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Bebidas em lata ganham força e transformam o consumo no Brasil

As bebidas em lata deixaram de ser uma curiosidade de prateleira para se tornarem protagonistas no mercado brasileiro. O formato, antes restrito à indústria de cervejas e refrigerantes, hoje impulsiona o segmento de drinques prontos para beber (RTD – Ready to Drink) e movimenta milhões de reais com base em conveniência, qualidade e novas experiências de consumo.

Mercado de bebidas prontas acelera no Brasil

Segundo dados da Nielsen Scantrack, a categoria de bebidas prontas cresceu mais de 60% no Brasil nos últimos anos. No cenário global, a consultoria IWSR projeta que o mercado de RTDs deve alcançar US$ 40 bilhões até 2027, consolidando o formato como uma das principais tendências do setor de bebidas.

BH como polo de inovação

Em Belo Horizonte, marcas locais ajudaram a redefinir esse mercado. A Equilibrista, pioneira em drinques em pote, migrou para as latas sleek de 355 ml e popularizou a proposta em todo o país. “Fomos a primeira empresa de BH a apostar nesse formato. Depois disso, o mercado acompanhou”, conta Guilherme Drager, sócio da marca.

O Gingibre, lançado inicialmente em barril e depois em lata, foi um dos marcos dessa virada. Produzido com gin e gengibre, o drinque conquistou bares, supermercados e eventos, ao lado do também mineiro Xeque Mate, à base de mate, rum e limão. A combinação entre os dois — apelidada de Ménage Mineiro — virou símbolo da criatividade e da força regional desse segmento.

Padronização e conveniência

Para Drager, a popularidade das bebidas em lata vem da soma entre praticidade, padronização de sabor e custo acessível. “Além da conveniência, os produtos costumam ter menos calorias que a cerveja e teor alcoólico ligeiramente mais alto”, explica. O formato leve, com menor risco de quebra, também reduz custos logísticos e amplia o alcance nacional.

O reflexo aparece nas vendas: “No Carnaval de 2025, os estoques acabaram antes do previsto. Para 2026, projetamos crescimento de 600%”, afirma Drager.

Qualidade e familiaridade

Outro nome forte é a Stone Light, que ultrapassou R$ 1 milhão em faturamento apenas no último Carnaval. Para o fundador Ramon Santos, o sucesso está na evolução sensorial e na transparência das formulações. “Optamos por usar destilados reais — whisky, rum, gin e vodka — e não álcool neutro. Isso garante autenticidade e confiança”, destaca.

A marca aposta em versões de Pink Lemonade, Tropical Gin, Mojito e Whisky Sour, equilibrando familiaridade e inovação. “O desafio é manter o frescor e o equilíbrio do sabor mesmo após o envase”, completa Santos.

Tendências e sustentabilidade

De olho no futuro, Santos aponta três caminhos: ingredientes naturais, menos açúcar e sabores inusitados. “O consumidor quer transparência, mas o desafio é conciliar isso com o aumento dos custos de produção”, observa.

A diversidade de rótulos e o design das embalagens tornam o formato ainda mais democrático — presente tanto nos grandes centros quanto em comércios do interior. A penetração entre os jovens também é destaque: eles valorizam praticidade, portabilidade e estilo de consumo rápido.

Cachaça em alta e novos formatos

Outro movimento em expansão é o protagonismo da cachaça nas bebidas prontas. Marcas como Xá de Cana e Jambrunão têm aproximado o destilado do público jovem, com mixologias leves e teores alcoólicos reduzidos.

A Xá de Cana, fundada por Sthella Gomes Lima, vendeu 200 mil latas no primeiro trimestre de 2025 e inaugurou um ponto físico no Mercado Central de Belo Horizonte. “Queremos oferecer experiências além da bebida — degustações, produtos exclusivos e encontros que conectam com o público”, afirma Sthella. Para ela, Belo Horizonte se tornou “a capital brasileira dos drinques prontos”.

Lata resfria bebida em 90 segundos sem energia elétrica

Bebidas em lata: como escolher

Com o avanço do setor, também cresce a importância de escolhas conscientes. Nem toda bebida em lata oferece qualidade. É essencial observar o rótulo:

  • Verifique se o produto usa destilados reais (gin, rum, cachaça) ou apenas “bebida alcoólica mista”;
  • Prefira formulações com fruta natural e lista de ingredientes curta;
  • Desconfie de cores intensas — podem indicar excesso de corantes;
  • Cuidado com teor alcoólico mascarado por excesso de açúcar.

A nova geração de bebidas em lata mostra que inovação, conveniência e autenticidade podem andar juntas — e que o Brasil, especialmente Minas Gerais, já ocupa papel central nesse mercado em plena expansão.

Fonte: Revista Encontro
Imagem: Reprodução

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