ESG e IA no entorno da indústria de alimentos
Ambos os temas estiveram em pauta durante conferências realizadas no NIS com palestras lideradas por executivas com cases nestes segmentos
Conectada aos conceitos que têm ditado o rumo dos negócios e do comportamento no ambiente corporativo, a indústria de alimentos está atenta às possibilidades que as práticas ESG (Governança ambiental, social e corporativa) e a IA (Inteligência Artificial) têm a oferecer para o setor. Ambos os temas estiveram em pauta durante conferências realizadas no segundo e último dia do NIS 2023 (Nutri Ingredients Summit), realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP), entre 30 e 31 de maio.
Elementos que podem ser aproveitados para tentar chegar a uma resposta sobre “para onde queremos ir?”, quando o assunto é ESG na produção de alimentos, foram apresentados por Cris Leonhardt, que é especialista em Marketing & Inovação, fundadora da Sra. Inovadeira e CEO da Manbu. Os pilares de governança ambiental, social e corporativa, ela reforça, não são “só olhar para a natureza”. “Tudo tem que caminhar junto”, destaca.
O processo de industrialização permitiu maior acesso aos alimentos, mas nos quesitos saúde e meio ambiente os dados que o setor emitem são de alerta, como em relação a impactos ambientais e doenças crônicas. Para Cris, a indústria deve olhar para a diversificação e diminuir a pressão em cima de recursos.
A apresentação dela mostrou de que 6 mil plantas comestíveis, apenas 200 tem produção em larga escala. Destas, somente nove representam 66% da produção de alimentos – entre elas estão milho, soja, trigo e arroz. Parte do efeito disso é a maior utilização de agrotóxicos.
A executiva também lançou mão do argumento de que crescer é diferente de prosperar e que o conceito de design thinking pode não ser o ideal na perspectiva de ESG na indústria de alimentos. “Temos que colocar o planeta no centro e não o usuário”. Essa ideia também passa por reforçar a economia circular e priorizar produtos que sejam duráveis.
Aproveitamento de IA para desenvolvimento de produtos
O case de IA apresentado no NIS atende pelo nome de Giuseppe, utilizado pela NotCo. Trata-se de um super banco de dados que roda num software a fim de oferecer soluções para o desenvolvimento de produtos, segundo a engenheira de alimentos e diretora de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa, Cynthia Pereira. A ferramenta dá dicas de formulações para imitar produtos de origem animal, por exemplo.
“Ele ajuda a olhar para ingredientes que, enquanto engenheira, jamais pensaria. Isso porque ele analisa moléculas que possam replicar o que se quer. Por exemplo, o software sugere usar abacaxi para replicar um sabor lácteo. Cabe ao time de P&D descobrir se é abacaxi em suco, extrato, pó, in natura, em qual concentração”, demonstrou Cynthia, a respeito dos usos da IA na rotina da NotCo.
Com a capacidade de filtrar as características que desejadas em um produto, o Giuseppe otimiza e agiliza o processo de criação, além de acelerar o clássico formato de tentativa e erro. O nome dado à IA da marca teve como inspiração o pintor italiano que fazia quadros com vegetais.