Fungo transforma resíduos alimentares em comida nutritiva
O fungo Neurospora intermedia, pesquisado pela Universidade da Califórnia, tem o potencial de transformar resíduos alimentares em alimentos, segundo estudo publicado em 29 de agosto na Nature Microbiology. O fungo, que não produz toxinas prejudiciais, fermenta restos de grãos e leguminosas, gerando alimentos seguros e nutritivos. A pesquisa baseou-se na fermentação do oncom, um prato tradicional da Indonésia.
Novo cálculo de validade pode reduzir desperdício de alimentos
O oncom, originário da ilha de Java, é feito com subprodutos como polpa de soja e resíduos de óleo de amendoim, coco ou mandioca. A fermentação dura de 36 a 48 horas, resultando em um alimento com alto teor proteico. A versão vermelha do oncom, fermentada principalmente pelo Neurospora intermedia, foi escolhida pelos pesquisadores por sua consistência e ausência de toxinas.
O estudo mostrou que o fungo decompõe celulose e pectina, liberando açúcares e transformando resíduos vegetais em alimentos nutritivos. Experimentos com 30 tipos de resíduos, como bagaços de frutas e vegetais, demonstraram a eficácia do fungo em quase todos os casos, sem a produção de micotoxinas.
O potencial gastronômico do Neurospora intermedia já chamou atenção de chefs renomados. O restaurante Alchemist, em Copenhague, usou o fungo para criar sobremesas fermentadas, enquanto o Blue Hill at Stone Barns, em Nova York, desenvolveu um pão de arroz com sabor de queijo cheddar.
IA pode ser aliada contra o desperdício de alimentos
A reutilização de resíduos alimentares é vista como uma solução para a crise global de desperdício de alimentos. Em 2022, 1,05 bilhão de toneladas de alimentos foram descartadas, conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A pesquisa destaca a relevância de alternativas sustentáveis, especialmente em um mundo onde 733 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023.
Fonte: Nexo
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