Indústria de alimentos e bebidas investirá R$ 120 bi até 2026
A indústria de alimentos e bebidas no Brasil está se preparando para um investimento massivo de R$ 120 bilhões até 2026. Esse movimento, impulsionado pela necessidade de modernização e pelo aquecimento do consumo após a retomada econômica pós-Covid-19, foi revelado em um mapeamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
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Entre as empresas que lideram esses investimentos estão as gigantes brasileiras JBS e BRF, além das multinacionais Nestlé, Unilever, Mondelez, General Mills e Kellanova. A Coca-Cola e outras grandes produtoras agrícolas, como Cargill, Bunge e Coama Alimentos, também estão ampliando suas operações no país.
Nestlé lidera investimentos com plano histórico
A Nestlé anunciou um investimento recorde de R$ 7 bilhões até 2026, o maior já realizado pela companhia no Brasil. Gustavo Bastos, vice-presidente de Jurídico & Assuntos Públicos da Nestlé no Brasil, destacou que o país se consolidou como o terceiro maior mercado da empresa no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Entre os projetos da Nestlé, estão a construção de uma fábrica de ração para animais domésticos da marca Purina, em Santa Catarina, e a expansão das unidades de chocolates em Caçapava (SP) e de cafés em Araras (SP).
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Expansão da Kellanova e aposta no nordeste
A Kellanova, responsável pela marca Pringle’s e recentemente adquirida pela Mars, também está em processo de expansão. A empresa investiu R$ 250 milhões em 2023 para ampliar a linha de produção da Pringle’s em Santa Catarina, que agora é uma das três maiores fábricas da Kellanova no mundo. Em 2024, a empresa focará na ampliação da distribuição no Nordeste, aumentando os pontos de venda de 7 mil para 25 mil.
PepsiCo investirá em inovação no Brasil
A PepsiCo, dona de marcas como Doritos e Ruffles, investiu R$ 1,2 bilhão no Brasil no último ano e anunciou a instalação de uma unidade de seu hub de inovação, PepsiCo Labs, no país. Esse investimento faz parte de uma estratégia para liderar projetos de inovação na América Latina, aproveitando o potencial do mercado brasileiro, que, segundo Alex Carreteiro, presidente da PepsiCo no Brasil, é movido à inovação.
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Aquecimento do mercado justifica investimentos
Analistas e executivos do setor apontam que o aquecimento da demanda por alimentos e bebidas justifica os investimentos, mesmo diante de um crescimento econômico modesto de cerca de 2% ao ano. Além do consumo interno, as exportações para países emergentes têm sido um fator de estímulo.
Dados da Abia mostram que as exportações de alimentos industrializados cresceram 51,8% em volume entre 2019 e 2023. A indústria de alimentos e bebidas, que emprega 2 milhões de pessoas e exporta para 190 países, está se beneficiando de uma retomada econômica que, embora ainda enfrente desafios, mostra sinais de recuperação.
Desafios estruturais permanecem
Apesar do otimismo, a indústria brasileira ainda enfrenta desafios estruturais. Em maio de 2024, o nível da produção industrial estava 14,3% abaixo do máximo registrado em 2011. Especialistas alertam que, para garantir a sustentabilidade desse crescimento, será necessário aumentar a competitividade e a produtividade da indústria nacional, especialmente no segmento de alimentos e bebidas.
A economia relativamente fechada e a falta de incentivos à competitividade continuam sendo obstáculos, mas o setor de alimentos, por se concentrar em bens não duráveis, está melhor posicionado para aproveitar as oportunidades no curto prazo.
Fonte: O Globo
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