Conheça 6 erros que marcaram a indústria de alimentos

Na indústria de alimentos, lançar um novo produto sempre envolve riscos. Mesmo com planejamento detalhado, análise de tendências e investimento em inovação, cerca de 75% dos lançamentos saem do mercado em menos de um ano, segundo estimativas do setor. Os motivos variam: erros estratégicos, falhas de leitura de mercado ou excesso de expectativa em relação a tendências globais.
Embora muitas dessas iniciativas não ganhem visibilidade pública, os fracassos deixam aprendizados valiosos — inclusive para empresas consolidadas. A seguir, relembramos seis casos emblemáticos que ajudam a entender os desafios e ajustes necessários no desenvolvimento de produtos alimentícios.
1. Nova Coca-Cola: quando os grupos de foco falham
Em 1985, a Coca-Cola decidiu alterar sua fórmula original e lançar a New Coke, baseada em testes que indicavam preferência por sabores mais doces. O problema: os consumidores não queriam uma nova fórmula, mas sim manter o sabor tradicional, que já fazia parte do imaginário coletivo. O produto foi retirado do mercado em menos de três meses, e a versão original voltou sob o nome Coca-Cola Classic. A empresa percebeu que marca e memória afetiva pesam tanto quanto sabor.
Coca-Cola testa nova sacola de papel para delivery
2. McRib: um erro que virou estratégia de escassez
Lançado no início dos anos 1980, o McRib teve vendas fracas e foi descontinuado. Porém, a demanda por seu retorno levou o McDonald’s a reintroduzi-lo com uma abordagem inusitada: posicioná-lo como produto sazonal em “turnês de despedida”. A escassez planejada passou a gerar expectativa e reforçou o apelo nostálgico — uma reviravolta que transformou um erro em modelo de marketing para lançamentos pontuais.
3. O trio de latas de atum da Calvo nasceu por engano
A tradicional embalagem com três latas de atum empilhadas surgiu de forma acidental, como contou Luis Calvo, da Nauterra. Seu pai, ao visitar uma feira de máquinas na Itália, viu um equipamento de embalagem para garrafas de cerveja e decidiu adaptá-lo para conservas. A ideia deu tão certo que padronizou o formato no setor, tornando o pack triplo — e, hoje, até o de seis unidades — mais relevante que as latas individuais.
4. Dulcesol e a aposta nas algas que não prosperou
Em 2015, o grupo espanhol Vicky Foods lançou a linha Dulcesol Innova com produtos contendo clorela, microalga rica em proteínas e antioxidantes. Mesmo alinhado às tendências de saudabilidade, o portfólio foi retirado do mercado em poucos anos por baixa demanda e aceitação limitada. Segundo a empresa, a experiência reforçou a importância de equilibrar ousadia com pesquisa de mercado aprofundada.
5. Beyond Meat e o desafio da expectativa global
A norte-americana Beyond Meat simbolizou, por um tempo, a promessa da carne vegetal como revolução alimentar. Com forte apelo ambiental, a empresa chegou a atingir uma capitalização de mercado de US$ 14 bilhões. Mas, na prática, o produto não entregou o sabor esperado, os preços eram elevados e as vendas decepcionaram. A empresa teve que reduzir custos e readequar-se ao status de nicho, distanciando-se da imagem de “marca do futuro”.
6. Nutriscore: da solução visual ao descrédito
Lançado na Europa como um sistema simplificado de rotulagem nutricional, o Nutriscore utilizava letras e cores para indicar o quão saudável era um produto. O problema: a classificação podia ser manipulada, bastando ajustes pontuais na composição. Empresas como Danone e Nestlé aderiram ao sistema inicialmente, mas começaram a abandoná-lo nos últimos anos. Para ambas, o Nutriscore acabou penalizando produtos de forma desproporcional, gerando mais críticas do que benefícios.
Inovações e sustentabilidade marcam mercado de ovos
Esses exemplos mostram que, mesmo em empresas consolidadas, erros fazem parte do processo de inovação. Eles revelam também a importância de entender o comportamento do consumidor além das tendências e de realizar testes com base em contextos locais. Para quem atua no desenvolvimento de alimentos e bebidas, analisar essas histórias pode ser o primeiro passo para evitar tropeços semelhantes.
Fonte: Marketeer
Foto de Louis Hansel na Unsplash