Cerveja sem álcool cresce mais de 200% no Brasil

O consumo de cerveja sem álcool no Brasil disparou 228% entre 2020 e 2023, passando de 197,8 milhões para 649,9 milhões de litros, segundo a Euromonitor. O avanço consolida uma mudança no comportamento do consumidor e impulsiona a movimentação da indústria.
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A tendência se reflete nas estratégias das grandes cervejarias. A Ambev registrou crescimento de 20% nesse segmento em 2024, com destaque para marcas como Budweiser Zero e Corona Cero. Já a AB Inbev viu a receita com bebidas não alcoólicas crescer 23% no ano passado, com aumento de 125% só da Corona Cero.
A Heineken, que lançou a versão 0.0 em 2017, hoje distribui o produto em 117 países. No Brasil, o volume da Heineken 0.0 cresceu 10% em 2024, superando o desempenho da versão com álcool. A empresa atribui esse resultado à maior busca por equilíbrio entre prazer e bem-estar.
Apesar do crescimento acelerado, a categoria ainda representa apenas 1,2% do volume total de cerveja consumido no país. A distribuição limitada e a oferta reduzida em bares e supermercados seguem como desafios para expansão.
Segundo o Sindicerv, a evolução da categoria foi possível graças a avanços tecnológicos que melhoraram a qualidade sensorial das cervejas zero, com processos como destilação a vácuo e filtração por membranas.
Além da preocupação com a saúde, o movimento ganhou força após a pandemia, especialmente entre os consumidores mais jovens. A Nielsen aponta que a cerveja sem álcool cresce três vezes mais rápido do que a convencional.
A demanda também impulsiona pequenos players. A Nib Bebidas, por exemplo, faturou R$ 15 milhões em 2024 com foco em produtos de baixo teor alcoólico, como os “bitters”, usados em receitas que resultam em bebidas com menos de 1% de álcool.
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A expectativa do setor é que o segmento cresça até cinco vezes mais rápido do que o de cervejas tradicionais até 2028. Para especialistas, trata-se de uma mudança estrutural no mercado, e não apenas de uma moda passageira.
Fonte: Valor Econômico
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