tomar cuidado com a ingestão sem ordem médica. Pode-se conseguir em farmácia de manipulação, porém, mediante receita médica. A ANVISA condicionou isso, mas o médico precisa informar qual é a quantidade adequada para cada pessoa. O excesso da melatonina pode trazer riscos e haver efeitos colaterais.’’
É importante ressaltar que a melatonina não deixa de ser um suplemento e como qualquer outro deve ser inserido na alimentação caso necessário.
Compartilhem o texto com os colegas de profissão que possam se interessar pelo assunto e para disseminarmos informação sobre os benefícios e riscos desta substância.